domingo, 30 de dezembro de 2007


Comentários sobre alguns filmes vistos recentemente em casa.

Strip Search (2004-versão de 56 min.) - Sidney Lumet * * *

Dois interrogatórios. Um na China, outro nos EUA. Situação espelhada que às vezes irrita pela obviedade, e não é totalmente necessária para que Lumet seja realmente incisivo. A fala do professor no início do filme - que é repetida no final - me parece atingir o alvo muito mais em cheio. Mas as seqüências dos interrogatórios são realmente surpreendentes. E a entrega de Maggie Gyllenhall é muito boa de se ver.

Além do Azul Selvagem (2005) - Werner Herzog * * *

Premissa bem doida, que Herzog nem sempre leva às últimas conseqüências. Entendo que a intenção era fazer uma mescla do documentário mais careta e institucional com uma ficção tresloucada que se disfarça desse mesmo documentário careta, mas em alguns momentos o filme fica comportado demais, pendendo para o didatismo. Os vinte primeiros minutos são um primor.

O Albergue (2005) - Eli Roth * *

Muito bem filmado, com uma escolha de elenco competente e a eterna molecagem masculina valendo um bom número de belos planos. Patina um pouco na metade final, quando soluções toscas vêm para fazer com que a narrativa ande (penso sobretudo no mais inteligente dos personagens caindo feito patinho na armadilha, ou no diálogo com o cliente doidão em inglês - essa eterna mania de esperar que o espectador esqueça que eles estão na Eslováquia).

Fantasma (2006) - Lisandro Alonso *

Cinema fetichista e egocêntrico. O filme não me diz nada, ao contrário de Los Muertos, que não me diz muita coisa, mas ao menos faz com que eu queira seguir o trabalho do Alonso, irmão bastardo de Sharunas Bartas (outro que já esteve sob suspeita), cujo A Casa, se não me falha a memória, lembra um pouco este Fantasma). Nem os comentários de espectadores revoltados por terem gastado dinheiro com o que, segundo eles, é uma "perda de tempo", me fizeram simpatizar um pouco mais com o filme.

- obs: talvez este seja o último post do ano, e o último com comments. Espero que continuem me visitando em 2008.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

http://movies.groups.yahoo.com/group/a_film_by/messages/47088?threaded=1&m=e&var=1&tidx=1

é por causa de discussões interessantíssimas como essa que eu lamento não ter paciência para acompanhar a lista A Film By mais constantemente.

Deu vontade de rever vários Lumets, mesmo bobagens como The Wiz ou Equus, e de descobrir os que eu nunca vi.

E, claro, rever vários Cukors... mas isso é sempre necessário, não é mesmo?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Meu post natalino.

quem não gosta de Werner Herzog... (em homenagem ao belo O Sobrevivente, em cartaz nos cinemas brasileiros)

Hercules (curta) (1962) * *
Sinais de Vida (1968) * * * *
Também os Anões Começaram Pequenos (1970) * * * *
Fata Morgana (1971) * * * *
Land of Silence and Darkness (1971) * * *
Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972) * * * * *
O Enigma de Kaspar Hauser (1974) * * * *
Coração de Cristal (1976) * * * * *
Stroszek (1977) * * * *
Woyzeck (1978) * *
Nosferatu (1979) * * * *
Fitzcarraldo (1982) * * * *
No Coração da Montanha (1991) * * *
Lições da Escuridão (1992) * * * *
A Rússia Vista por... (ep: Sinos do Abismo) - p/TV (1992) * * *
Meu Melhor Inimigo (1999) * * *
Invencível (2001) *
Ten Minutes Older - Trumpet (ep: Ten Thousand Years Old) (2002) *
O Homem Urso (2005) * *
O Sobrevivente (2006) * * * *

terça-feira, 18 de dezembro de 2007


Por uma dessas coincidências cinefílicas tava preparado para ver Kingpin (dos Farrelly) no DVD, mas, na sala, resquício de TV a cabo, tava começando Um Maluco no Golfe (Happy Gilmore), do Dennis Dugan ou do Adam Sandler, tanto faz. Ver os dois no mesmo dia é engraçado. Ambos têm desportistas que eram muito bons até perderem uma das mãos. Ambos têm antagonistas nojentos de tão genialmente arrogantes e exibicionistas (principalmente o Bill Murray de cabelo desmantelado em Kingpin). Ambos tem finais espalhafatosos, sendo que o de Sandler/Dugan é um final feliz mais diretamente clássico, o dos irmãos Farrelly tem um final enviezadamente feliz, como eles tão bem sabem fazer. Os dois são de 1996, para encerrar.
O filme de Dugan mostra uma clara evolução em relação a O Pestinha (o filme anterior que eu vi dele), mas é meia boca. O dos irmãos Farrelly está entre os menores da carreira dos irmãos, mas é bem bom. E sinceramente, me estranha que não reclamaram da personagem da dona do quarto, pintada com tintas muito mais depreciativas do que as que coloriram a mulher de Antes Só do Que Mal Casado. Não lembro de terem reclamado. Eu fiquei um pouco constrangido, e os irmãos são mestres em provocar esse constrangimento, mas talvez em Kingpin eles tenham passado um pouquinho do limite. Noves fora, sei lá.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007


Paisà #10 sai da gráfica amanhã. Assinantes devem receber a partir de sexta-feira. Nas bancas de Sampa a partir de quinta-feira. No Rio a partir de terça-feira. Belo Horizonte e Porto Alegre devem receber na semana que vem.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Preparando o leitor para a Paisà que vem aí.

TOP 10 Gus Van Sant:

1) Elefante

2) Mala Noche

3) Últimos Dias

4) Paranoid Park

5) Garotos de Programa

6) Drugstore Cowboy

7) Gênio Indomável

8) Psicose

9) Gerry

10) Um Sonho Sem Limites

* obs: não curto muito os dois últimos, e os dois primeiros são obras-primas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Estava rondando post antigos à procura de algumas palavras sobre Paul Verhoeven e me deparei com esta defesa apaixonada de um dos filmes de Billy Wilder. É de agosto de 2004, muito antes de eu saber que um dia teria uma revista impressa de cinema chamada Paisà. Criei o blog como um laboratório onde seriam esboçadas idéias que seriam ou não aproveitadas em textos futuros. A intenção era praticar a escrita, para escrever mais para a Contracampo. Segue a defesa de 2004:

Testemunha de Acusação (1958) – Billy Wilder

Increditável como Wilder subverte o que deveria ser um filme de tribunal, mas acaba sendo uma ode ao romance da terceira idade. O par romântico central é na verdade o advogado que acaba de sair do coma e sua enfermeira (Charles Laughton e Elsa Lanchester), e passa o filme se maldizendo. Mas no último e genial plano, saem abraçados do tribunal. Tyrone Power, o astro, passa o filme inteiro como corno manso, e depois revela-se como o mais mau-caráter. Dietrich (que não gostou de trabalhar com Wilder) começa como a sacana e termina como a passional injustiçada. Wilder subverteu até o whodonit habitual de Agatha Christie. Criou contra planos que renegam, ao mesmo tempo em que fingem enaltecer, o engenhoso estilo da escritora. Exemplo máximo nas cenas entre os advogados no escritório, todos vulneráveis (principalmente Laughton) à inspeção mental da câmera. Wilder se apega aos detalhes, mas separa-os da caracterização positiva que Agatha Christie usualmente fazia do personagem, para alçá-los como excentricidade pura e simples, sem que isso queira dizer habilidade de raciocínio (como o Laughton brincando com as pílulas). É o jogar xadrez como exercício para melhor jogar xadrez. E o que é aquele plano com a estátua da justiça em obras? Parece ter sido um delicioso acaso. Havia o perigo de tornar desinteressantes as cenas em que Laughton não estivessem, mas isso não aconteceu. A maestria de Wilder (que tinha uma enorme noção de enquadramento e de onde colocar a câmera, ao contrário do que muita gente pensa) consiste também no corte no momento certo. Ele dita o ritmo perfeitamente. E a decupagem alcança o sublime nas cenas do tribunal. Principalmente quando a câmera focaliza a enfermeira, ou quando está atrás do juiz, ou atrás da testemunha da vez. É aí que fica claro do que o filme trata. Poucas vezes um amor que que tem medo de aflorar, apesar das evidências, foi tão bem captado por uma câmera.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Não foi só pela expectativa baixa, mas Antes Só do Que Mal Casado, de Peter e Bobby Farrelly, é bem melhor do que andaram dizendo por aí. É inegável o domínio de cena deles, do uso do espaço, e eles tão filmando em scope de maneira exemplar. Não que fique uma coisa muito atirada: "oh, vamos jogar com as possibilidades do formato". Eles simplesmente preenchem esse espaço, sem muito alarde. O filme tem uns tempos bem esquisitos, e daí deriva uma impressão que eles não sabiam muito o que queriam, que é falsa. Pode ser até um filme tortuoso, com alguns momentos em que parece apenas bater ponto - quase todos os que Stiller tenta algum diálogo com a esposa, depois de já ter se apaixonado pela sulista graciosa - , e outros francamente repulsivos (carne e líquidos saindo do nariz da esposa, bolhas explodindo em seu braço...). Mas é um belo filme tortuoso, com um Stiller inspirado - e sua eventual piada hispânica, contrabandeada da frat pack. E o final, pelo amor dos meus filhinhos, é espetacular. É de cortar o coração, e aponta para uma transgressão do próprio cinema deles, e em especial de Amor em Jogo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Profissão: Mulher (1982), de Claudio Cunha, pretende investigar esse ser estranho e complexo, fascinante e misterioso na mesma medida. Termina fazendo uma categorização de arquétipos femininos que se dão mal com homens. Não sei se o tiro não saiu pela culatra. De qualquer forma, é um filme bem digno, apesar de estar longe da transgressão de Amada Amante ou de Snuff - Vítimas do Prazer. A cena em que Patrícia Scalvi depila a perna da Simone Carvalho, numa banheira, é de uma beleza incrível, e é inesquecível para nós, homens.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007



Que grande filme é Zoo, de Robinson Devor. Grande pela maneira como cerca o relato, circularmente, e como se coloca aos poucos, sempre junto das descobertas da zoofilia, que virou crime no estado de Washington - capital, Seattle, após um caso de morte de um dos seus praticantes. Altamente recomendado.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

- Nova atualização do site da Paisà. Confiram em http://www.revistapaisa.com.br/

Tópicos ensandecidos em ordem crescente. Ou, como a umidade de Manaus queima neurônios.

