Katherine Heigl
Ela estava em King of the Hill, um dos bons filmes de Steven Soderbergh, e ainda era adolescente. Depois esteve em A Noiva de Chucky, de Ronny Yu. Claro que eu não lembro dela em nenhum dos filmes. Em Ligeiramente Grávidos, de Judd Apatow, quem arrebenta é Seth Hogen, e o papel dela permite apenas o suficiente para que ela seja o contraponto sensato à grosseria juvenil dele, e ela faz bem. Mas é em Vestida para Casar, de Anne Fletcher, que ela finalmente aparece como grande atriz. Uma atriz que engrandece uma personagem meio bobinha, perdida na mania de colocar demonstrações de afeto para platéias, em discursos que eu nunca entendo como chegam até o fim sem que se veja um papel voando, ou uma careta de enfado qualquer. Deu até vontade de correr atrás de uns filminhos que ela fez antes do filme de Apatow.
Vestida para Casar (27 Dresses) chega a ser bem interessante por causa dela e apesar de um começo bem desanimador, com a correria entre casamentos e um taxi. Ela está deslumbrante no filme, muito mais que em Ligeiramente Grávidos. Sua beleza fica até mais evidente, pois os sentimentos da personagem são passados com uma perfeição de tom que emociona, como na cena em que o pai dá o vestido de noiva da mãe para a irmã dela, e sua reação é testemunhada pelo olhar de Edward Burns - um olhar, aliás, de quem sacou muita coisa. Nos sentimos muito próximos das angústias dela, e isso me pareceu muito mais um mérito da atriz, que conseguiu sair de uma prisão que a personagem tinha tudo para não evitar (basta ver as outras inúmeras comédias românticas dos últimos quatro ou cinco anos), do que de Anne Fletcher. Afinal, o que parecia estar em jogo era o velho sonho conservador de se casar antes da irmã mais nova, e com o vestido da mãe, muito mais do que com quem ela iria casar. A velha bobagem de casar bem e com pompa. A atuação de Katherine Heigl torna até a percepção de que ela já havia se apaixonado por outro um frescor de novidade, sendo que era o que sabíamos que iria acontecer desde os primeiros minutos.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Postado por Sérgio Alpendre às 13:12
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