quinta-feira, 19 de julho de 2007

Revi Na Época da Inocência, de Martin Scorsese (1993). Já tinha lido, na época, que a influência maior sobre Scorsese havia sido de Daisy Miller, o filmaço de Bogdanovich, e não de Luchino Visconti. Isso me pareceu ainda mais claro agora que revi os dois filmes num curto intervalo de tempo. Scorsese procurou extender mais a duração de cada plano, e trabalhar com poucos e decisivos closes. O filme de Bogdanovich é mais coeso, redondo, com uma melancolia que se fecha muito bem, e uma câmera excepcional em seu virtuosismo moderado. E Na Época da Inocência é todo de implosão, com os personagens sendo arrebatados por emoções que eles mal conseguem conter. Scorsese, por incrível que pareça, é menos virtuosístico aqui do que Bogdanovich havia sido em seu filme, mas se permite deslumbrar com o décor, com os objetos de cena, como um mundano maravilhado pela aristocracia. Sua câmera passeia ansiosa pelos cômodos, mas Daniel Day-Lewis, numa das maiores atuações que eu já vi, controla um pouco o diretor, faz com que os tempos se adequem à sua interpretação. É uma dupla e tanto, que seria repetida apenas em Gangues de Nova York, outro filmão. Gosto de Di Caprio, mas imagino o que poderia sair se o parceiro constante de Scorsese nos últimos filmes fosse Day-Lewis.