- Os filmes aqui em Manaus estão surpreendendo. Subestimei a Marion Hansel - e seu filme Si le Vent Soulève les Sables - durante a mostra, mesmo gostando de dois filmes anteriores dela: Entre o Céu e o Mar Azul Profundo e A Pedreira. Não dava nada por um filme australiano que até agora é meu preferido do evento: Lucky Miles. E ainda deixei para rever a obra-prima Cão Sem Dono na mostra de filmes brasileiros que o Cinesesc sempre faz em dezembro porque a cadeira do belíssimo teatro Amazonas dá dor no traseiro (mas de tão dura impede que a gente durma, o que não deixa de ser uma vantagem). Até o Jean-Jacques Annaud me surpreendeu com um filme que, se está longe de ser bom, também não pode ser acusado de ruim. E nem é daqueles que ficam no meio, e são insuportáveis.

- Ontem, numa festa na praia do Rio Negro - a 50 quilometros ao norte de Manaus, uma imagem inesquecível: a belíssima atriz italiana Caterina Murino dançando ao som de Novos Baianos. Para se olhar à distância, como um voyeur, como um cinéfilo. Ela não deve ser de carne e osso mesmo. É miragem causada pelo calor e pela umidade. O rambo do Amazonas dançando com a chinesa maluca também foi inesquecível, pelo que teve de cômico. Na seara da disputa folclórica que rola aqui, entre os bois Caprichoso e Garantido, fico com o segundo, pela graciosidade de sua sinhazinha - e sua heróica apresentação debaixo de um vestido armado e gigantesco.

- Hoje, descobri que Cajá é Taperebá em Manaus (tinha escrito Tapebaré, mas um amigo aqui da sala de imprensa me corrigiu). O sorvete disso é inesquecível. Numa combinação com o de tangerina, fica algo de outro mundo. Espero que não derreta no frigobar do hotel. E a pizza daqui é incrívelmente boa. Os amigos cariocas iriam continuar dizendo que a deles é melhor, e o médico deles pediu pra não contrariar.

- Estou pensando em retirar os comments deste blog. É que para mudar para o template que mais me agradou, eu teria que abdicar do Haloscan, o que me deu a idéia de não entrar para o sistema de comentários do blogger (que não me agrada muito). Devo perder alguns leitores, mas há uns três meses (quando tentei mudar o template) penso que eles são supérfluos. Divertidos, e tudo mais, mas não acrescentam muito (e não estou falando de ninguém em especial, os meus também são assim). Continuar a ler comments que não acrescentam muito a um post como este, que também não acrescenta muito (eu diria até que não acrescente nada), é algo que só faz perder tempo de leituras mais interessantes. as leituras de blog tomariam menos tempo sem essa febre de comentários para marcar presença (mais uma vez, também faço isso, e isso é algo que já penso há um tempo, não tem nada a ver com os últimos comments, mesmo porque são de um ídolo meu - simultaneamente a um enfado com este blog, uma vontade de não mais ter um blog). Perdi um amor há três meses, por que não perder comments deste blog? Sei lá, quem encontrar um sentido em tudo isto (e eu digo ISTO), é um herói.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Os filmes que vi de John Boorman (convidado do 4º Amazonas Film Festival), e subestimado - às vezes por mim mesmo:

À Queima Roupa (1967) * * * *
Inferno no Pacífico (1968) * * *
Amargo Pesadelo (1972) * * *
Zardoz (1973) * *
O Exorcista II - O Herege (1977) * * *
Excalibur (1981) * * *
Floresta de Esmeraldas (1985) *
Esperança e Glória (1987) * * *
Onde Está o Coração (1990) * * *
O General (1998) * * *

não vi, mas tenho em casa, para ver assim que puder:

O Alfaiate do Panamá
Em Minha Terra

vou rever durante a semana, em película:

Floresta de Esmeraldas

(mas queria rever outros tantos)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007


O pessoal da Daylight pediu pra avisar que, diferentemente do que eu havia falado num comment anterior, Sympathy for the Devil (foto), de Jean-Luc Godard, será lançado em cinema. É ou não é uma boa notícia?

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Outro aviso: a partir de amanhã estarei em Manaus, cobrindo o 4º Amazonas Film Festival. Não sei com que freqüência vou acessar a internet, mas espero que consiga fazer um post por dia no blog de festivais da Paisà.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sonhando Acordado (La Science des Rêves, 2006), de Michel Gondry, tem algumas imagens bem interessantes. E as falas suicidas de Bernal para Gainsbourg poderiam dar certo se todo o desencadeamento anterior do filme contribuisse para isso. Infelizmente, o filme beira o desastre, por alguma dessas ciências tão caras ao cinema, e nem sempre valorizadas. Uma série de más sucessões de imagens já colocam o filme para baixo com menos de meia hora de duração. E aí quase nada mais funciona. Não é surrealismo, como ouvi de mais de uma pessoa durante a Mostra. No surrealismo temos o absurdo, oriundo da imaginação ou de um sonho, invadindo a realidade. Em Sonhando Acordado não há realismo a priori, logo, não há surrealismo. Estamos desde o início num terreno puramente imaginário, e o pouco que o filme tem de contato com a realidade se dá como uma suspensão da ordem natural das coisas - que seria, segundo o filme, delirante. Pode até ser chamado de surrealismo às avessas. Poderia ter dado certo, mas cinema não é tão fácil de se fazer quanto parece, e se o diretor não tem noção do mundo fora dos videoclipes, fica ainda mais difícil. Em Brilho Eterno tínhamos a graça de Jim Carrey e o charme de Kate Winslet para ajudar. Aqui, nem Miou Miou salva. Nem Emma De Caunes.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

domingo, 4 de novembro de 2007


Blog um tanto abandonado por culpa da Mostra.




Infelizmente, queimaram o belo filme de João Canijo: Mal Nascida (foto) foi exibido apenas duas vezes, no dia 1/11 às 12:40 no HSBC Belas Artes e hoje às 13H no Cinesesc. Vi as duas vezes, sala vazia. Uma pena.


Outro deslize foi com Abel Ferrara. Go Go Tales só passou em sessões que terminariam bem depois da meia noite, dificultando a vida de quem não tem carro. A boa notícia é que o filme está comprado.


E finalmente consegui ver Paranoid Park, que está entre as melhores coisas que Gus Van Sant fez. Só perde para Elefante.

sábado, 27 de outubro de 2007

para não dizerem que eu não falei da Mostra:

- é, disparado, a Mostra mais caótica que eu acompanhei. Basicamente por dois problemas: sessões atrasadas todos os dias (e, pelo que ouço falar, em quase todas as salas) e ingressos vendidos para filmes que ainda não chegaram (não fui vítima desse tipo de incidente, mas conheço muitos que foram, especialmente nos primeiros dias).

- As sessões estão lotando depressa, o que por um lado é bom pelo sucesso de público do evento, mas por outro lado deixa uma pulga atrás da orelha, pois, com exceção dos filmes que já vieram badalados de outros festivais internacionais - especialmente Cannes e Veneza, os filmes que lotam, descubro depois, foram elogiados pela Folha. Ou seja, com um número cada vez maior de filmes exibidos, o espectador tem de recorrer ao seu veículo de confiança.

- Alguns filmes vistos que fizeram valer a pena toda a dor de cabeça passada: Vocês, os Vivos (Roy Andersson), O Homem de Londres (Béla Tarr), Lady Chatterley (Pascale Ferran), Lost Lost Lost (Jonas Mekas), Inútil (Jia Zhang-ke), Caos (Youssef Chahine e Khaled Youssef). Fora os que eu já havia visto no Festival do Rio ou em cabines de imprensa, dos quais destaco dois filmes excelentes de Jean Paul Civeyrac que não foram muito bombados pela mídia: Através da Floresta e O Doce Amor dos Homens.

- Como em todos os anos, deixo pra ver alguns filmes comprados na repescagem (geralmente eles passam de novo), pois são os que lotam, porque recebem críticas positivas, e porque a repescagem geralmente é tranquila, pois aqueles que vão pelo evento já desencanaram dele.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Três toques:

- nova atualização no site: www.revistapaisa.com.br

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- Cineclube Equipe

Programação

13h30 - Murais e livros informativos sobre o tema da sessão a disposição para leitura, exibição de cenas de filmes, curtas e entrevistas em dvd, venda de bottoms e bombonière, ao som de banda de alunos, no hall de entrada;

14h - Exibição de Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci, uma obra-prima.
15h50 - Intervalo.

16h - Exibição de Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci, outra obra-prima
18h15 - Intervalo;

18h20 - Debate com Andrea Tonacci e Carlos Reichenbach, seguido de sorteio de livros e de uma assinatura de uma revista muito charmosa que existe por aí.

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- vi trechos de uma cópia baixada de Tropa de Elite. As mudanças foram poucas em relação à versão que passa nos cinemas, mas cruciais. A subida no morro que fez com que Neto e Nascimento quisessem fazer o curso do BOPE é mais explicado na montagem que circulou nos camelôs, chegando até a ser redundante no que diz respeito ao policial Fábio (Milhem Cortaz).

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


Abriu uma nova locadora perto de casa, onde sempre funcionou outras locadoras, desde a época dos videos piratas, pré-selados (por sinal, quando vi Robocop 2 antes de estrear nos cinemas daqui). 5 filmes por 6 dias por 10 reais.

