quinta-feira, 30 de agosto de 2007

18º Festival internacional de curtas-metragens de São Paulo

(obs: optei pelos nomes originais, para facilitar a quem quiser procurá-los em YouTubes e afins)

O Guru e os Guris - Jairo Ferreira (1973) * * * *
Ecos Caóticos - Jairo Ferreira (1975) * * *
O Ataque das Araras - Jairo Ferreira (1975) * * * *
Antes que Eu Me Esqueça - Jairo Ferreira (1977) * *
Horror Palace Hotel - Jairo Ferreira (1978) * * * *
Nem Verdade Nem Mentira - Jairo Ferreira (1979) * * * *
El Cuarto del Fondo - Letícia Jorge e Ana Guevara (2006) * *
El Año del Cerdo - Claudia Calderón (2007) *
Lobos de la Feria Fluvial - Ilán Stehberg (2006) * * *
Qué le Pasa a Tedy? - Achille Milone (2007) * * *
Latidos - Daniel Andreu-von Euw (2006) *
Trillizas Propaganda! - Fernando Salem (2006) * *
The Little Samurai - Lorenz Merz (2006) *
Len's Love Story - Sonia Whiteman (2007) *
Nocturne - Peter Tscherkassky (2006) * * * *
China China - João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata (2007) * * *
Le Loup Blanc - Pierre-Luc Granjon (2006) * * * *
Sexy Thing - Denie Pentecost (2006) * *
Moya Lyubov - Alexandre Petrov (2006) * * *
Sexo na Casa Branca - Ludwig von Papirus (2004) * * *
O Pasteleiro (ep de Aqui, Tarados) - David Cardoso (1980) * * * *
A Verdadeira História de Bambi - Ludwig von Papirus (2004) * * * *
Punks (ep de Caçadas Eróticas) - David Cardoso (1984) *
Yoga Profunda - Ludwig von Papirus (2006) * *

Destaques:

- os curtas do Jairo Ferreira, claro, especialmente Horror Palace Hotel, que é inacreditável como manifesto anárquico por um cinema de invenção. Foi praticamente uma invasão de vampiros de cinematecas em Brasília.

- Nocturne, de Peter Tscherkassky, diretor representado pela terceira vez no festival. 1 minuto de desconstruções e reconstruções de um passado cinematográfico ao som de Mozart.

- Le Loup Blanc, belíssima animação francesa

- O Pasteleiro, com direito a uma performance hilária do cara que estava sentado na primeira fila do Cinesesc. Ele gargalhava, gesticulava e tossia tanto, que eu estava com medo de ele se estrebuchar ali, literalmente morrer de rir com o filme.

- A Verdadeira História de Bambi, ou, como brilhantemente notou o Fábio Yamagi, uma homenagem ao tricolor paulista. Sexo explícito dividindo a tela com o desenho do Bambi, em uma montagem surpreendente.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

- Nada de novo no front. Revi Amor em Jogo (Fever Pitch), de Peter e Bobby Farrelly, e E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven), de Mark Waters, e não mudei em nada o que penso dos dois. O primeiro é um *** forte, o segundo um **** fraco. A dupla do segundo filme dá de dez na do primeiro, e olha que eu sou fã da Drew Barrymore.

- Revisão de O Estranho, de Orson Welles. Filmaço quase sempre injustiçado.

- Cena fantástica na novela das oito. Lutero olha o celular. Uma mensagem avisa de um perigo. Nós vemos a mensagem claramente no celular. Ele resolve ser incisivo. Paraíso Tropical tem muita bobagem, e tem horas que dá vontade de desistir de ver (tanto que nunca gravo, se estiver fora de casa, perco numa boa), mas tem uns achados de fazer a boca abrir.

