sexta-feira, 15 de agosto de 2008

http://chiphazard.zip.net/

chip hazard em nova casa. post derradeiro (em minúsculas, para evocar o princípio deste blog).

derradeiro em termos, pois vi que no blog do Carlão o espaço acabou, e se isso acontecer este blogspot volta a pulsar (bem, os arquivos devem continuar por aqui).

espero que gostem. deve seguir a mesma pegada macaco: acertou ganha banana, errou leva choque.

relevem os posts iniciais (tamanho de foto, fontes, disposição). aos poucos vou aprendendo a mexer por lá.

para fechar da maneira esquizofrênica habitual. frase ouvida recentemente por um amigo meu, em Lisboa (homenagem aos amigos portugueses).

um homem diz para uma mulher, após três minutos de atraso de uma apresentação:

"o rigor da hora já se perdeu".

bela frase. porque nós, brasileiros, temos que maltratar tanto língua tão bela?

atualização: reparei, ao fazer os links do UOL, que o blogspot, sei lá por quê, invertia a ordem dos dois últimos blogs, o do Leandro e do Heráclito. Bizarra essa inversão. Será que o blogspot tem outra ordem alfabética? No Uol acabei copiando igual ao que estava, e só depois percebi.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Novamente a Dirigido por... Março de 2003, trechos de entrevista com Brian De Palma:

- Pero Femme Fatale no está acaso centrada en la historia de un personaje?

No. (...) Es una pelicula donde lo visual es más importante que los personajes y lo argumento.

- Como norteamericano, que pudiste mostrar de Paris que no muestran los franceses?

No creo que los franceses sepan cómo mostrar su propia ciudad. La mayoria de las peliculas que vemos que están filmadas en Paris tratan sobre dos personas que están hablando en un café. Me parece que no tienen una idea visual muy fuerte sobre la increíblebelleza que tiene esa ciudad y cómo se puede mostrar en una pelicula.

- Te has ganado la fama de ser un director que está siempre enojado. A que se debe tanta ira?

Que por qué estoy tan enojado? Tal vez porque creo que todo esse sistema no ha sido establecido para beneficiar a los realizadores creativos. Tenemos que luchar duramente contra la maquinaria de la comercialización para poder hacer buenas películas. Com este sistema se vuelve casi imposible poder hacer peliculas originales. (...) Cuando Tom Cruise me vino a ver y me propuso que hicieramos Misión Imposible 2, le pregunté si estaba loco. A quien se le ocurriria hacer dos veces la misma pelicula? Le pregunté si se le ocurría alguna otra razón que no fuera el dinero que ibamos a ganar y es lo que yo siempre me pregunto. Es que estamos en esto sólo para ganar dinero?

- Alguna vez ha sido un director feliz?

No, siempre he encontrado algo en esta profesión que me ha arruinado el día...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


A foto acima é de uma das maiores obras-primas do cinema: O Intendente Sansho, de Kenji Mizoguchi. Ideal para ilustrar este post feito para anunciar nosso curso, a ser realizado de setembro a novembro.

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PANORAMA DO CINEMA JAPONÊS

Dividido em três módulos, o curso pretende dar um panorama desse cinema riquíssimo, muito falado, mas pouco visto e discutido que é o cinema japonês, com base na análise das obras de alguns de seus principais diretores. Todas as aulas terão um filme base, que será exibido na íntegra, e uma análise da carreira do diretor enfocado, com trechos de alguns de seus filmes mais importantes.

O módulo I abordará os mestres, desde o mais ligado a uma tradição contemplativa da cultura e da narrativa japonesa (Ozu) até o mais ocidentalizado (Kurosawa), passando pelos mestres no retrato das mulheres nipônicas (Mizoguchi e Naruse).

O módulo II analisará o cinema moderno japonês (que foi chamado de nouvelle vague japonesa), um cinema iconoclasta, de estéticas radicais e de algum escândalo, como por exemplo, Nagisa Oshima, o cineasta dessa geração mais famoso no ocidente em razão de seu Império dos Sentidos.

O módulo III buscará compreender os cineastas contemporâneos, as diferenças estéticas entre eles; a opção pelo cinema fantástico em Kiyoshi Kurosawa e a violência estetizada de autores como Takeshi Kitano.