- O Preço de Uma Verdade, de Billy Ray, tem aquele senso de ritmo raro que eu já tinha visto no mais recente Quebra de Confiança. Afinal, um editor deve se preocupar primeiramente em defender os seus redatores, ou com a credibilidade do veículo para o qual trabalha? Claro que as duas coisas, a não ser que a credibilidade dependa da confiança no redator. Ray foi muito inteligente na maneira como deixa as decisões em suspenso por um tempo, deixando que o espectador também pense na melhor solução para o problema. A falsa palestra acaba se revelando um truque de roteiro que, ao contrário da maioria das vezes, possibilita essa dubiedade na empatia com os personagens. Não sabemos nunca se Hayden Christensen é um picareta do bem ou do mal, e o filme não o julga. E ficamos sabendo só no final que Peter Sarsgaard não é simplesmente um puxa-saco, mas um editor responsável, afinal. Pelo menos no filme (já que é uma história real).

- Recém Casados é de longe o pior filme do irregular Shawn Levy, e se isso não servir de aviso, o fato de eu ter ficado com raiva de Ashton Kutcher e Brittany Murphy deveria servir.

- Memórias de um Assassino, de Bong Joon-ho, é um belo policial. A direção é mais funcional do que em O Hospedeiro, mas a habilidade do diretor está na maneira como alterna métodos mais vagarosos do detetive de uma cidade pequena com a virulência e impaciência - e em alguns momentos, a perspicácia - do detetive de Seul. Os últimos vinte minutos são o ponto alto do filme, ao contrário de O Hospedeiro, que tem uma meia hora inicial perfeita, mas depois cai um pouco.

- O Confronto, de James Wong, é mais bobo e absurdo que qualquer outro com Jet Li que eu tenha visto. Mas é legal, e ainda conta com Jason Stathan - que tem um carisma que não sei de onde vem, e Carla Gugino - musa de sempre. O filme foi pensado para The Rock, que preferiu fazer O Escorpião Rei, passando a bola para Jet Li. Já imaginaram o casal The Rock - Gugino? Não, aí teria que ser outra atriz. O que certamente me decepcionou no filme são as cenas de luta.

- Fibra de Valente, de Phil Karlson, passava na TV aberta, quase com certeza naquelas sessões do SBT, legendadas e dubladas ao mesmo tempo. Lembro de alguns trechos, mas não o vi inteiro. Trata-se de um filme seco, violento, que lembra um pouco Marcas da Violência. Quando o porrete não resolve, entra o revolver. Mas o porrete não será esquecido. Um belo filme, valorizado pela interpretação de Jon Don Baker e pela direção econômica de Karlson. A imagem do DVD da Ocean é horrível, com alternâncias de cores e em tela cheia. Mas é open frame, ou seja, vemos toda a área captada pela câmera, sem a janela de correção, o que garante a aparição de coisas que deveriam ficar fora dos planos, como vemos na foto no alto.

sábado, 13 de outubro de 2007

Filmes vistos recentemente:

Sans Soleil - Chris Marker (1983) * * * * *
A Supremacia Bourne - Paul Greengrass (2004) * *
La Pirate - Jacques Doillon (1984) * * *
Le Pont des Arts - Eugène Green (2004) * * * * *
Les Signes - Eugène Green (2006) * * *
La Fille de 15 Ans - Jacques Doillon (1989) * * * *
Les Sièges de L'Alcazar - Luc Moullet (1989) * * * * *
Le Doux Amour des Hommes - Jean Paul Civeyrac (2002) * * * *
Fantômes - Jean Paul Civeyrac (2000) * * * *
Les Solitaires - Jean Paul Civeyrac (1999) * * *
Toutes ces Belles Promesses - Jean Paul Civeyrac (2003) * *
O Ultimato Bourne - Paul Greengrass (2007) * *
Ni d'Eve ni d'Adam - Jean Paul Civeyrac (1996) * * *
O Homem Que Desafiou o Diabo - Moacyr Goes (2007) *
O Grande Chefe - Lars Von Trier (2006) *
Possuídos - William Friedkin (2007) * *
Angela - Roberta Torre (2002) * *
Eu os Declaro Marido e Larry - Dennis Dugan (2007) * * *
À Travers la Forêt - Jean Paul Civeyrac (2006) * * * *
Valente - Neil Jordan (2007) *
O Pequeno Italiano - Andrei Kravchuk (2005) * * *
Piaf - Um Hino ao Amor - Olivier Dahan (2006) * *
Fido, O Mascote - Andrew Currie (2006) *
A Longa Viagem de Volta - John Ford (1940) * * * *
Como Era Verde Meu Vale - John Ford (1941) * * * * *
Werther - Max Ophuls (1938) * * * *
Sangue Ruim - Leos Carax (1986) * *
A Carruagem de Ouro - Jean Renoir (1953) * * * * *
Ligeiramente Grávidos - Judd Apatow (2007) * * * *
Shara - Naomi Kawase (2003) * * * * *
Nunca é Tarde para Amar - Amy Heckerling (2007) *
Moe no Suzaku - Naomi Kawase (1997) * * * * *
Letter from a Yellow Cherry Blossom - Naomi Kawase (2003) * * * *
A Noite do Demônio - Jacques Tourneur (1957) * * * * *
O Testamento de Deus - Jacques Tourneur (1957) * * * * *
Passos na Noite - Otto Preminger (1950) * * * *
Hairspray - Em Busca da Fama - Adam Shankman (2007) * * *
Chacun Son Cinéma - vários diretores (2007) *
Danação - Béla Tarr (1988) * * * *
Morte no Funeral - Frank Oz (2007) * * *
Lady Chatterley - Pascale Ferran (2006) * * * * *
Tropa de Elite - José Padilha (2007) * * * *
O Vidente - Lee Tamahori (2007) *
Pink Narcissus - James Bidgood (1971) * *
Lonesome Cowboys - Andy Warhol (1969) * * *
Tropa de Elite - José Padilha (2007) * * * *
Satantango - Béla Tarr (1994) * * * * *
Candidato Aloprado - Barry Levinson (2006) * *

obs: Tropa de Elite foi visto em película e em digital, com diferença de um dia entre um e outro. A cópia em digital me pareceu mais escura. Em uma cena de treino do BOPE, Caio Junqueira é visto na penumbra, enquanto na digital acompanhamos uns cinco segundos de breu, até ele atingir uma outra posição. Nada que comprometa a experiência de ver o filme. Aliás, o som do Arteplex se comprovou bem melhor que o do Bristol, mas acho que isso nem precisava ser comprovado. Filmaço esse Tropa de Elite. Mais na Paisà, semana que vem.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Vendo Satantango, de Béla Tarr, cineasta que usa e abusa do plano-seqüência - inclusive um no qual uma menina tortura um gato -, fiquei pensando na função prática de tal opção. Durante o Festival do Rio, na saída do novo filme de Joe Wright, Desejo e Reparação, amigos contracampistas reclamavam da segunda parte do filme, sobre a qual concordo em parte que é inferior à primeira, e do plano seqüência exibicionista da praia, que não me incomodou, pelo contrário, mas que incomodou a muitos deles (se não me engano, só o Ruy se manifestou favoravelmente a ele, no diário da redação).

Aí, no dia seguinte, encontrei um amigo muito inteligente que estava vendo um filme por dia no festival, e não se considera cinéfilo (sem que isso tenha a ver com a inteligência dele, pelamordedeus). Ele me disse que havia gostado do filme do Wright, e eu perguntei se o plano-seqüência havia o incomodado. Ele não se lembrava de ter visto um no filme, ao que eu respondi dizendo ser o da praia, quando uma steady-cam acompanha o protagonista enquanto ele observa as conseqüências de uma batalha. Ele disse que havia gostado muito dessa cena, e que se sentiu cúmplice do personagem no sentimento diante das atrocidades.

O que quero dizer é que talvez um plano-seqüência possa ser exibicionista e desnecessário para nós, críticos, viciados em reparar na linguagem do cinema, mas não para o espectador comum, que constitui 99% do público que vai ao cinema. Logo, não foi apenas exibicionismo, mas sim um importante recurso. Podemos questionar a opção por esse recurso, e a forma como ele foi usado, mas não podemos dizer que foi inútil, ou puramente gratuito. Ou até podemos, mas estaríamos numa seara completamente subjetiva. Bem diferente é a discussão que Rivette iniciou com o travelling de Kapó, de Gillo Pontecorvo, mas essa é outra história (sobre o que e como mostrar, e não sobre como situar melhor o espectador em determinada ambiência).

segunda-feira, 8 de outubro de 2007


Across the Universe, de Julie Taymor. Delicioso filme brega. Passa na Mostra SP. As versões das músicas dos Beatles vão do medíocre ao competente, mas a maneira como Taymor as insere na trama é, digamos, esperta, apesar de se render a algumas obviedades na ilustração das letras. Algumas sacadas sobre os bastidores dos discos da banda e o uso inteligente da citação de "She Loves You" no final de "All You Need Is Love" estão entre as melhores coisas do filme, que dialoga tão bem com uma beatlemania obsessiva que eu achei que ia ter até o "pega o cavaquinho" no meio do coro de "Hey Jude". Apesar das obviedades, não tocou "Dr. Robert" nem "Sexy Sadie", nomes de dois personagens. Taymor, ao contrário de mim, prefere o Lennon ao McCartney. Mas isso não prejudica o filme, e nem poderia, claro. Também me lembrei do Ragtime e Hair, ambos de Milos Forman. E acho que foi intencional da diretora provocar essas lembranças, já que não fui o único.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O transporte público no Rio melhora a cada dia. Enquanto isso, em sampa, temos que esperar, esperar, esperar, e entrar em um ônibus sujo, velho e lotado. E ninguém reclama. São Paulo está sendo destruída, e isso me deixa muito triste.

domingo, 30 de setembro de 2007

O site da Paisà finalmente foi atualizado. Culpa do nosso querido Festival do Rio.

http://www.revistapaisa.com.br/

cotações do Festival para apimentar o post:

Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase * * * * *
meu provável candidato ao prêmio Jairo Ferreira

Os Cem Pregos, de Ermanno Olmi * *
Um pouco fora de forma

Uma Velha Amante, de Catherine Breillat * *
Asia Argento com a tatuagem meio apagada

Déficit, de Gael Garcia Bernal * * *
Muito bom enquanto não pensa em criar uma história

Deserto Feliz, de Paulo Caldas *
Cheio de tiques

Curtas:

Saliva, de Esmir Filho * * * *
Muito mais do que eu esperava do diretor

Outono, de Pablo Lobato * * *
Cresce na revisão

sábado, 29 de setembro de 2007

Festival do Rio em cotações e uma pequena expressão para cada filme (perdão, mas o tempo tá curto):

Antiga Alegria, de Kelly Reichardt * * * - descaminhos

A Via Láctea, de Lina Chamie * * * - muito risco

A Etnografia da Amizade, de Ricardo Miranda * * - OK

O Nome Dela é Sabine, de Sandrine Bonnaire * * - no limite do tolerável?

