quarta-feira, 11 de julho de 2007

Revisão de Daisy Miller (1974), de Peter Bogdanovich, com direito à faixa de comentários do diretor no DVD. É uma aula de cinema, como já havia sido a faixa de comentários de Lua de Papel, o filme anterior. Mas Bogdanovich não parece tão à vontade comentando o filme. Como ele mesmo diz, os pequenos erros do personagem lembram demais alguns pequenos erros que ele cometera, e que só iria perceber tempos depois. Bogdanovich ficou muito sentido com algumas críticas feitas à época do lançamento do filme, e parece nunca ter se recuperado delas. Daisy Miller e Lua de Papel são justamente os meus preferidos do diretor. O final de Daisy Miller, com aquele travelling para trás, se afastando do ator e do túmulo, aliado ao fade para branco, é um dos mais pungentes que eu já vi. É o grande filme sobre um homem que esnoba inconscientemente o que poderia ser o grande amor de sua vida.

Os amigos do começo da cinefilia, mais velhos que eu, ou da mesma idade, preferiam A Última Sessão de Cinema. Quase todos os amigos mais recentes, dos últimos dez anos, todos mais novos, preferem They All Laughed (os dois títulos em português são ridículos: Olhares Indiscretos - o da TV - é muito genérico e Muito Riso Muita Alegria - o do VHS - parece coisa do Gugu quando muito influenciado por Sílvio Santos). Gosto muito dos dois filmes, principalmente de They All Laughed, e também de Na Mira da Morte, Esta Pequena é uma Parada, Texasville, Cat's Meow. Mas o coração bate mesmo entre Daisy Miller e Lua de Papel. Um é o máximo da tristeza, traduzida brilhantemente pelo ator Barry Brown, que se suicidaria anos depois. Outro é o máximo da leveza, sem deixar de lado uma melancolia inerente ao período da Grande Depressão.

P.S. blog de TV da Paisà finalmente atualizado. Prestigiem
http://www.revistapaisa.com.br/tv/index.html