MÓDULO 1 – OS MESTRES

(dia 4/09)

1) Yasujiro Ozu e a poesia do cotidiano.
-filme base: Bom Dia

(dia 11/09)

2) Kenji Mizoguchi: a força de um olhar.
-filme base: O Intendente Sansho

(dia 18/09)

4) Akira Kurosawa e o flerte com o ocidente.
-filme base: Trono Manchado de Sangue

(dia 25/09)

3) Mikio Naruse e a mulher japonesa.
-filme base: Mamãe

MÓDULO 2 - A NOUVELLE VAGUE JAPONESA

(02/10)

1) Nagisa Oshima e a ousadia conceitual
filme base: Juventude Desenfreada

(09/10)

2) Shohei Imamura e a marca da crueldade
filme base: Todos Porcos

(16/10)

3) Seijun Suzuki e a ousadia formal
filme base: Tokyo Violenta (ou A Marca de um Assassino)

(23/10)

4) Hiroshi Teshigahara: a parceria com o escritor Kobo Abe
filme base: A Mulher das Dunas

MÓDULO 3 - O CINEMA JAPONÊS CONTEMPORÂNEO

(30/10)

1) Takeshi Kitano: a versatilidade
filme base: Hana-bi

(6/11)

2) Kiyoshi Kurosawa: o verdadeiro novo mestre do Terror
filme base: Cure

(13/11)

3) Hirokazu Kore-eda e o místico oriental
filme base: Depois da Vida

(20/11)

4) Takashi Miike: entre a sugestão e a ultra violência
filme base: Audition

O curso tem um total de doze aulas, de três horas e meia cada.

Às quintas-feiras, das 19h30 às 23h.


Professores:

Sérgio Alpendre é editor da Paisà e redator da Contracampo.

Francis Vogner dos Reis é redator da Cinética e da Paisà.

Filipe Furtado é editor da Paisà.

QUANTO: R$ 400,00 em duas vezes, ou R$ 350,00 (em uma parcela).

ONDE: Rua Aureliano Coutinho, 278 - conj. 32
Higienópolis - São Paulo Fone: 3825-8141 / 7414-3534

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O primeiro Antonio Reis (foto) a gente nunca esquece. Sensacional Trás-os-Montes, que ele fez com sua mulher Margarida Cordeiro em 1976. Moradores de várias aldeias da região (norte de Portugal) interpretando o próprio cotidiano. São emocionantes as seqüências de fábula, que invadem o documental com uma sutileza incrível. Diante de um filme desses eu nem sei bem o que dizer. Fico pasmo, emocionado, intrigado, e sem palavras. Lembrei de Straub, claro, e por conseqüência de Pedro Costa (em alguns momentos), de Veredas, do Monteiro (que pelo que me lembro e pelo que conversamos depois da sessão, se passa na mesma região), dos primeiros do Herzog. Fiquei procurando a aldeia do meu avô, Guarda, ou a da minha avó, Fetera. Mas elas não aparecem no filme. Devem ser de outra região. Uma delas, diziam na família, era cercada por montanhas, e de difícil acesso.

sábado, 2 de agosto de 2008

Vários filmes de Aleksandr Ptushko (http://www.imdb.com/name/nm0699693/) estão disponíveis no Karagarga. Alguns estão no emule também. São raríssimos, e muito bons. Ptushko tinha um senso incomum para o uso das cores, sabia pintar com a câmera, para usarmos mais um clichê. Suas obras são sempre fantásticas, como o primoroso Sadko (Simbad em russo, de 1953), que nada deve aos de Nathan Juran e Gordon Hessler (na verdade, é melhor), apesar do genial Ray Harryhausen não estar neles com seus efeitos especiais. Outro filme de destaque é Ilya Muromets, de 1957, igualmente impressionante no uso das cores e no respeito às entonações dos atores (nunca soterrados pelos efeitos especiais). Agora apareceu aquele que é seu filme menos desconhecido entre os cinéfilos brasileiros: Flor de Pedra, de 1946 (foto), igualmente fantástico. Existem duas cópias disponíveis. Uma delas está toda picotada, mas preserva o colorido original, que é de arrepiar. A outra está toda em sépia, perdendo o que seria seu maioir trunfo, mas já me disseram que está em melhor estado de conservação. Apareceu também sua versão para A Viagem de Gulliver, que explora animação de massinhas (os liliputianos) e um ator de verdade (Gulliver). Vale a pena ir atrás desse cineasta que nunca deverá ser reconhecido como um dos grandes. Aliás, vale avisar que já li seu nome de outras maneiras. Ptchuko é uma delas. Patushko é outra.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Pego o jornal de hoje para ver as estréias de cinema e o que encontro? Sub cinema comercial de países diferentes. Daniele Luchetti (de filmes ordinários como A Escola), volta com Meu Irmão é Filho Único. Um dos genéricos mais desinteressantes de Hollywood volta com um terceiro episódio, A Múmia - Tumba do Imperador Dragão. Quem viu o trailer de Quando Estou Amando, de Xavier Gianolli sabe que dá para esperar, no máximo, que o filme não seja constrangedor. Em cartaz, dá para contar nos dedos de uma mão os grandes filmes: Allen, Chabrol, Kar-wai... nomes já tarimbados, que mesmo assim de vez em quando falham de aparecer em nossos cinemas.