O Antigo Jardim, de Im Sang-soo * * - pelo primeiro terço

Cristóvão Colombo - O Enigma, de Manoel de Oliveira * * * * - uma brincadeira

Mulher na Praia, de Hong Sang-soo * * * * - amores litorâneos

sábado, 22 de setembro de 2007


Sai segunda-feira da gráfica a nossa nona edição. Chega no Rio na quarta-feira, e para assinantes quando o Correio quiser. Estamos procurando alternativas de envio para que o assinante não seja prejudicado, mas tá difícil. Vamos torcer...
Atrações: Tarantino, Tops França (1982-2007), Téchiné, Apatow, Anjos Exterminadores, Temporada dos Festivais (Rio e SP), Os Seis Contos Morais de Rohmer, série Antoine Doinel, Bjork está de volta, o pequeno culto a Andarilho, e muito mais.
Enquanto isso, dá pra acompanhar a cobertura diária do Festival do Rio em:
Filipe, Guilherme e Chiko já estão por lá. A partir de quarta serei o quarto a colaborar para o blog. Boa leitura a todos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Duas indicações:

- No sábado, dia 22, os redatores da Paisà e da Cinética, Cléber Eduardo e Paulo Santos Lima, são os convidados para o debate no auditório do Colégio Equipe (R. Bento Frias, 223. Tel: 11 3814-2188), com o tema Nouvelle vague. Haverá exibição de Viver a Vida, de Jean-Luc Godard e sorteio de livros depois da sessão. Como sempre nos eventos do simpático Cineclube Equipe alguns livros raros estarão disponíveis para consulta.

- Quem não puder ir ao Festival do Rio, ou quem for de fora e puder vir para São Paulo, vai ter um bom motivo para não sair do cinema: a Mostra Alexander Kluge no CCBB, que começa no próximo dia 26. Não percam Despedida de Ontem e Artistas na Cúpula do Circo: Perplexos. A rigor mesmo, não dá para perder nada, por causa da importância desse diretor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A Carruagem de Ouro (1953), de Jean Renoir. E eu só o tinha visto na antiga Sala Cinemateca, versão francesa sem legendas, no começo dos anos 90, quando meu francês era ainda pior do que é hoje. É um dos melhores filmes já feitos, pai de O Sapato de Cetim e Mélo. É provavelmente o melhor filme a contar com Anna Magnani, e poderia encerrar qualquer discussão sobre as diferenças entre teatro e cinema. Porque em A Carruagem de Ouro, o cinema nasce do teatro, claramente, por trás das cortinas vermelhas. Melhor seria dizer que o cinema penetra onde o teatro não pode. O cinema revela a reação daquele que escuta, que recebe o olhar. Revela também os caminhos por onde se fazem as intrigas, e por onde elas são combatidas. Os flertes, os amantes escondidos, os pretendentes revoltados, os duelistas, o serviçal do rei... E a pergunta da personagem de Magnani, uma comediante dell'arte, ressoa até muito além do final do filme: "onde acaba o teatro e começa a vida?" Talvez seja a pergunta que nós, cinéfilos, tenhamos que fazer sempre, obviamente com a substituição de uma arte pela outra.



quarta-feira, 12 de setembro de 2007


Mais algumas notas, pra quebrar o gelo:
- Eu os Declaro Marido e... Larry, de Dennis Dugan, acaba sendo uma ode à liberdade, como bem atesta a canção do George Michael no final. As piadas grosseiras estão todas lá. Algumas são muito boas, outras são ridículas. O filme se revela muito mais do que ele mesmo parecia querer ser. Adam Sandler é a mulher do filme.

- O pior de Cidade dos Homens era o que estava no trailer. O óleo espalhado pelos corpos negros dos protagonistas, fazendo-nos lembrar que o cinema de Paulo Morelli é um cinema de publicitário, afinal. Mas o filme é bem superior ao Cidade de Deus, basicamente porque tem um diretor mais interessado em deixar que seus personagens cheguem até nós do que em brilhar com movimentos inúteis de câmera. E nem venham me falar de Scorsese, que o filme do Meirelles faz a câmera de Os Infiltrados ou O Aviador parecer pregada no chão com super-bonder.

- Angela: que diacho de filme é esse de Roberta Torre? É de 2002, mas só agora estréia. É enfadonho até não poder mais, com uma câmera que treme para se afiliar ao Dogma, mas se esquece que não é preciso tremer daquele jeito só por estar no ombro do operador. A não ser que a proposta seja ver como um bêbado capta imagens. Aí tudo bem. O que acontece é que nos últimos dez minutos o filme vira outra coisa, como se tivessem dado uma dose maciça de glicose e a diretora, movida por um jazz amalucado, resolvesse filmar bem pra dedéu, como até então o filme não dava sinal algum de ser possível. Não redime a chateação que é ver o filme inteiro, e a vontade de cair fora dali o mais rápido possível. Mas quem entrar na sala nos últimos dez minutos vai ficar com a impressão de que o filme é muito bom, no mínimo. Esses diretores estão cada vez mais esquizofrênicos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Nova atualização do site da Paisà

www.revistapaisa.com.br

O destaque da vez é Possuídos, de William Friedkin, com direito a texto sobre a obra do diretor, e uma filmografia comentada a dez mãos.

sábado, 1 de setembro de 2007

Mais filmes vistos no Festival de Curtas

The Sunshine Man - Peter Tonks (2006) *
Matar el Tiempu - Santos Hevia (2006) * *
Coup de Foudre - Vincent Primault, Heddi Tillette de Clermont Tonerre (2006) * *
Fais de Beaux Rèves - Maryline Canto (2006) * *
True Colours - Barney Elliott (2006) *
Laid Off - Zam Salim (2006) *
Adjustment - Ian Mackinnon (2006) *
Tanghi Argentini - Guido Thys (2006) * *
De Resto - Daniel Chaia (2007) * * *
Lótus - Cristiano Trein (2006) *
Self-service - Gabriel Barros (2007) * * *
Nunca Mais Vi Érica - Lizandro Nunes (2007) * *
O Retrato de Doriana Extra Cremosa com Sal - Alan Langdon (2006) * * * *
Material Bruto - Ricardo Alves Junior (2007) * * *
The Freaking Family - Soo Young Park (2006) * * *
O Diabo na Guarita - João Tenório (2007) * * *
Nunca Mais Vi Érica - Lizandro Nunes (2007) * *
Los Visitantes - Lautaro Brunatti (2006) * * *
Yellow - Semih Tareen (2006) * * *
Guy's Guide to Zombies - Daniel Austin (2006) * * * *
The Faeries of Blackheath Woods - Ciaran Foy (2006) * * *

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

18º Festival internacional de curtas-metragens de São Paulo

(obs: optei pelos nomes originais, para facilitar a quem quiser procurá-los em YouTubes e afins)

O Guru e os Guris - Jairo Ferreira (1973) * * * *
Ecos Caóticos - Jairo Ferreira (1975) * * *
O Ataque das Araras - Jairo Ferreira (1975) * * * *
Antes que Eu Me Esqueça - Jairo Ferreira (1977) * *
Horror Palace Hotel - Jairo Ferreira (1978) * * * *
Nem Verdade Nem Mentira - Jairo Ferreira (1979) * * * *
El Cuarto del Fondo - Letícia Jorge e Ana Guevara (2006) * *
El Año del Cerdo - Claudia Calderón (2007) *
Lobos de la Feria Fluvial - Ilán Stehberg (2006) * * *
Qué le Pasa a Tedy? - Achille Milone (2007) * * *
Latidos - Daniel Andreu-von Euw (2006) *
Trillizas Propaganda! - Fernando Salem (2006) * *
The Little Samurai - Lorenz Merz (2006) *
Len's Love Story - Sonia Whiteman (2007) *
Nocturne - Peter Tscherkassky (2006) * * * *
China China - João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata (2007) * * *
Le Loup Blanc - Pierre-Luc Granjon (2006) * * * *
Sexy Thing - Denie Pentecost (2006) * *
Moya Lyubov - Alexandre Petrov (2006) * * *
Sexo na Casa Branca - Ludwig von Papirus (2004) * * *
O Pasteleiro (ep de Aqui, Tarados) - David Cardoso (1980) * * * *
A Verdadeira História de Bambi - Ludwig von Papirus (2004) * * * *
Punks (ep de Caçadas Eróticas) - David Cardoso (1984) *
Yoga Profunda - Ludwig von Papirus (2006) * *

Destaques:

- os curtas do Jairo Ferreira, claro, especialmente Horror Palace Hotel, que é inacreditável como manifesto anárquico por um cinema de invenção. Foi praticamente uma invasão de vampiros de cinematecas em Brasília.

