sexta-feira, 21 de março de 2008


Duas vezes o bê-á-bá
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Ricardo Darin e Martin Hodara fazem o bê-á-bá de maneira bem competente em O Sinal, noir estrelado por Darin, Diego Peretti (foto) e Julieta Díaz. Mesmo o clichê da pessoa atirando por trás de outra é bem utilizado. Talvez o maior trunfo de Darin e Hodara é desenvolver uma atmosfera sinistra, tendo como pano de fundo a crise de saúde fatal de Eva Perón. A cena da abertura do cofre é exemplar nesse sentido. Cada barulhinho da combinação soa como um tiro, e cada momento silencioso do filme parece uma ameaça ao protagonista. Boa surpresa. O diretor original seria Eduardo Mignogna, que escreveu o roteiro, baseado em seu próprio livro. Com a morte de Mignogna, Darin assumiu o projeto, e chamou o assistente de direção de Nove Rainhas para co-dirigir.
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Do outro lado, Denys Arcand, de quem não sou fã (mas também não estou na onda dos que acham As Invasões Bárbaras o pior filme do mundo), fez feio. Basta uma seqüência de A Era da Inocência, que era para ter graça: nosso herói começa a sair com uma mulher que acredita ser uma condessa medieval. Ela o convida para uma espécie de gincana só com fãs de O Senhor dos Anéis. Num determinado momento ele deve lutar para que ela não se case com um tal de príncipe negro, e deve aprender a montar num cavalo. Ele tenta subir, com a ajuda de dois cabeludos, mas cai do outro lado. Nova tentativa, e ele monta no cavalo de costas. Batido, não? Mas poderia até ter graça nas mãos de um John Landis, ou de um Peter Segal (aposto minhas fichas no Agente 86). A direção de Arcand é o feijão com arroz mais pobre e requentado que eu vi ultimamente, com uma decupagem que seria reprovada numa avaliação inicial para calouros de qualquer curso vagabundo de cinema. Podem acreditar, quando o filme cai no trivial do cinema de arte, fica pior ainda. Se fosse o último do dia, certamente eu iria pegar o bonde mais cedo.
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em tempo: daria um Chokito (pensando bem, dois) para jogar esse bilhar que aparece na foto. Peretti é craque no filme. Sempre consegue tocar na outra branca e na vermelha. Queria ver se eu era capaz de conseguir uma única vez.