É por isso que quando aparece um filme melhorzinho como A Questão Humana muita gente recebe como se fosse uma obra-prima, ou um filme besta como O Segredo do Grão passa como se fosse grande arte. Ou ainda o Batman - do qual até gosto - é saudado como uma lição de dramaturgia, o que permite reações igualmente exageradas de quem só o enxerga como lixo.

Sei lá... não gosto desse tipo de post apocalíptico, que fica parecendo mais auto-promoção (posar de rigoroso e revoltado sempre causa impressões, boas e más), e vocês bem sabem que eu estou de saco cheio de tanta auto-promoção que vejo por aí. Ainda mais que sempre aparece quem diz que as coisas sempre foram assim, que os períodos de vacas magras sempre aconteceram no circuito comercial (o que não deixa de ser verdade, mas desta vez as vacas já morreram de desnutrição). Mas não podia deixar de traduzir em palavras um estado de desânimo com essas distribuidoras cautelosas demais e de gosto médio demais, e com a impressão de que as coisas só vão piorar com essa maldita projeção digital. Claro que um Straub não tem espaço neste cenário, nem mesmo um Rohmer, e até De Palma quando ousa um pouco mais é desprezado. Assim, volto às raridades que posso ver em casa, como o belíssimo Une Page Folle, de Teinosuke Kinugasa, que, como maneira de enfrentar a mediocridade vigente, coloquei para ilustrar o post.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ok, quem perdeu Outrage desta vez, que veja quando reprisar em agosto. O filme da bela Ida Lupino consegue ser melhor que Hitch-hiker e The Bigamist, que ela fez em seguida, e que já são um assombro. Curioso que até a cena do estupro - um primor, com a câmera se afastando para revelar um vizinho incomodado com a buzina que disparou - havia travellings e panorâmicas enfurecidas, com enquadramentos oblíquos e cheios de informação. Após essa cena, há apenas a contenção, necessária para que a personagem de Mala Powers se recupere do trauma. O encontro com o missionário, que após ajudá-la quer afastá-la o mais rápido possível, para que ela reencontre a família e o noivo, mas também para que não o desvie de sua missão (e como ele olha para os céus agradecendo no final, quando ela entra no ônibus...). É de chorar, realmente.

Para retomar o blog com classe uma indicação de um filme raro, Outrage (O Mundo é o Culpado), dirigido por Ida Lupino. Vale a pena colocar no Telecine Cult às 16h40 para ver. Como o filme é de 1950, não tem perigo do canal adulterar a imagem com seu hábito de passar quase tudo em tela cheia. No dia seguinte, o mesmo canal passa Robber's Roost (Covil de Feras, 1955), de Sidney Salkow. O Telecine de vez em quando respira bom e inusitado cinema.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Quando vi O Porteiro da Noite pela primeira vez, em VHS, achei muito barulho por nada. Tudo ali me pareceu fazer sentido unicamente pelo choque, e como eu tinha visto Berlin Affair, da mesma Liliana Cavani, na mesma época, praticamente me desinteressei pela diretora, a não ser pouco tempo depois quando a TV exibiu Atrás Daquela Porta, igualmente inflado e besta. Agora revi O Porteiro da Noite, que é seu filme mais elogiado, no Belas Artes, e o filme, curiosamente, me pareceu uma nulidade como há muito tempo eu não via. São 110 min de um nada cinematográfico, com flashbacks "artísticos", interpretações hipnotizadas (claro, é um filme de arte), personagens incoerentes (e não estou falando da incoerência que existe em todos nós, mas numa incoerência anterior, que invalida qualquer pensamento, qualquer construção ou representação), o que é grave porque temos dois grandes atores em cen: Dirk Bogarde e Charlotte Rampling. Liliana Cavani teve a manha de fazer um dos filmes mais insossos e estúpidos sobre um tema forte e pertinente. Um atentado a qualquer noção de dramaturgia

