quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sexy e Marginal (Boxcar Bertha, 1972), de Martin Scorsese
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O maior problema que eu tinha com esse filme era a tendência um tanto didática de inserir o comunismo como impulso maior para a execução dos pequenos crimes cometidos pela trupe (como o filme se passa na época da Grande Depressão, a associação é ainda mais fácil. Da mesma forma, não engolia o final Jesus Cristo do personagem de David Carradine, problema subordinado ao didatismo. Problemas menores depois da revisão de ontem. Sexy e Marginal me pareceu o filme mais convencional do diretor, mais distante dos maneirismos de seus filmes posteriores. Também me pareceu ser o mais engraçado, no sentido de dar risadas mesmo (com Depois de Horas sendo o mais deliciosamente engraçado - aquele sorriso de cumplicidade no canto da boca). John Carradine é o maior responsável pela graça do filme, com piadas sutis como a de insinuar um pedido a FDR, e depois deixar claro que era uma brincadeira com o seu secretário. É um filme tateante, com medo de ir fundo em certas coisas. A intenção é manter tudo na superfície, como fica claro já na primeira parte do filme, antes do reencontro de Bertha (Barbara Hershey) com Bill Shelly (David Carradine, que depois faria um outro Bill). E o filme se sai bem na maior parte do tempo sendo uma diversão ligeira, com interessantes piscadelas para a história dos EUA.