sábado, 8 de março de 2008


De vez em quando dou uma folheada em revistas antigas - coisa de viciado em publicações impressas - e desta vez a escolhida foi uma Films and Filming de junho de 1982. Trata-se de uma revista inglesa que sempre fazia matérias imensas com atores, nem sempre conhecidos, de todas as partes do mundo. Nessa edição me chamou a atenção uma entrevista com Mari Töröcsik, a Elektra de Miklós Jancsó, filme que eu vi com legendas em francês, numa época em que eu não sabia nem o que significava voilá. Era uma época de muito apetite cinefílico, e eu lembro de ter ficado apaixonado por Mari, apesar de ter entendido muito pouco do filme. Um trecho da entrevista me chamou a atenção, quando ela fala da admiração pelo cinema russo, e especialmente por Elem Klimov, cineasta de cujos filmes eu nunca me aproximei - mais por esquecimento do que por qualquer outra coisa. Ela diz que os filmes de Klimov, assim como os de Tarkovsky, seguem a tradição dos grandes escritores russos Chekhov e Dostoievsky... uau... e encerra esse trecho da entrevista com: "I respect people like Paul Newman and Joanne Woodward, who act in commercial successes, then use their money to make real films". Curioso. Pesquisando sua filmografia no imdb, descobri que ela está um belíssimo filme de Márta Mészáros, Diário para Meu Pai e Minha Mãe (1990), terceira e melhor parte de uma trilogia iniciada em 1982 com Diário Para Minhas Crianças. Vontade de rever, e desta vez entender, o Elektra de Jancsó, e de retornar ao cinema de Mészáros, que me encantou bastante quando a TV Cultura exibiu alguns de seus filmes.

Curiosidade: uma página com capas da Films and Filming de 1971 até 1977:

http://www.flickr.com/photos/nicdafis/sets/1543342/