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fassbinder, em meados da década de 70, disse que já não admirava mais Claude Chabrol, pois o diretor francês tinha parado de amar seus principais personagens. Lembrei disso enquanto via o belíssimo Uma Garota Dividida em Dois, pois acompanhamos, com certa cumplicidade zombeteira, três personagens estereotipados - a jovem deslumbrada que quer deixar de ser santinha, o escritor rico e libertino que sabe viver a vida, e o herdeiro mimado de um químico famoso (um rato de laboratório, literalmente). A certa altura, o advogado (Thomas Chabrol, filho do diretor com a atriz Stéphane Audran), após um diálogo tenso com a mãe do herdeiro mimado (Caroline Sihol), sai da casa dela com uma reação que resume indignação, desprezo, saco cheio: uma careta acompanhada de um calafrio de deboche. É um belo resumo do filme (e por isso é a foto do post), que mais do que nos últimos de Chabrol, carrega uma verve observacional cruel e brilhante que poucos diretores parecem capazes de ter. Outro belo resumo: a lágrima que cai do rosto de Ludivine Sagnier enquanto ela está sendo cortada em dois pelo tio. Se é preciso uma tragédia para revelar o que esses curiosos fantoches têm de humano, que venha a tragédia. De resto, é preciso dizer que temos um verdadeiro show de François Berléand e de Benoît Magimel, e a melhor atuação de Sagnier.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dia desses vi Número 23, porque estava curioso com o que Joel Schumacher teria feito com um tema que pode até dar em coisa interessante, mas o mais provável é que dê em lixo. E é lixo mesmo. Não sei por quê acompanho a carreira desse diretor, mas o fato é que acompanho, com algumas lacunas.

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo's Fire, 1985) *
Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, 1987) *
Um Toque de Infidelidade (Cousins, 1989) * * *
Linha Mortal (Flatliners, 1990) *
Tudo por Amor (Dying Young, 1991) mico
Um Dia de Fúria (Falling Down, 1993) *
O Cliente (The Client, 1994) mico
Batman Eternamente (Batman Forever, 1995) mico
Tempo de Matar (Time to Kill, 1996) * * *
Batman & Robin (1997) mico
8 mm (1999) *
Por Um Fio (Phone Booth, 2002) *
Número 23 (Number 23, 2007) mico

domingo, 20 de julho de 2008

Devo ter assistido a uns três ou quatro episódios de Arquivo X. Sou o contrário de um especialista no assunto. Mas sempre estranhei que não houvesse uma atração sexual enrustida entre Fox Mulder e Dana Scully. Pelo menos no seriado. No longa de 1998 dirigido por Rob Bowman, que eu não tinha visto ainda, eles até chegam a se beijar - mas são interrompidos por uma abelha. É uma trama interessante a de Arquivo X - O Filme (The X-Files - Fight the Future), mas chega a hora em que tudo tem que virar uma correria, com a velha dilatação de tempo, etc... O legal era o trabalho de dedução da dupla. Curiosa a seqüência da perseguição no milharal. Lembrei logo de Intriga Internacional, claro. Aí vejo a Trivia do imdb e tenho a confirmação de que o longa de 1958 (e sua famosa seqüência de perseguição a Cary Grant) foi mesmo uma inspiração, e de que Martin Landau está nos dois filmes. Ora, quanto tempo não vejo a obra-prima de Hitchcock.

Arquivo X - Eu Quero Acreditar estréia no próximo dia 25, e é dirigido pelo criador de tudo, Chris Carter. Desta vez devo ver no cinema.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Trechos de uma entrevista sensacional com Alain Resnais (foto) e Alain Robbe-Grillet, feitas por André Labarthe e Jacques Rivette, e publicadas na Cahiers du Cinema 123, de outubro de 1961. Tradução de Monique Rutler, para um catálogo de 1992 da Cinemateca Portuguesa:

RESNAIS: Quando vejo um filme, o jogo dos sentimentos interessa-me mais do que os personagens. Penso que se pode chegar a um cinema sem personagens psicologicamente definidas, em que o jogo dos sentimentos circularia do mesmo modo que num quadro contemporâneo o jogo das formas consegue ser mais forte do que a anedota.