- Sempre acompanho muito menos do que gostaria o Festival de Curtas. Lamentável.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007














O cinema de Eugène Green. Toutes le Nuits (2001), o primeiro filme, parece um tratado sobre a maneira como a lente capta o olhar humano. Os inúmeros diálogos acontecem com os interlocutores olhando diretamente para a câmera, enquanto esta alterna seu lugar dentro de um eixo anteriormente estabelecido entre os atores. O olhar é filmado de perto, de longe, à meia distância. Depois ele brinca com o contracampo clássico, tendo uma pequena parte de quem ouve como guia. Mas é tudo tão esquisito, as falas antinaturalistas, Brecht, Straub e Artaud num mesmo caldeirão. Dá pra ver que é uma elegia ao poder do teatro e da pintura, artes em que Green começou a atuar.
A crítica francesa parece preferir esse primeiro filme em sua pequena carreira (de apenas quatro filmes como diretor, um deles é curta), mas eu fico com o segundo, Le Monde Vivant (o das fotos acima), de 2003, com o mesmo estilo e o mesmo grupo de atores, mas num tom de fábula medieval, uma história de ogro, princesas presas em castelos, cachorro chamado leão, crianças sendo presas para servirem de comida, asnos velozes e árvores que falam. Parece o mundo ideal para as obsessões de Green com o olhar e com o ator se movendo na paisagem. Vários planos de Le Monde Vivant são de antologia. Destaco as duas lutas com o ogro, filmada só com planos de detalhe (aliás, o ogro nunca é visto, só vemos partes dele), a reaparição do cavaleiro do leão (o plano das mãos no escuro é dos mais belos que eu já vi), e a cama vazia do quarto mais vazio ainda enquanto os pais falam sobre o sumiço do filho fora de quadro, logo no início do filme.
Ver esses dois filmes de Eugène Green ainda faz com que pratiquemos o francês, pois tudo é dito tão claramente, sem comer sílabas ou emendar palavras grotescamente (o que é muito comum), que eu nem precisei de legendas, e meu francês tá pra lá de enferrujado, com uma ferrugem de quase dez anos. Um amigo meu gostava dos filmes de André Téchiné porque ele obrigava os atores a falar um francês perfeito, e como ele era apaixonado pela língua francesa (tendo me dado várias e preciosas dicas tempos atrás), se sentia em êxtase ao ouvir os atores em Rosas Selvagens ou Rendez-vous. Confesso que o francês desses filmes de Téchiné não me pareceu nada fácil de se entender, e que comparado ao dos filmes do Green, são dialetos quase incompreensíveis.

sábado, 18 de agosto de 2007


Parafraseando Ailton Monteiro, sempre achei que os filmes de Daniel Filho fossem melhores que o trailer. Até o penúltimo, isso acontecia com todos. Mas eu esperava sempre uma tremenda bomba e vinha uma bomba modesta, um miquinho dourado. Ou esperava um filme fraco e vinha um filme mediano (caso de Se Eu Fosse Você). No caso de O Primo Basílio, eu sinceramente esperava pelo pior filme nacional dos últimos tempos, e como já sabia que iria ver de qualquer jeito, esperava passar duas horas lastimáveis dentro do cinema, por teimosia ou masoquismo mesmo.

Mas eu estava errado. O filme não chega a ser bom. Tem uma necessidade muito grande de justificar o comportamento da empregada, para depois fazer com que ela seja uma diaba, enquanto a Falabella maltratava ela e a outra criada e depois fica realmente sentida por ter mandado uma delas embora. Além de um didatismo exagerado para mostrar a época e o comportamento de alguns personagens, como a de Simone Spoladore.

A decupagem, em alguns momentos, me pareceu um desastre, e isso fica sensível em todo o miolo do filme, desde o primeiro encontro no Paraíso até a volta do marido Gianecchini - que por sinal, está falando igual ao mecânico da novela passada (ou retrasada, não lembro mais). Também não lembrava nada do livro, lido nos tempos do ginásio, há mais de vinte anos, e por isso não tenho a menor condição de saber o quanto da caracterização pesada da Falabella ou de outras coisas grotescas da trama vêm de Eça de Queirós ou de Daniel Filho.

