Estou em Belo Horizonte, participando da comemoração de 1 ano do Filmes Polvo (www.filmespolvo.com.br). Quando voltar a Sampa comento o evento. Para não deixar o blog desatualizado, e aproveitando que Senhores do Crime está em cartaz, repriso aqui a filmografia comentada de David Cronenberg que fiz na número zero da Paisà.
Stereo (1969)
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Futurismo com narração como forma de driblar a ausência de som direto. Experiências visando a estimulação do sexo por telepatia em jovens casais privados do poder de falar. Obra fria e racional, como a de um cirurgião em ação.
Crimes of the Future (1970)
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Na mesma onda futurista, só que mais confuso e disperso. A estranheza está no fato de que, ao contrário de seu irmão Stereo, a história é muito mais elaborada que a forma.
Calafrios (Shivers, 1975)
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O primeiro de uma trilogia B, que homenageia os filmes que encantaram Cronenberg na infância. Uma autêntica obra-prima de ironia e desespero, com o herói impotente cronenberguiano, que seria retomado em vários filmes posteriores, finalmente dando as caras.
Enraivecida, na Fúria do Sexo (Rabid, 1977)
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Segunda parte da trilogia B. Marilyn Chambers, uma conhecida atriz pornô, faz a mulher que tem uma vagina na axila. Dessa vagina brota um falo que suga o sangue das pessoas. Um dos finais mais secos e cruéis da carreira do diretor.
Fast Company (1979)
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Os automobilistas e seus carros. Mexem nos motores como cirurgiões. Mas Cronenberg não parece muito a vontade nesse terreno de corridas e mulheres.
Os Filhos do Medo (The Brood, 1979)
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Derradeiro ato da trilogia, e um de seus melhores e mais perturbadores filmes. Poucos resistem à cena em que Samantha Eggar lambe um filho monstrengo que acabara de parir, frente ao olhar incrédulo de seu marido. O mundo está prestes a ser dominado por personificações da raiva humana.
Scanners – Sua Mente Pode Destruir (Scanners, 1981)
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Uma cabeça explodindo logo no começo do filme faz com que todos achem que a cada ação dos Scanners uma nova cabeça irá explodir. Toque de gênio. A cena de uma scanner sendo “escaneada” por um bebê ainda na barriga da mãe já é um clássico do horror psicológico.
Videodrome – A Síndrome do Video (Videodrome, 1983)
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A transmutação do corpo humano em uma nova forma de comunicação. O apocalipse segundo Cronenberg, via domínio das ondas televisivas. James Woods e Deborah Harry atuam neste que é considerado um dos grandes filmes do diretor.
Na Hora da Zona Morta (Dead Zone, 1983)
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Um acidente, um poder paranormal, o mundo a salvar. Tipicamente Cronenberguiano, mas baseado em romance de Stephen King, com Christopher Walken no papel principal. A seqüência final é digna de antologia.
A Mosca (The Fly, 1986)
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Jeff Goldblum pode causar estranheza a muita gente, mas ele está muito bem como o cientista que falha em um experimento e vai, gradativamente, se transformando em uma mosca. A solução final é tocante e muito triste.
Gêmeos - Mórbida Semelhança (Dead Ringers, 1988)
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Basta um plano, já no final, com os instrumentos que os doutores gêmeos haviam criado, para fazer gelar o corpo de qualquer um que esteja assistindo ao filme. O rosto pétreo de Jeremy Irons ajuda a conferir aos doutores uma aura de anjos caídos brincando de alterar a anatomia humana.
Mistérios e Paixões (Naked Lunch, 1991)
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Almoço Nu por Cronenberg, em um trabalho doido, mas frio. Há muito cálculo no filme, talvez porque se temia o risco de filmar o infilmável. Pois era necessário correr mais riscos.
M. Butterfly (1993)
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Um homem se apaixona perdidamente por outro, pensando se tratar de uma mulher. Faz sexo com ele, e acredita depois que o engravidou. O que seria isso senão a verdadeira reconfiguração do corpo humano? Poucos perceberam que o personagem interpretado por Jeremy Irons é um romântico incurável, e que seus desejos podem, sim, se materializar.
Crash – Estranhos Prazeres (1996)
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Após um forte acidente de carro, o marido (James Spader), pergunta à esposa (Deborah Kara Unger): “Você se machucou?”, ao que ela responde negativamente. Ele, então, acrescenta: “Na próxima você consegue, amor”. Precisa dizer mais? Prazer associado à dor. A mente humana sendo dissecada pelo mais implacável dos cirurgiões: David Cronenberg.
eXistenZ (1999)
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Um orifício similar ao anal serve de entrada para o jogo que dá nome ao filme. Um Videodrome atualizado, com os agentes do apocalipse agem dentro de um jogo, que termina por se confundir com a realidade.
Spider – Desafie sua Mente (2002)
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A mente perturbada de um homem, que se acha responsável pela morte da mãe. Cronenberg embaralha as cartas para o espectador, e o que ficamos sabendo é o tanto que o protagonista sabe.
CURTAS: Não vi Transfer, mas o igualmente raríssimo From the Drain, feito um ano depois (1967) é um exercício bobo de estilo, com dois caras sentados em uma banheira e discutindo a respeito de ataques de coisas sinistras que viriam do ralo. Bem mais adiante, em 2000, Les Carlson é o ator que enfrenta a morte sonhada em Camera, filme de 6 minutos que mostra crianças preparando-se para filmar o ator com uma câmera antiga que acharam sabe-se-lá-onde, Um belo e pequeno filme, com a câmera se aproximando do rosto do ator enquanto ele discorre sobre um sonho sinistro que havia tido há muito tempo. Na verdade, foi Cronenberg que teve esse sonho e quis explorá-lo em um curta-metragem.
ATUALIZAÇÃO:
Marcas da Violência (A History of Violence, 2005)
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Uma obra-prima da economia. Tudo direto, sem firulas. Lembrei de Joseph H. Lewis ao ver o filme pela primeira vez. Depois, revi mais quatro vezes, chorando nos mesmos momentos.
Senhores do Crime (Eastern Promise, 2007)
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Vi em um mal dia no final da Mostra SP. Revisão urgente.
obs: o episódio dele para Chacun Son Cinema é muito bom e perturbador.
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e antes tarde do que nunca, nosso querido Cid Nader agora tem um blog:
http://www.cinequanon.art.br/cidblog
Não deixem de visitar.
sábado, 1 de março de 2008
Postado por Sérgio Alpendre às 11:08
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