ROBBE-GRILLET: ... as pessoas admitem perfeitamente encontrar na vida real um monte de elementos reais irracionais ou ambíguos e essas mesmas pessoas se queixam de as encontrar também nas obras de arte, nos romances ou nos filmes, que deveriam obviamente apresentar algo mais tranquilizador do que o mundo real. Como se a obra de arte fosse feita para explicar o mundo, para tranquilizar o homem em relação ao mundo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

The Lawless, de Joseph Losey (1950): o jornalista dá a notícia para os pais do fugitivo capturado. Sim, eles poderiam ver o filho. Os pais se dirigem, então, à outra sala, onde o filho está, e o encontro ocorre, com o casal principal (os jornalistas) observando a cena. Um único plano dá conta de toda a emoção que há para se captar; a dos que ajudam a sanar injustiças, e a dos injustiçados. O procedimento retorna em outro momento tocante, quando o jornalista deixa o fugitivo na porta de sua casa, e este é recebido pela mãe com um abraço. Isso acontece depois de Losey ter realizado alguns travellings discretos e muitas panorâmicas para perseguir os atores (no que ele se assemelha ao Buñuel de L'Âge D'Or).

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Recebi o seguinte recado de Camila Vieira (destaque para o nome do local onde será realizado o debate com Ruy Gardnier, Francis Vogner dos Reis e Marcelo Ikeda):

No dia 19 (sábado), às 19h30, acontece a pré-estréia do longa-metragem cearense Praia do Futuro, no Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro, em Fortaleza (Ceará). O filme é um longa-metragem coletivo em 15 episódios, realizado por 17 cineastas e idealizado pela produtora cearense Alumbramento (a mesma que produziu Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo). Após a sessão, haverá show com as bandas Cidadão Instigado e Mirella Hipster, na Praça do Ferreira.

No dia 21 (segunda), haverá debate sobre o filme, às 19h, no Alpendre. A entrada é franca nos dois dias.

sábado, 12 de julho de 2008

Ontem foi o meu primeiro dia no 1º Festival de Paulínia de Cinema, e a primeira sessão foi Iluminados, longa de Cristina Leal que sugere um exercício para seis diretores de fotografia tarimbados - Edgar Moura, Pedro Farkas, Fernando Duarte, Dib Lufti, Walter Carvalho e Mário Carneiro, e é interessante ver como cada um se saiu na prova. Existe algo de programático no longa, e que impede qualquer surpresa, a não ser a que os fotógrafos mesmo impõe ao exercício. É muito mais interessante de se ver do que importante para a reflexão sobre a linguagem cinematográfica, e se isso não é um defeito a priori, anula um pouco as possibilidades de se ver esses craques em ação.

Depois veio a estréia de Selton Mello em longas-metragens, com Feliz Natal, que conta com Paulo Guarnieri - pai de Francisco, redator da Paisà - que estava afastado do cinema há 8 anos. É decepcionante na linha quase acadêmica que tem se popularizado depois que os Dardenne ganharam Cannes com Rosetta: câmera colada nos atores, desfocadas estratégicas - e às vezes bem bonitas - e uma necessidade patológica de se criar poesia e explicar as motivações dos personagens. Por exemplo, entendemos o espanto de todos ao saberem que o personagem de Leonardo Medeiros abriu um ferro velho quando um flashback desastroso nos explica o que já tinha sido bem sugerido perto do final do filme. Medeiros, por sinal, devia ser proibido de usar camisa de flanela no cinema, pois essa imagem de marginal simpático já está desgastada demais. O filme é tão mais decepcionante por ter influência confessa de Cassavetes, e por Selton Mello ter bom gosto cinematográfico (citou Bressane, Sganzerla, Candeias e Tonacci). O problema é que bom gosto não basta para fazer um bom filme. Curiosamente, a platéia aplaudiu calorosamente e em cena aberta dois dos momentos mais problemáticos de Feliz Natal: a piada óbvia com os fumantes e o clipe catártico com a música crescendo. É o típico caso de filme em que os bons planos - que acontecem especialmente na primeira metade, estão sufocados por idéias mal buriladas (excesso de idéias quase sempre é prejudicial nesses casos).

terça-feira, 8 de julho de 2008

Está confirmado: Christopher Nolan, que continua incompetente em muitos sentidos, mas tem cada vez mais consciência de suas limitações, deveria se restringir à franquia Batman, e abandonar todo e qualquer projeto que não tenha o morcegão envolvido. E Heath Ledger morreu justamente quando tinha atingido o máximo de sua arte.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

http://www.festlatinosp.com.br/port/2008/index.html

É a programação do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que começa nesta terça-feira, com retrospectivas imperdíveis de Tomás Gutiérrez Alea e Fernando Solanas. Do primeiro, recomendo as obras-primas A Morte de um Burocrata e Memórias do Subdesenvolvimento. E não perderei Os Sobreviventes, que não conheço. Do segundo, tenho especial apreço por A Nuvem (foto acima), obra que tinha tudo para cair no ramerrão poético do cinema artístico, mas consegue ser enfaticamente político sem soar panfletário, estranho até o fundo da alma. El Sur também é especial. Gosto também dos documentários A Hora dos Fornos (do qual só vi metade, infelizmente) e Memórias do Saqueio, sobre a época do panelaço.

