quinta-feira, 27 de março de 2008

Os problemas acabam me tirando da marcação sob pressão que eu pretendia fazer com a programação do É Tudo Verdade. Eu fico pensando para que serve a Anatel (mas isso não vem ao caso).

Hoje vi três curtas, dos quais dois são bem legais. Um deles é esse aí da foto, Dossiê Rê Bordosa, de Cesar Cabral, que revive o assassinato da porralouca por seu criador, Angeli. A idéia é misturar entrevistados a pesonagens, igualando todos com a técnica da animação em massinha. Muito feliz, especialmente nos trechos escolhidos e no cuidado com as cores. Algumas colagens das tirinhas em jornais, ou de páginas da Chiclete com Banana (revista de quadrinhos e humor muito popular nos anos 80) ajudam a enfeitar o curta, que é delicioso e engraçado, mas me deixou um pouco deprimido no começo. Tudo porque a morte da Rê Bordosa parecia muito recente, e o filme ter me lembrado que isso se deu em 1987 fez com que eu pensasse que estou realmente ficando velho. Ainda bem que esse tipo de depressão passa rápido quando eu lembro do monte de espinhas doloridas que eu tinha na época.

Outro curta muito bom é Solitário Anônimo, de Débora Diniz, sobre um senhor que quer desistir de viver, mas enfrenta as diversidades dos médicos e enfermeiras de um hospital, que não querem deixar que ele perca a vida. Muito tocante, um mergulho na alma do personagem como poucas vezes se vê.

Ontem vi o longa Stranded, de Gonzalo Arijón, que é um documentário bem quadrado sobre os sobreviventes dos Andes (para citar o filme que Renê Cardona fez em 1975 - não vi Vivos, que é mais recente). Stranded tem seus méritos. Consegue, apesar de seu academicismo, montar um grande melodrama com pessoas reais, e faz com que o canibalismo seja relativizado. Um dos sobreviventes declara, senti que comendo a carne do meu pai iria carregá-lo comigo para o resto da vida (é mais ou menos isso, dando um desconto porque eu estava com muito sono).

em tempo:

Eu não era cinéfilo em 1987, apesar de ir ao cinema de vez em quando com os amigos, e de não perder um filme de terror nas madrugadas da TV (e a Sala Especial também, claro). Por isso, mando aqui os discos que eu ouvia muito em 1987 (e por incrível que pareça, lembro muito mais desse ano do que de qualquer outro ano da década de 90):

The Cure - The Head on the Door (1985)
The Smiths - The Queen is Dead (1986)
A-ha - Scoundrel Days (1986)
Marillion - Misplaced Childhood (1985)
Genesis - Selling England by the Pound (1973)
Depeche Mode - Black Celebration (1986)
Queen - Queen II (1974)
Milton Nascimento - Minas (1975)
14 Bis - O Espelho das Águas (1983)
New Order - Brotherhood (1986)

Sim, eu já tinha passado da fase heavy-metal.

Sim, na época era muito difícil ter um LP importado. Custava cinco ou seis vezes mais que o nacional, e era difícil de ser encontrado. (anos pré-Collor, vejam só).