quarta-feira, 19 de março de 2008

Ponto de Vista (Vantage Point, 2007), de Pete Travis
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Este filme até prometia, apesar do truque manjado de mostrar a mesma seqüência - um ato de terrorismo camuflado por um falso atentado contra o presidente dos EUA - de diferentes perspectivas, de acordo com quem teve presença marcante na ocasião. Depois de pouco tempo esse efeito começa a cansar. Pior ainda, certos personagens são ridículos, como por exemplo o do turista interpretado por Forest Whitaker, uma caricatura da sensibilidade personificada. Há outros, quase tão patéticos quanto, como a menina espanhola que se perde da mãe, ou o amigo do segurança que ajuda os terroristas. Travis não tem a menor noção de como tornar o espaço crível, principalmente quando se mete a filmar perseguições pela cidade de Salamanca, na Espanha. Whitaker correndo com sua câmera, e reagindo exageradamente a qualquer coisa que se passasse à sua frente, é constrangedor para quem já teve papéis marcantes em filmes de Neil Jordan e Clint Eastwood. E os diálogos explicativos parecem coisa de quem acha que espectador de cinema é burro o suficiente para se perder numa trama banal como essa. Exemplo: "ele vai perseguir por um bom tempo um atirador que não existe... hahaha". Se há alguma coisa interessante no filme é a total falta de respeito com o tempo de cada perspectiva, com uma desrespeitando o tempo da outra, e com alguns pequenos detalhes que são desmentidos de acordo com quem estiver como centro da ação. Seria proposital para tornar o quebra-cabeça um pouco menos simplório, ou incompetência pura?