sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Não foi só pela expectativa baixa, mas Antes Só do Que Mal Casado, de Peter e Bobby Farrelly, é bem melhor do que andaram dizendo por aí. É inegável o domínio de cena deles, do uso do espaço, e eles tão filmando em scope de maneira exemplar. Não que fique uma coisa muito atirada: "oh, vamos jogar com as possibilidades do formato". Eles simplesmente preenchem esse espaço, sem muito alarde. O filme tem uns tempos bem esquisitos, e daí deriva uma impressão que eles não sabiam muito o que queriam, que é falsa. Pode ser até um filme tortuoso, com alguns momentos em que parece apenas bater ponto - quase todos os que Stiller tenta algum diálogo com a esposa, depois de já ter se apaixonado pela sulista graciosa - , e outros francamente repulsivos (carne e líquidos saindo do nariz da esposa, bolhas explodindo em seu braço...). Mas é um belo filme tortuoso, com um Stiller inspirado - e sua eventual piada hispânica, contrabandeada da frat pack. E o final, pelo amor dos meus filhinhos, é espetacular. É de cortar o coração, e aponta para uma transgressão do próprio cinema deles, e em especial de Amor em Jogo.