Existe também a Mostra Desdobramentos do Cinema Novo, com obras (uma de cada) de diretores como Arturo Ripstein, Miguel Littin e Hector Olivera, além dos brasileiros Walter Lima Jr., Andrea Tonacci, Ozualdo Candeias e Rogério Sganzerla.

Claro que sempre existem coisas boas entre os contemporâneos, e cabe a cada cinéfilo encontrar os seus preferidos.

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Esquizofrenicando novamente o blog (neologismo = magrismo):

Fico impressionado com a chatice que anda o futebol brasileiro. De divertido, só ver a empáfia do Renato Gaúcho caindo dia após dia (e hoje ele reclamou que o Flu foi roubado - é muita cara-de-pau). E as declarações do Muricy, claro. O reporter que fizer uma pergunta para ele deve estar realmente preparado. Os jogos andam muito chatos, cheios de melindres. Os juizes comentaristas da Globo só atrapalham. O cara relou no outro, é falta. Um jogo de corpo, é falta. Braço com braço, é falta no que cair primeiro. Pombas, os caras não viram nenhum jogo da Eurocopa? Lá os juizes não apitam qualquer faltinha. Eles consideram que é um esporte viril, que envolve contato físico. O jogo fica mais corrido, emocionante, sem quedas a toda hora para levar o juiz a apitar falta, essa velha e insuportável malandragem brasileira.

domingo, 6 de julho de 2008

O mais justo seria uma foto com Rosário Dawson, que é disparado o melhor motivo para se ver O Balconista 2. Ela nunca esteve tão bonita - nem em Death Proof e Alexandre - quanto nesta continuação para o sucesso indie de Kevin Smith. Ela se apaixona por um gordinho de cavanhaque (sim, o balconista principal dos dois filmes, vivido por Brian O'Halloran, que faz uma ponta em Fim dos Tempos, vejam só), que não consegue disfarçar sua barriga. E no filme tem de tudo: um grandalhão apaixonado por um jumento, fãs exaltados de O Senhor dos Anéis, um melhor amigo que só sacaneia e que está empenhado a devolver à expressão "porch monkey" sua inocência original (é uma expressão considerada racista nos EUA), a aparição curiosa de Jason Lee com o visual de My Name is Earl, Jay e Silent Bob com piadas que raramente têm graça, e um tocante elogio à amizade. É mais um filme irregular do diretor. Mas como Menina dos Olhos (Jersey Girl), por algum motivo é legal de se ver.

sábado, 5 de julho de 2008

Interessante que tenha estreado em São Paulo O Balão Vermelho e O Cavalo Selvagem, dois médias bem bacanas de Albert Lamorisse. É uma oportunidade que os cinéfilos paulistas têm de conhecer esse cineasta combatido por Truffaut e amado por Bazin.