- Nocturne, de Peter Tscherkassky, diretor representado pela terceira vez no festival. 1 minuto de desconstruções e reconstruções de um passado cinematográfico ao som de Mozart.

- Le Loup Blanc, belíssima animação francesa

- O Pasteleiro, com direito a uma performance hilária do cara que estava sentado na primeira fila do Cinesesc. Ele gargalhava, gesticulava e tossia tanto, que eu estava com medo de ele se estrebuchar ali, literalmente morrer de rir com o filme.

- A Verdadeira História de Bambi, ou, como brilhantemente notou o Fábio Yamagi, uma homenagem ao tricolor paulista. Sexo explícito dividindo a tela com o desenho do Bambi, em uma montagem surpreendente.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

- Nada de novo no front. Revi Amor em Jogo (Fever Pitch), de Peter e Bobby Farrelly, e E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven), de Mark Waters, e não mudei em nada o que penso dos dois. O primeiro é um *** forte, o segundo um **** fraco. A dupla do segundo filme dá de dez na do primeiro, e olha que eu sou fã da Drew Barrymore.

- Revisão de O Estranho, de Orson Welles. Filmaço quase sempre injustiçado.

- Cena fantástica na novela das oito. Lutero olha o celular. Uma mensagem avisa de um perigo. Nós vemos a mensagem claramente no celular. Ele resolve ser incisivo. Paraíso Tropical tem muita bobagem, e tem horas que dá vontade de desistir de ver (tanto que nunca gravo, se estiver fora de casa, perco numa boa), mas tem uns achados de fazer a boca abrir.

- Sempre acompanho muito menos do que gostaria o Festival de Curtas. Lamentável.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007














O cinema de Eugène Green. Toutes le Nuits (2001), o primeiro filme, parece um tratado sobre a maneira como a lente capta o olhar humano. Os inúmeros diálogos acontecem com os interlocutores olhando diretamente para a câmera, enquanto esta alterna seu lugar dentro de um eixo anteriormente estabelecido entre os atores. O olhar é filmado de perto, de longe, à meia distância. Depois ele brinca com o contracampo clássico, tendo uma pequena parte de quem ouve como guia. Mas é tudo tão esquisito, as falas antinaturalistas, Brecht, Straub e Artaud num mesmo caldeirão. Dá pra ver que é uma elegia ao poder do teatro e da pintura, artes em que Green começou a atuar.
A crítica francesa parece preferir esse primeiro filme em sua pequena carreira (de apenas quatro filmes como diretor, um deles é curta), mas eu fico com o segundo, Le Monde Vivant (o das fotos acima), de 2003, com o mesmo estilo e o mesmo grupo de atores, mas num tom de fábula medieval, uma história de ogro, princesas presas em castelos, cachorro chamado leão, crianças sendo presas para servirem de comida, asnos velozes e árvores que falam. Parece o mundo ideal para as obsessões de Green com o olhar e com o ator se movendo na paisagem. Vários planos de Le Monde Vivant são de antologia. Destaco as duas lutas com o ogro, filmada só com planos de detalhe (aliás, o ogro nunca é visto, só vemos partes dele), a reaparição do cavaleiro do leão (o plano das mãos no escuro é dos mais belos que eu já vi), e a cama vazia do quarto mais vazio ainda enquanto os pais falam sobre o sumiço do filho fora de quadro, logo no início do filme.
Ver esses dois filmes de Eugène Green ainda faz com que pratiquemos o francês, pois tudo é dito tão claramente, sem comer sílabas ou emendar palavras grotescamente (o que é muito comum), que eu nem precisei de legendas, e meu francês tá pra lá de enferrujado, com uma ferrugem de quase dez anos. Um amigo meu gostava dos filmes de André Téchiné porque ele obrigava os atores a falar um francês perfeito, e como ele era apaixonado pela língua francesa (tendo me dado várias e preciosas dicas tempos atrás), se sentia em êxtase ao ouvir os atores em Rosas Selvagens ou Rendez-vous. Confesso que o francês desses filmes de Téchiné não me pareceu nada fácil de se entender, e que comparado ao dos filmes do Green, são dialetos quase incompreensíveis.

sábado, 18 de agosto de 2007


Parafraseando Ailton Monteiro, sempre achei que os filmes de Daniel Filho fossem melhores que o trailer. Até o penúltimo, isso acontecia com todos. Mas eu esperava sempre uma tremenda bomba e vinha uma bomba modesta, um miquinho dourado. Ou esperava um filme fraco e vinha um filme mediano (caso de Se Eu Fosse Você). No caso de O Primo Basílio, eu sinceramente esperava pelo pior filme nacional dos últimos tempos, e como já sabia que iria ver de qualquer jeito, esperava passar duas horas lastimáveis dentro do cinema, por teimosia ou masoquismo mesmo.

Mas eu estava errado. O filme não chega a ser bom. Tem uma necessidade muito grande de justificar o comportamento da empregada, para depois fazer com que ela seja uma diaba, enquanto a Falabella maltratava ela e a outra criada e depois fica realmente sentida por ter mandado uma delas embora. Além de um didatismo exagerado para mostrar a época e o comportamento de alguns personagens, como a de Simone Spoladore.

A decupagem, em alguns momentos, me pareceu um desastre, e isso fica sensível em todo o miolo do filme, desde o primeiro encontro no Paraíso até a volta do marido Gianecchini - que por sinal, está falando igual ao mecânico da novela passada (ou retrasada, não lembro mais). Também não lembrava nada do livro, lido nos tempos do ginásio, há mais de vinte anos, e por isso não tenho a menor condição de saber o quanto da caracterização pesada da Falabella ou de outras coisas grotescas da trama vêm de Eça de Queirós ou de Daniel Filho.

As cenas de sexo no Paraíso são meio pseudo-estilizadas, mas estão de acordo com a linguagem visual do filme e a recriação canhestra, o que me pareceu proposital, da São Paulo de 1958. E a primeira cena de sexo entre Falabella e Fábio Assunção é surpreendentemente muito boa. Como também é boa a idéia visual da carta que revela o adultério para o Gianecchini, com as palavras se fundindo à sua cara de corno.

Vendo o filme me lembrei da clássica explicação para o sucesso das pornochanchadas dos anos 70, de que o público queria ver as artistas da novela das oito nuas no cinema. Hoje em dia, creio que esse tipo de apelo não funcione mais tanto. Talvez haja uma estranheza maior com o fato de que a mulher do Antenor na novela da vez é agora uma empregada envelhecida e malvada, e o bonzinho bobo que não tem nada de humano é um cara nojento e individualista, o Basílio que mostra que Assunção se sai muito melhor fazendo o papel de mau caráter do que o de guardião do politicamente correto. Deu saudades do Renato Mendes.

Noves fora, Primo Basílio é o melhor filme de Daniel Filho.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Alguns filmes vistos nos últimos meses. Sempre que penso em acabar com este blogue e parar de perder tempo com a blogosfera, resolvo postar algo assim, porque sei que depois posso me arrepender. Tirei algumas revisões e alguns filmes que já comentei por aí (porque ia ficar muito grande)

(revisões em negrito)

J'Entends Plus la Guitare - Philippe Garrel (DviX) * * * *
Le Revelateur - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
La Cicatrice Interieure - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Máscara da Traição - Roberto Pires (Canal Brasil) * * *
Les Baisers de Secours - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Le Vent de la Nuit - Philippe Garrel (DviX) * * * *
Calvaire - Fabrice Du Welz (Cinesesc) * * * *
Gordos e Magros - Mário Carneiro (VHS) * * *
Conte de Cinema - Hong Sang-Soo (DVD) * * * *
La Naissance de L'Amour - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Zodíaco - David Fincher (Arteplex 1) *
Escola de Idiotas - Todd Phillips (Arteplex 8) * *
Nacho Libre - Jared Hess (DVD) *
Alpha Dog - Nick Cassavetes (Arteplex 2) *
O Engenho de Zé Lins - Vladimir Carvalho (Pantanal 8) * * *
Proibido Proibir - Jorge Durán (Pantanal 8) *
Querô - Carlos Cortez (Pantanal 8) * * *
Helena Zero - Joel Pizzini (Pantanal 8) * * *
Rocky Balboa - Sylvester Stallone (DviX) *
Sahara - Breck Eisner (DVD) *
Piratas do Caribe: O Fim do Mundo - Gore Verbinski (Arteplex 1) *
Escola do Riso - Mamoru Hosi (Cinesesc) * * *
Mods - Serge Bozon (DviX) * * * *
Ladrões de Cinema - Fernando Cony Campos (R.Cultural 4) * * * *
Um Assunto de Mulheres - Claude Chabrol (VHS) * * * *
A Teia de Chocolate - Claude Chabrol (DVD) * * * * *
Depois do Casamento - Susanne Bier (R.Cultural 3) *
A Vida Secreta das Palavras - Isabel Coixet (Arteplex 5) *
Carga Explosiva - Cory Yuen (DVD) * * *
Os Saqueadores - Walter Hill (DVD) *
Napoleon Dynamite - Jared Hess (DVD) *
Alô Alô Carnaval - Adhemar Gonzaga (CCBB) * * * *
Harry Potter e a Ordem da Fênix - David Yates (Arteplex 1) * *
Ratatouille - Brad Bird (E.Uni 1) * * * *
Depois da Vida - Hirokazu Kore-eda (DVD) * * *
A Escolha de Sofia - Alan J. Pakula (DVD) *
O Chamado de Deus - José Joffily (DVD) * * *
Duro de Matar - John McTiernan (DVD) * * * *
Duro de Matar 4.0 - Len Wiseman (E.Uni 1) * * *
As Doze Cadeiras - Tomás Gutierrez Alea (Memorial 1) * * * *
Sofá-cama - Ulisses Rosell (Cinesesc) * *
Al Outro Lado - Gustavo Loza (Cinesesc) *
Arcana - Cristóbal Vicente (Cinesesc) * * * *
Araya - Margot Benacerraf (Memorial 1) * * * *
Mais que Nada no Mundo – Andrés León Becker e Javier Solar (Memorial 1) *
A Vida Imune - Ramón Cervantes (Cinesesc) mico
Dias de Santiago - Josué Mendez (Cinesesc) * *
Vésperas - Daniela Goggi (DVD) * *
Macário - Roberto Gavaldón (Memorial 1) * * *
O Castelo da Pureza - Arturo Ripstein (Cinesesc) * * * *
Noticias Distantes - Ricardo Benet (DVD) *
Drama/Mex - Gerardo Naranjo (DVD) *
Las Cruces - Rafael Rosal (DVD) *
As Águas Descem Turvas - Hugo Del Carril (DVD) * *
Mariposa Negra - Francisco Lombardi (Memorial 1) * *
La Matinée - Sebastián Bednarik (DVD) * * *
JC Chávez - Diego Luna (DVD) * * *
A Idade da Peseta - Pavel Giroud (DVD) *
US/Nosotros - José Eduardo Alcázar (DVD) *
A Casca - Carlos Ameglio (DVD) * * *
As Mãos - Alejandro Doria (DVD) *
Glue - Alexis de Santos (DVD) * * * *
Sherlock e Eu - Thom Eberhardt (DVD) * * *
Bobby - Emilio Estevez (E.Uni 3) *
Saneamento Básico, o Filme - Jorge Furtado (E.Uni 2) *
Quebra de Confiança - Billy Ray (Arteplex 2) * * *
Transformers - Michael Bay (Arteplex 7) *
O Príncipe das Sombras - John Carpenter (DVD) * * * *
El Chacal de Nahueltoro - Miguel Littin (DviX) * * *
Os Inundados - Fernando Birri (DVD) * * *
Crônica de um Menino Só - Leonardo Favio (DVD) * * * *
Na Selva Não Há Estrelas - Armando Robles Godoy (DVD) * * * *
Caribe - Esteban Ramirez (DVD) *
Delírios Mortais - John McTiernan (DviX) * * *
Os Simpsons, O Filme - David Silverman (E.Uni.1) * * * *