As cenas de sexo no Paraíso são meio pseudo-estilizadas, mas estão de acordo com a linguagem visual do filme e a recriação canhestra, o que me pareceu proposital, da São Paulo de 1958. E a primeira cena de sexo entre Falabella e Fábio Assunção é surpreendentemente muito boa. Como também é boa a idéia visual da carta que revela o adultério para o Gianecchini, com as palavras se fundindo à sua cara de corno.

Vendo o filme me lembrei da clássica explicação para o sucesso das pornochanchadas dos anos 70, de que o público queria ver as artistas da novela das oito nuas no cinema. Hoje em dia, creio que esse tipo de apelo não funcione mais tanto. Talvez haja uma estranheza maior com o fato de que a mulher do Antenor na novela da vez é agora uma empregada envelhecida e malvada, e o bonzinho bobo que não tem nada de humano é um cara nojento e individualista, o Basílio que mostra que Assunção se sai muito melhor fazendo o papel de mau caráter do que o de guardião do politicamente correto. Deu saudades do Renato Mendes.

Noves fora, Primo Basílio é o melhor filme de Daniel Filho.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Alguns filmes vistos nos últimos meses. Sempre que penso em acabar com este blogue e parar de perder tempo com a blogosfera, resolvo postar algo assim, porque sei que depois posso me arrepender. Tirei algumas revisões e alguns filmes que já comentei por aí (porque ia ficar muito grande)

(revisões em negrito)

J'Entends Plus la Guitare - Philippe Garrel (DviX) * * * *
Le Revelateur - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
La Cicatrice Interieure - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Máscara da Traição - Roberto Pires (Canal Brasil) * * *
Les Baisers de Secours - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Le Vent de la Nuit - Philippe Garrel (DviX) * * * *
Calvaire - Fabrice Du Welz (Cinesesc) * * * *
Gordos e Magros - Mário Carneiro (VHS) * * *
Conte de Cinema - Hong Sang-Soo (DVD) * * * *
La Naissance de L'Amour - Philippe Garrel (DviX) * * * * *
Zodíaco - David Fincher (Arteplex 1) *
Escola de Idiotas - Todd Phillips (Arteplex 8) * *
Nacho Libre - Jared Hess (DVD) *
Alpha Dog - Nick Cassavetes (Arteplex 2) *
O Engenho de Zé Lins - Vladimir Carvalho (Pantanal 8) * * *
Proibido Proibir - Jorge Durán (Pantanal 8) *
Querô - Carlos Cortez (Pantanal 8) * * *
Helena Zero - Joel Pizzini (Pantanal 8) * * *
Rocky Balboa - Sylvester Stallone (DviX) *
Sahara - Breck Eisner (DVD) *
Piratas do Caribe: O Fim do Mundo - Gore Verbinski (Arteplex 1) *
Escola do Riso - Mamoru Hosi (Cinesesc) * * *
Mods - Serge Bozon (DviX) * * * *
Ladrões de Cinema - Fernando Cony Campos (R.Cultural 4) * * * *
Um Assunto de Mulheres - Claude Chabrol (VHS) * * * *
A Teia de Chocolate - Claude Chabrol (DVD) * * * * *
Depois do Casamento - Susanne Bier (R.Cultural 3) *
A Vida Secreta das Palavras - Isabel Coixet (Arteplex 5) *
Carga Explosiva - Cory Yuen (DVD) * * *
Os Saqueadores - Walter Hill (DVD) *
Napoleon Dynamite - Jared Hess (DVD) *
Alô Alô Carnaval - Adhemar Gonzaga (CCBB) * * * *
Harry Potter e a Ordem da Fênix - David Yates (Arteplex 1) * *
Ratatouille - Brad Bird (E.Uni 1) * * * *
Depois da Vida - Hirokazu Kore-eda (DVD) * * *
A Escolha de Sofia - Alan J. Pakula (DVD) *
O Chamado de Deus - José Joffily (DVD) * * *
Duro de Matar - John McTiernan (DVD) * * * *
Duro de Matar 4.0 - Len Wiseman (E.Uni 1) * * *
As Doze Cadeiras - Tomás Gutierrez Alea (Memorial 1) * * * *
Sofá-cama - Ulisses Rosell (Cinesesc) * *
Al Outro Lado - Gustavo Loza (Cinesesc) *
Arcana - Cristóbal Vicente (Cinesesc) * * * *
Araya - Margot Benacerraf (Memorial 1) * * * *
Mais que Nada no Mundo – Andrés León Becker e Javier Solar (Memorial 1) *
A Vida Imune - Ramón Cervantes (Cinesesc) mico
Dias de Santiago - Josué Mendez (Cinesesc) * *
Vésperas - Daniela Goggi (DVD) * *
Macário - Roberto Gavaldón (Memorial 1) * * *
O Castelo da Pureza - Arturo Ripstein (Cinesesc) * * * *
Noticias Distantes - Ricardo Benet (DVD) *
Drama/Mex - Gerardo Naranjo (DVD) *
Las Cruces - Rafael Rosal (DVD) *
As Águas Descem Turvas - Hugo Del Carril (DVD) * *
Mariposa Negra - Francisco Lombardi (Memorial 1) * *
La Matinée - Sebastián Bednarik (DVD) * * *
JC Chávez - Diego Luna (DVD) * * *
A Idade da Peseta - Pavel Giroud (DVD) *
US/Nosotros - José Eduardo Alcázar (DVD) *
A Casca - Carlos Ameglio (DVD) * * *
As Mãos - Alejandro Doria (DVD) *
Glue - Alexis de Santos (DVD) * * * *
Sherlock e Eu - Thom Eberhardt (DVD) * * *
Bobby - Emilio Estevez (E.Uni 3) *
Saneamento Básico, o Filme - Jorge Furtado (E.Uni 2) *
Quebra de Confiança - Billy Ray (Arteplex 2) * * *
Transformers - Michael Bay (Arteplex 7) *
O Príncipe das Sombras - John Carpenter (DVD) * * * *
El Chacal de Nahueltoro - Miguel Littin (DviX) * * *
Os Inundados - Fernando Birri (DVD) * * *
Crônica de um Menino Só - Leonardo Favio (DVD) * * * *
Na Selva Não Há Estrelas - Armando Robles Godoy (DVD) * * * *
Caribe - Esteban Ramirez (DVD) *
Delírios Mortais - John McTiernan (DviX) * * *
Os Simpsons, O Filme - David Silverman (E.Uni.1) * * * *