São filmes de fábula, elementos mágicos e pouco diálogos. Truffaut falava que o balão segue o menino à distância. Mas seus problemas com o filme, expostos num texto muito bem escrito, me parecem bobos. O Cavalo Selvagem é melhor que O Balão Vermelho, e o que importa se o tal cavalo tem atitudes próximas das humanas?
O final dos dois lembra bastante o de Os Incompreendidos, porque Truffaut queria mesmo dar uma resposta a esses finais que tanto tinham incomodado. Finais belíssimos, dos três filmes.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Cinturão Vermelho, de David Mamet, é um dos filmes mais tortos dos últimos tempos. E aquele começo já estava me convencendo de que seria uma porcaria, principalmente por aquele disparo acidental da arma. Mas talvez ele seja assim torto, desmedido, por estar entregue a uma única idéia: a honra como salvação para o capitalismo feroz. Dane-se o roteiro (vindo justamente de um roteirista). Isso o faz tão interessante que fica mais fácil relevar os buracos na narrativa. Muitas coisas não fazem sentido, e aqueles que pensarem estar diante de um desastre cinematográfico, se surpreenderão com um final belíssimo e super coerente. O anti-comercialismo extremo é aquele que se insinua tanto como produto industrial que vai comendo todas as entranhas da indústria sem que ela perceba. Uma verdadeira subversão.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Na semana passada, uma senhora na fila do Reserva estava revoltada por ter perdido O Segredo do Grão, de Abdellatif Kechiche. Ela se confundiu e achou que o filme tinha estreado, quando ele passou numa mostra de pré-estréias francesas. Não havia motivo para desespero, já que este terceiro longa do diretor é uma decepção tremenda. No ótimo A Esquiva (revisto e confirmado), há um olhar vigoroso para a juventude suburbana, imigrante, cheia de sotaques quase incompreensíveis. A câmera de Kechiche passeava com desenvoltura, numa das vezes em que a câmera treme por uma tentativa de se incluir em um mundo (como no caso dos filmes de Kawase), não para se filiar a um modismo. No primeiro e irregular La Faute a Voltaire, ele captava as incertezas do amor que nasce de onde menos se espera, e constrói algumas cenas bem bonitas com Elodie Bouchez. Neste O Segredo do Grão, tudo é meio derivativo desses dois primeiros filmes, das brigas aos berros do segundo aos olhares titubeantes do primeiro. Mas tudo é incrivelmente sem sal, diluição das mais canhestras. E perto do final há duas seqüências que correm em paralelo e que são inacreditavelmente constrangedoras. Será que Kechiche vai se tornar diretor de apenas um grande filme?

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Treze Dias que Abalaram o Mundo (Thirteen Days, 2000), de Roger Donaldson
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F I L M Ã O. É tudo que eu posso dizer desse filme de Donaldson sobre a Crise dos Mísseis. Ainda não investiguei a data de estréia no Brasil para saber por que diabos perdi a chance de vê-lo nos cinemas, mas realmente lamento. Há uma construção simples e perfeita: um bloco após o outro, formando paredes sólidas sem que um trabalhador braçal terminasse cansado. A tensão está na trama, em toda essa construção minuciosa cujo único paralelo que eu posso fazer é com dois filmes de Sidney Lumet: Doze Homens e Uma Sentença e Limite de Segurança. Há um enorme problema inicial que é a presença de Kevin Costner. O ideal é que o grande amigo e assessor dos irmãos Kennedy fosse interpretado por um ator menos conhecido, menos marcante, o que seria difícil, pois Costner é produtor. O problema é contornado com meia hora de filme, e a percepção de que todos os coadjuvantes, com destaque para Bruce Greenwood (como o presidente JFK) e Dylan Baker (como Robert McNamara) estão perfeitos. Nem mesmo a trilha sonora triunfalista de Trevor Jones, que é carregada especialmente nos minutos finais, atrapalha.

domingo, 29 de junho de 2008

Jogo de Amor em Las Vegas, de Tom Vaughan: começa muito ruim, medonho mesmo, com Ashton Kutcher fazendo mais uma variação do Kelso de That 70's Show (apesar de ser muito boa a matriz, as variações cansam), e Cameron Diaz mais careteira ainda que o normal. Quando volta pra NY, melhora um bocado, Kutcher vira um galã típico de comédia romântica (e se sai muito bem), Diaz fica bem mais bonita, Treat Williams faz bem o pai que humilha, e o amigo fiel que o homem sempre tem nesse tipo de filme é o engraçado Rob Corddry (no canto direito da foto), que havia feito o irmão bobo e violento de Michelle Monaghan em Antes Só Do Que Mal Acompanhado. Depois da sessão saí com a impressão de que tinha visto um filme besta, mas em alguns momentos cheguei até a chorar. É a velha manha aprendida em Hollywood, de fazer muito bem a lição de casa e nos enganar com um semi-entulho de casca reluzente e brilhante.

em tempo: tava no ponto de ônibus quando um gênio passou ouvindo "Amigo", de Roberto Carlos (da obra-prima de 1977). Mãe e filha que estavam no ponto olharam uma para a outra e disseram, quase ao mesmo tempo: "que brega".

atualização rápida do Melomania: Dead Can Dance:

www.melomania.blogspot.com

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Alguns amigos me cobram mais posts esquizofrênicos. Disse-lhes que já os faço em demasia. Mas solto mais um, exageradamente esquizo, contraditório que sou:

- Tremenda decepção com a revisão de A Questão Humana. Tá lá na Paisà, que por sinal foi atualizada. Essa cena em especial é bem bocó, mostrando a submissão do personagem de Amalric a um estado de coisas que ele mesmo perceberá como nocivo no decorrer do filme. Muitas passagens que haviam me agradado imensamente caíram como chumbo aos meus olhos, graças ao mecanismo aparente para criar poesia em imagens. Ando meio de saco cheio desse tipo de coisa. A cotação é mais positiva que o texto, o que reflete certo desconforto ainda não superado, e não de todo compreendido.