domingo, 12 de agosto de 2007

Sessão gratuita de A Montanha Sagrada, do maluco Alejandro Jodorowsky na segunda-feira dia 13 de agosto. Eu não estarei em sampa no dia, mas é realmente uma sessão imperdível.

Será na Rua Augusta, 1239, 1º andar, às 19h. Mais informações no Mundo Paura.

sábado, 4 de agosto de 2007

Não sou muito de indicar textos por aqui, até porque isso exigiria uma disciplina que eu não tenho como manter, mas esse texto do Morris - que escreve sazonalmente na Contracampo, daí a indicação - para Conceição é um primor. Partidário, tendencioso, e aberto a outros perigos diversos. Tinha tudo para ser um fiasco de arbitrariedade, mas é um senhor texto.

http://www.contracampo.com.br/87/pgconceicaomorris.htm

Vamos ver se com ele o Plano Geral da Contracampo é revitalizado.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Site da paisà novamente atualizado, com textos sobre Still Life, Conceição, Bobby, Pauline na Praia e O Raio Verde, e outros mais...

www.revistapaisa.com.br

E pra não dizerem que não falei do outro mestre que passou, o top Antonioni que manderei para a Liga dos Blogues.

1 - Profissão: Reporter
2 - O Eclipse
3 - O Grito
4 - Blow Up
5 - A Noite
6 - Zabriskie Point
7 - A Aventura
8 - Deserto Vermelho
9 - O Mistério de Oberwald
10 - Cronaca di un Amore

não vi - por pura besteira, porque tenho gravado: Identificação de uma Mulher

terça-feira, 31 de julho de 2007


Meus dois tostões sobre o grande cineasta:

Não lembro quando e com qual filme se iniciou minha relação com Ingmar Bergman, mas lembro bem que amigos do primeiro semestre da faculdade me alertavam para a lentidão de seus filmes; e o mesmo professor que havia me alertado sobre a chatice e a incontornabilidade de Limite adorava a maior parte de seus filmes. Talvez tenha sido algum que existia em VHS na época. Poderia afirmar, quase com certeza, que foi com Da Vida das Marionetes que eu entrei em seu mundo. Entrava pela porta errada, portanto, não porque o filme era ruim, mas porque certamente não era o mais indicado para um iniciante. Por esses dias lembro de ter visto, na Band, e com legendas, o belíssimo Fanny & Alexander, que pode ser uma boa maneira de se iniciar, mas certamente não a mais acachapante. Depois A Hora do Amor, com Eliott Gould, filme que achei mediano, e nunca revi.

Fui conquistado, ou melhor, arrebatado, quando Morangos Silvestres reestreou no circuito paulistano, e eu fiquei atordoado na antiga poltrona do Cinearte - que naquela época era um só, e não era tão ruim quanto em seus últimos anos de vida, antes de seu nome mudar para Bombril. Meu amigo e futuro sócio Alexandre Carvalho dos Santos estava comigo e percebeu que eu mal tinha condições de concatenar duas idéias inteligíveis. Aí era só passar Bergman em cineclubes que eu cabulava aula pra ver. Corri certa vez, literalmente, para ver A Fonte da Donzela, na Cinemateca que na época ficava em Pinheiros, onde hoje funciona a Sala UOL. Depois encarei o pulguento Cineclube Veneza - aquele que insistia em lugares numerados - para ver vários de seus filmes em cópias riscadas e com legendas em espanhol. Foram minhas primeiras visões de O Silêncio, Face a Face, Cenas de um Casamento, Persona, Gritos e Sussurros, Através de um Espelho, O Ovo da Serpente (que ao contrário de quase todo mundo em qualquer época, gostei bastante), Sonata de Outono e O Sétimo Selo e mais alguns que eu estou esquecendo - foi uma mostra bem ampla aquela do Veneza. Alguns desses eu revi em condições melhores, outros continuam só na lembrança.

Lembro que Noites de Circo eu conheci no dia em que completei 20 e poucos anos, num outubro do começo dos anos 90, dentro da Mostra Internacional de São Paulo. Na mesma época conheci Sorrisos de uma Noite de Amor, No Limiar da Vida, e outros mais. Todos vistos no MIS, com legendas em inglês - a mostra não tinha legendagens eletrônicas na época. Nesse momento ele já era um dos meus diretores favoritos.

O que é certo é que eu nunca pensei em gargalhar num filme do Bergman, mas gargalhei à beça em A Prisão - todo o CCSP gargalhou - no pequeno curta de cinema mudo inserido no meio do filme. Foi, sem brincadeira, uma das vezes que eu mais ri numa sala de cinema, tanto quanto na primeira vez que vi Go West, de Buster Keaton, ou A Morte de um Burocrata, do Alea.

Bem, voltando ao sueco, mais tarde descobri O Rosto, A Hora do Lobo, Luz de Inverno. Ele tem um bom número de obras-primas, com meus preferidos de sempre sendo Persona, O Sétimo Selo, Gritos e Sussurros, Morangos Silvestres e Noites de Circo. Mas quase todos os seus filmes eu descobri nos cinco primeiros anos de cinefilia. Revi poucos desde então. Falha minha, eu sei.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

II Festival de cinema latino-americano de São Paulo - encerramento

Merecidamente, e por unanimidade, o filme chileno Arcana, de Cristóbal Vicente, ficou com o prêmio do juri da crítica. Outro que poderia ganhar, e que é tudo que Larry Clark faria se quisesse entender mesmo os adolescentes, é Glue, de Alexis dos Santos. O prêmio do público ficou com Que Tan Lejos, simpático road movie equatoriano de Tania Hermida.

Canal Brasil

Pelo jeito não foi a primeira vez, mas aconteceu de novo. O Canal Brasil exibiu, na semana passada, Oh, Rebuceteio!, de Cláudio Cunha, filme inteligentíssimo que coloca o espectador contra a parede com suas cenas generosas de sexo explícito. É o próprio Cunha, no papel do diretor de teatro que ensaia uma peça, que olha para a câmera, pedindo para o espectador se soltar também, e se livrar das amarras.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Começou nesta terça o II Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo. Não vai dar tempo de postar todos os dias, e por isso eu vou deixar de fazer a cobertura diária no blog de festivais da Paisà. Farei apenas o texto crítico no final do Festival, a entrar na próxima mega atualização do site. Mas coloco aqui as indicações que surgirem nesses próximos dias.

A primeira é o excelente filme de Tomás Gutierrez Alea, As Doze Cadeiras, de 1962. São farpas para todos os lados, com o humor típico que podemos ver também em A Morte de um Burocrata. A segunda é o excelente documentário chileno Arcana, de Cristóbal Vicente, sobre os dois últimos anos de atividade de um presídio em Valparaíso. Construído como uma descida ao inferno, com música expressionista e um trabalho de som que confronta as imagens quase que o tempo todo, o filme é uma das maiores surpresas que tive neste ano.