domingo, 12 de agosto de 2007

Sessão gratuita de A Montanha Sagrada, do maluco Alejandro Jodorowsky na segunda-feira dia 13 de agosto. Eu não estarei em sampa no dia, mas é realmente uma sessão imperdível.

Será na Rua Augusta, 1239, 1º andar, às 19h. Mais informações no Mundo Paura.

sábado, 4 de agosto de 2007

Não sou muito de indicar textos por aqui, até porque isso exigiria uma disciplina que eu não tenho como manter, mas esse texto do Morris - que escreve sazonalmente na Contracampo, daí a indicação - para Conceição é um primor. Partidário, tendencioso, e aberto a outros perigos diversos. Tinha tudo para ser um fiasco de arbitrariedade, mas é um senhor texto.

http://www.contracampo.com.br/87/pgconceicaomorris.htm

Vamos ver se com ele o Plano Geral da Contracampo é revitalizado.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Site da paisà novamente atualizado, com textos sobre Still Life, Conceição, Bobby, Pauline na Praia e O Raio Verde, e outros mais...

www.revistapaisa.com.br

E pra não dizerem que não falei do outro mestre que passou, o top Antonioni que manderei para a Liga dos Blogues.

1 - Profissão: Reporter
2 - O Eclipse
3 - O Grito
4 - Blow Up
5 - A Noite
6 - Zabriskie Point
7 - A Aventura
8 - Deserto Vermelho
9 - O Mistério de Oberwald
10 - Cronaca di un Amore

não vi - por pura besteira, porque tenho gravado: Identificação de uma Mulher