Os outros dois filmes vistos não posso indicar com tanta força. Sofá-cama, de Ulisses Rosell, é simpático, como um sub-Martel mais comercial. E Al Outro Lado, de Gustavo Loza, é irregular demais, com o epísódio marroquino sendo o melhor dos três. O cubano é o pior, e o mexicano é mediano. Nesta quarta tem um Ripstein de 1973. Imperdível.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Revi Na Época da Inocência, de Martin Scorsese (1993). Já tinha lido, na época, que a influência maior sobre Scorsese havia sido de Daisy Miller, o filmaço de Bogdanovich, e não de Luchino Visconti. Isso me pareceu ainda mais claro agora que revi os dois filmes num curto intervalo de tempo. Scorsese procurou extender mais a duração de cada plano, e trabalhar com poucos e decisivos closes. O filme de Bogdanovich é mais coeso, redondo, com uma melancolia que se fecha muito bem, e uma câmera excepcional em seu virtuosismo moderado. E Na Época da Inocência é todo de implosão, com os personagens sendo arrebatados por emoções que eles mal conseguem conter. Scorsese, por incrível que pareça, é menos virtuosístico aqui do que Bogdanovich havia sido em seu filme, mas se permite deslumbrar com o décor, com os objetos de cena, como um mundano maravilhado pela aristocracia. Sua câmera passeia ansiosa pelos cômodos, mas Daniel Day-Lewis, numa das maiores atuações que eu já vi, controla um pouco o diretor, faz com que os tempos se adequem à sua interpretação. É uma dupla e tanto, que seria repetida apenas em Gangues de Nova York, outro filmão. Gosto de Di Caprio, mas imagino o que poderia sair se o parceiro constante de Scorsese nos últimos filmes fosse Day-Lewis.

domingo, 15 de julho de 2007

As listas que eu mandei para os melhores e piores do semestre segundo a Liga dos Blogues Cinematográficos. (Exilados era elegível)

MELHORES:

1. Maria
2. Exilados
3. Cão sem Dono
4. A Conquista da Honra
5. A Comédia do Poder
6. Cartola
7. Antonia
8. O Hospedeiro
9. Cartas de Iwo Jima
10. 500 Almas

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PIORES:

1. Ódiquê?
2. A Grande Família
3. Inesquecível
4. Caixa Dois
5. Babel

Curioso notar que com a estréia de Still Life e Medos Privados em Lugares Públicos em Julho essa lista terá modificações nos 5 primeiros lugares para a votação geral de 2007. E o ano ainda reserva mais estréias de peso.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Comentários descompromissados, à moda do início deste blog:

- Eu realmente não entendo o fascínio que Napoleon Dynamite (2004) exerce em alguns. O filme de Jared Hess é ainda pior que o posterior Nacho Libre, que é outra bobagem cometida por ele. A concepção visual é das mais imbecis. Kip conversa com o tio na porta de casa. Corta para Kip, no centro do plano médio, com o braço direito do tio aparecendo. Corta para o tio, no centro do plano médio, com o braço esquerdo de Kip aparecendo. Fica clara a tentativa de enquadrá-los sempre no centro, como um esforço que eles devem fazer para serem "enquadrados" na comunidade, no colégio, onde quer que seja. São seres diferentes buscando uma maneira de se anular sendo iguais aos outros, e infelizes por não conseguirem. Hess parece querer brincar também com o tempo do humor, sempre inusitado e impressionando pela imobilidade dos atores em cena. Mas não deu certo. E muito porque Jon Heder é ruim demais nesse filme, pelamordedeus. Em Escola de Idiotas ele nem tá grande coisa, mas tá muito melhor. O que prova que Jared Hess é pior que Todd Philipps. Aí nem com reza brava.

- Finalmente vi Carga Explosiva (The Transporter, 2002), de Cory Yuen. Começa bobo, mas depois esquenta. O que mais me impressionou foi o ritmo, com as seqüências de ação se alternando muito bem com as pausas para descanso. Jason Stathan é muito interessante como ator de ação. O final é um tanto murcho.

- Finalmente, mais uma chance para Walter Hill, o irregular diretor que passou os anos 80 fazendo filmes medianos, voltou a fazer algo de bom nos 90, mas nada que se comparasse aos seus ótimos três primeiros filmes, dos anos 70. Os Saqueadores (Trespass) é de 1992. E é bem fraquinho, convenhamos. Tenho certos entraves para aceitar uma comédia involuntária de erros, que só se justifica porque os personagens são extremamente burros, e fazem de tudo para piorar cada situação. O filme até tem seus momentos, e um final simpático (e previsível), mas é muito frouxo nas soluções dramáticas e no aproveitamento de atores que já renderam muito melhor - notadamente Ice T, Ice Cube e Bill Paxton

- Mais uma revisão de Ligado em Você (Stuck on You, 2003), o melhor filme de Peter e Bobby Farrelly. Momentos mágicos: o clipe informal de "Alone Again", grande hit de Gilbert O'Sullivan; a volta de Walt, com a jukebox o traindo; a primeira aparição do namorado adolescente de Cher; a cena no hospital com os médicos imigrantes dando uma falsa impressão (We lost them); Matt Damon dizendo "I'm alone" para um transeunte; "trinta centímetros" e muitos outros...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Revisão de Daisy Miller (1974), de Peter Bogdanovich, com direito à faixa de comentários do diretor no DVD. É uma aula de cinema, como já havia sido a faixa de comentários de Lua de Papel, o filme anterior. Mas Bogdanovich não parece tão à vontade comentando o filme. Como ele mesmo diz, os pequenos erros do personagem lembram demais alguns pequenos erros que ele cometera, e que só iria perceber tempos depois. Bogdanovich ficou muito sentido com algumas críticas feitas à época do lançamento do filme, e parece nunca ter se recuperado delas. Daisy Miller e Lua de Papel são justamente os meus preferidos do diretor. O final de Daisy Miller, com aquele travelling para trás, se afastando do ator e do túmulo, aliado ao fade para branco, é um dos mais pungentes que eu já vi. É o grande filme sobre um homem que esnoba inconscientemente o que poderia ser o grande amor de sua vida.

Os amigos do começo da cinefilia, mais velhos que eu, ou da mesma idade, preferiam A Última Sessão de Cinema. Quase todos os amigos mais recentes, dos últimos dez anos, todos mais novos, preferem They All Laughed (os dois títulos em português são ridículos: Olhares Indiscretos - o da TV - é muito genérico e Muito Riso Muita Alegria - o do VHS - parece coisa do Gugu quando muito influenciado por Sílvio Santos). Gosto muito dos dois filmes, principalmente de They All Laughed, e também de Na Mira da Morte, Esta Pequena é uma Parada, Texasville, Cat's Meow. Mas o coração bate mesmo entre Daisy Miller e Lua de Papel. Um é o máximo da tristeza, traduzida brilhantemente pelo ator Barry Brown, que se suicidaria anos depois. Outro é o máximo da leveza, sem deixar de lado uma melancolia inerente ao período da Grande Depressão.

P.S. blog de TV da Paisà finalmente atualizado. Prestigiem
http://www.revistapaisa.com.br/tv/index.html



sexta-feira, 6 de julho de 2007

Revista Paisà em uma edição exclusivamente online.

www.revistapaisa.com.br

O destaque é o Tops Especial com os melhores filmes brasileiros de todos os tempos, de acordo com nossa equipe de redatores.

Espero que gostem.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Homenagem a João Cesar Monteiro, que tem seus filmes exibidos até domingo no CCSP. Tudo em DVD, mas tá valendo. Os filmes que eu vi:

Sophia de Mello Breynen Andresen (1969) * * *
Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço (1970) * * *
Fragmentos de um Filme Esmola (1972) * * * * *
Que Farei Eu Com Esta Espada? (1975) * * *
Veredas (1978) * * * * *
Silvestre (1981) * * * *
A Flor do Mar (1986) * * * *
Recordações da Casa Amarela (1989) * * * * *
O Último Mergulho (1992) * * * *
A Comédia de Deus (1995) * * * *
A Bacia de John Wayne (1997) * * * * *
As Bodas de Deus (1999) * * * * *
Branca de Neve (2000) * * * *
Vai e Vem (2003) * * * * *

obs: nunca sei que cotação dar a Branca de Neve. Seria 5 estrelas pela experiência e pelo enfrentamento, mas está um degrau abaixo dos que eu mais gosto. No meu caderno de notas, permanece uma interrogação. Aqui dou 4, só pra constar. Lembrando que ele é muito melhor apreciado visto em película e num cinema bem escuro (Cinesesc, por exemplo). Se puder ver apenas dois, que sejam Vai e Vem e Recordações da Casa Amarela.

terça-feira, 3 de julho de 2007


O jogo que reaparece em O Ano Passado em Marienbad exige domínio da lógica, memória e capacidade de antever jogadas futuras e suas possibilidades. É como o xadrez, só que muito mais simples. Tem tudo a ver com o filme, de uma simplicidade absurda, com uma fragmentação complicada pra danar - como seria nossa memória confusa, não? Como o marido sempre ganha o jogo, fica óbvio que ele detém um maior controle sobre sua memória, e o rapaz que persegue a Delphine Seyrig, que sempre perde no jogo, faz com que o filme se perca junto dele. Não tem como achar menos que obra-prima.
Aliás, revendo os Resnais para uma matéria na Paisà, fico achando que a grande fase de seu cinema é a que compreende A Vida é um Romance, L'Amour à Mort e Mélo. De 1983 a 1986. Em quatro anos, três filmes sensacionais. O do meio só não é obra-prima como os outros dois porque tem uma estrutura toda dividida em pequeníssimos atos, o que atenua um pouco todo o clima soturno. Imaginem Muriel com seus picotes intercalados por várias vinhetas que estariam no clima do filme. Seria um desastre. A graça é o picotado inusitado. Em L'Amour à Mort, paradoxalmente, não consigo imaginar como seria sem as vinhetas de neve caindo, mas que elas impedem uma fruição mais intensa, impedem. Pena que não vai dar tempo de rever tudo. Meu Tio da América, por exemplo, será sacrificado. Também não reverei Amores Parisienses, mas desse eu lembro muito bem. Talvez Quero ir para Casa dance também. Paciência. Amanhã é dia de Coeurs. Ansiedade a mil.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Na Ilustrada de hoje, o editor Marcos Augusto Gonçalves se declarou incomodado com o retorno ao núcleo familiar nos filmes Não Por Acaso e Cão Sem Dono. Contra o primeiro ele pegou leve, já que não é bem um retorno ao núcleo familiar o que o personagem de Leonardo Medeiros faz, mas a descoberta do amor pela filha (ela também desvinculada de uma família). No caso, calhou de a família escolhida fazer parte de uma possível familia que não se concretizou. Com Cão sem Dono ele pega pesado, diz que sentiu gosto de moral hollywoodiana na garganta. Escreveu: "que sorte que esses caras fazem parte de uma família - senão estariam perdidos". De fato, esse era um problema que eu tinha com o filme. A fala do pai, perto do final, e a barba bem feita quando ele entra nos eixos me pareceram um ponto fraco. Na revisão, vi que se trata de uma questão falsa, porque ele não faz a relação entre uma coisa e outra. Calhou de ele ter pai e mãe legais, calhou de ele arrumar emprego numa livraria (onde é necessária uma boa aparência, e, segundo muitos boçais, boa aparência é não ter barba). Calhou de o pai gostar da mulher e dos filhos, e para reconquistá-los, tenha se livrado da cocaína. Foi, na verdade, um ato de coragem de Brant e Ciasca, o de ficar tão perto da lição de moral sem nunca ser subordinado a ela. Basta comparar com A Vida Secreta das Palavras, em que a lição de moral é enfiada goela abaixo, para ver a diferença. Em todo caso, os sinais dessa moral rasteira estão ali, evidentes. A relação que cada filme faz com esse tipo de moral é que deveria ser mais pensada e discutida.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Sensacional. Delirante. Musical. Sensorial. Inusitado. Abstracionista. Impressionista. Five.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Mais um texto sobre Seminário, desta vez com diretores mineiros (incrível como esta Mostra está pródiga em debates interessantes).

www.revistapaisa.com.br/paisablog

sobre os filmes, até agora nada de realmente relevante entre os novos.

No blog, no post anterior, dei uns ligeiros pitacos sobre Santiago (* *), Cidade Dual (*) e Descaminhos ( * *) (este no último post).

domingo, 17 de junho de 2007

Dois novos textos sobre Ouro Preto no blog de festivais da Paisà. Um sobre o seminário realizado ontem, o melhor que eu vi neste ano, outro sobre o belo filme de Moacyr Fenelon, Tudo Azul, que por enquanto ganha * * * *

www.revistapaisa.com.br/paisablog

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Encerrando a cobertura do festival de Cuiabá:

http://www.revistapaisa.com.br/anteriores/ed8/festcuiaba.shtm

aproveitem para dar uma olhada nas outras atualizações (todas de críticas de cinema)

A partir de amanhã, iniciarei a cobertura da Mostra de Ouro Preto, aqui e no blog de festivais da Paisà.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

http://www.youtube.com/watch?v=RvmTsH4iHBo

Não consegui postar direto do You Tube como fazia antes. Sei lá por quê. Mas vale muito a pena seguir o link, pois, como o Peerre apontou no blog dele, Michael Dudok de Wit é um gênio. Aproveitem o link para Pai e Filha, a obra das obras, e vejam os outros curtinhas dele.

P.S. revisão de Cão sem Dono hoje. Bateu. Disparado o melhor filme de Beto Brant.

segunda-feira, 11 de junho de 2007


A bela imagem acima é do filme Mods (2002), de Serge Bozon, uma das maiores emulações da Nouvelle Vague que eu já vi (sim, Bruno, achei isso mesmo, mais que Desplechin ou Assayas, que você tanto condena pelos mesmos motivos), com muito de Rivette, Godard e Demi. Cinco números musicais "enfeitam" e comentam a história de dois militares que vão a uma república de estudantes para tratar de um jovem que contraiu uma doença esquisita e inexplicável. Alienação? Os mods eram chamados de alienados nos anos 60, e viviam em briga com os punks nos anos 80 (no revival propiciado principalmente pelo The Jam e pelos Inmates). Os atores agem como personagens fassbinderianas, com interpretações brechtianas dentro de enquadramentos sempre rigorosos. A cena acima acontece com oito dos 56 minutos do filme, e a coreografia que explora o espaço cênico perfeitamente tem como fundo o único sucesso de uma banda obscura dos anos 60, Phil and the Frantics. Bozon é um dos atores que fazem os dois militares, Paul, mas não pude rever ainda para tentar descobrir se é o moreno cara de pedra ou o loirinho cara de bobo. Não lembro de se falar o nome deles, a não ser quando estão os dois juntos, e sem identificar qual é Paul e qual é François. Enquanto isso não for possível, ficarei eu com cara de bobo lembrando de algumas seqüências brilhantes do filme.

sábado, 9 de junho de 2007


É curioso assistir a The Zodiac Killer, de Tom Hanson, filmado em 16 mm e com pouquíssimos recursos, em 1971. Ou seja: ainda no calor dos assassinatos daquele que ficou conhecido como Zodíaco, que inspirou também o filme recente de David Fincher (e antes o livro do cartunista do San Francisco Chronicle, Robert Graysmith). Não sou entusiasta do filme do Fincher, mas ele é claramente melhor que seu antepassado pobre. Mais bem filmado e tal... mais chato também, porque depois de um tempo, e de sair do ano de 1969, ele patina bastante e por um bom tempo ainda, mas isso não vem ao caso. Sobre The Zodiac Killer, é impressionante a diferença que existe entre uma seqüência e outra. Algumas são constrangedoras, sem noção de eixo, de tempo das falas, da posição do ator no quadro, outras são impressionantemente boas, dando um clima interessante. É o tipo do filme ruim, e também chato (lembrando que blog não é espaço para críticas, só para impressões mais livres mesmo), mas vale ver. No geral, as cenas de assassinato são mais caprichadas, enquanto as de diálogos, principalmente as que tem campo e contracampo, são ridículas e amadoras. Mas nem sempre acontece tão claramente assim, o que me fez achar que na verdade o filme é dirigido por um rodízio de diretores.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Revisão Abel Ferrara:

O Assassino da Furadeira (1979) * *
Ms.45 (1981) * * * *
Cidade do Medo (1984) * * *
China Girl (1987) * * * *
Perseguidor Voraz (1989) * *
O Rei de Nova York (1990) * * * * *
Vício Frenético (1992) * * * * *
Invasores de Corpos (1993) * * * * *
Olhos de Serpente (1993) * * *
The Addiction (1994) * * * * *
Os Chefões (1996) * * * *
The Blackout (1997) * * * *
Enigma do Poder (1998) * * * * *
Gangues do Gueto (2001) * * * *
Maria (2005) * * * * *

sábado, 26 de maio de 2007

www.revistapaisa.com.br/paisablog/index.html

a volta do blog de festivais da Revista Paisà, com a cobertura diária do Festival de Cuiabá.

aproveitando, visitem o site da revista, que está atualizado.

www.revistapaisa.com.br

boa leitura

terça-feira, 22 de maio de 2007


Alpha Dog, de Nick Cassavetes, é uma tremenda decepção. Mesmo que eu não esperasse um grande filme, o diretor já havia feito um filme bem simpático sobre o amor que resiste ao passar dos anos, Diário de uma Paixão, logo, esperava, pelo menos, um outro filme simpático, atento à inexperiência dos jovens californianos. No entanto, Alpha Dog se revela um exercício de representação da idiotia da classe alta.
Digressão (copyright Frodon - não gosto das críticas dele, mas dessa idéia eu gostei): um amigo meu, nascido nos EUA, me disse certa vez que a Califórnia é a região do mundo com a maior concentração de imbecis que ele já tinha visto. Como é um cara viajado e inteligente, guardei essa informação.
Pois o filme de Cassavetes sugere exatemente isso. Mas acompanhar o cotidiano de imbecis não chega a ser o maior problema do filme. O que pega mesmo é sua incapacidade de tornar crível as decisões mais estúpidas que alguém poderia cometer. Esse momento da escada (na foto acima) é um deles. Formalmente, Alpha Dog também deixa a desejar por ser o feijão com arroz habitual de Hollywood, cheio de planos/contraplanos óbvios e câmeras se mexendo a esmo. Até um cenário tosco, que nada tem a ver com o que o filme passava até então, aparece no final. E, sinceramente, aquele depoimento da mãe é uma das coisas mais constrangedoras a passar nos cinemas este ano. Uma pena mesmo.

sábado, 19 de maio de 2007


Todd Phillips permanece como um diretor que acompanho sem muito entusiasmo. Talvez Escola de Idiotas seja seu melhor filme, mas é de se lamentar sua ausência de olhar para o espaço cênico, e para como os atores se comportam nesse espaço. Que não me venham falar que Penetras Bons de Bico sofre do mesmo problema. Não sofre. David Dobkin, além de ter um tempo melhor para as gags, ainda sabe explorar o scope, coisa que o Phillips não faz em momento algum, com exceção da bela cena em que o idiota principal vê a garota que ama com seu professor em um bar - se bem que a cena seria praticamente igual se não fosse em scope. O elenco está muito bem, principalmente Billy Bob Thornton. E é mais um filme que dá pra ver na boa, e até rir em alguns momentos. Mas faltou mesmo um equilíbrio maior de tom e ritmo.

quinta-feira, 17 de maio de 2007


Um Crime de Mestre, de Gregory Hoblit, se assemelha a um daqueles filmes de viradas de roteiro que no final te fazem de otário, por ter muita mirabolância para pouca criatividade. Hoblit, com a ajuda de um roteiro eficiente de Daniel Pyne e Glenn Gers, até que se sai bem na condução da trama, sabendo se aproveitar da persona criada por Anthony Hopkins, e da qual ele nada faz para se livrar - logo, ponto para quem souber se usufruir dela. Ryan Gosling está ótimo mais uma vez, em um personagem que tendia a provocar antipatia no espectador, mas o ator consegue se equilibrar fazendo com que essa ameaça não se concretize. Acabamos vendo um duelo de gigantes, que termina, por incrível que pareça, com uma virada meio óbvia e previsível na trama. Ou seja, quando a virada é mirabolante, reclamamos, quando é simples, reclamamos também? Mais ou menos. Nesse caso, o que prevaleceu foi uma certa decepção, pois o jogo era tão engenhoso, que seria ótimo se tivesse um desfecho no limite do exagero, com o sério risco de cair na armadilha Nove Rainhas. Do jeito que ficou, dá pra ver, e só.