- E O Incrível Hulk do Leterrier? Que coisa mais bizarra. Aqueles personagens todos falando em português e eu não esquecia a dublagem de um filme catástrofe que passava no SBT, com formigas gigantes (não é o Then, que é delicioso, mas um bem tosco dos anos 80): "o quê?", "me dá isso", "agora vai pra lá". Mas é uma boa aventura, afinal de contas.

- Não falei aqui, mas achei o longa-metragem do Agente 86 bem decepcionante. Na cabine, passaram o primeiro episódio da série. Ao contrário do que o funcionário da Warner falou, não estava com a dublagem original. Uma pena.

- Fluminense x LDU. O que me encanta no futebol carioca é que eles muitas vezes jogam como se estivessem ainda nos anos 80, com pouca marcação e um toque de bola menos tático que no resto do mundo. Pois o LDU foi o time mais alegre no primeiro tempo, lembrando a Nigéria dos tempos áureos. No segundo tempo a equipe murchou, e deu espaço para o Flu se recuperar. Deverá ser um jogo eletrizante o do Maracanâ na quarta que vem.

- diálogo ouvido na Rua José Bonifácio, a caminho do Viaduto do Chá: "ele não tem pavio curto, ele não tem é pavio".

- Procura-se lugar para a realização de alguns cursos supimpas sobre cinema. Quem tiver sugestões, meu email está aí do lado.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Com um título em português absurdo - Uma Escola de Arte Muito Louca - vi finalmente o Art School Confidential, de Terry Zwigoff. Provavelmente é o melhor filme dele (repararam como eu tenho dito muito isso atualmente? coincidência). Nessa caso não diz muito mesmo, pois os outros que eu vi, Crumb e Bad Santa, são interessantes, mas nada demais. Neste filme de 2006, temos um estudante de arte que pensa ser um gênio, e cai no meio do caminho, quando descobre que seu talento é, na verdade, bem limitado. Curioso que ele se apega a estilos elogiados, ele precisa estar na crista da onda, e o personagem de John Malkovich, longe de paternalista, é mais um oportunista desse mundinho in. A crítica explosiva a esse mundinho (que é o mais interessante) é abandonada justamente quando o filme faz seu trajeto Pickpocket, culminando com a homenagem da cena final - bem bonita, aliás.

domingo, 22 de junho de 2008

Ainda Mizoguchi.

Em uma mesa redonda realizada em 1937 *, na qual o mestre, então com 39 anos, é confrontado impiedosamente em alguns momentos, muito se fala de Elegia de Osaka, seu último filme na época. Na primeira intervenção, Mizoguchi diz: "Seria melhor se estivesse presente Yoshikata Yoda (roteirista), que fica completamente à vontade nesse tipo de encontro. Quanto a mim, só digo coisas sem sentido."

Mais adiante, após uma pergunta capciosa, ele responde: "Quando acabo de rodar um filme, como posso dizer... me parece uma merda expelida a duras penas e que dá nojo só de olhar. Quando um filme meu está em cartaz numa sala normal de exibição, fico constrangido em passar em frente àquele cinema, não consigo ir vê-lo."

Vejam bem, frases ditas por um gênio do cinema, um dos maiores.

Quando penso que hoje em dia, com o mar de auto-promoção existente em todos os cantos, pessoas realmente talentosas são tolhidas ou se acanham por não ter estômago para tal prática, me dá uma imensa tristeza. Acredito ser necessária boa dose de autocrítica e insegurança para se alcançar um trabalho realmente bom, em quase todos os ramos em que se lida com um modo de expressão artístico, e a crítica de cinema não seria exceção. No sentido de que só assim podemos exigir mais de nós mesmos, e estar sempre querendo evoluir, aprender (com mais velhos ou mais novos, tanto faz), reler velhos textos, ir atrás de coisas que deviam ter sido lidas, mas não foram por algum descuido... Humildade, se resumirmos em uma única palavra.

O que Mizoguchi disse pode até ser interpretado erroneamente como falsa modéstia, disfarce de quem é consciente do que produz. Mas é, na verdade, uma boa lição, bombardeada constantemente por publicitários espertinhos - dentro ou fora da profissão de origem (a publicidade). Às vezes um ataque de egocentrismo (não me refiro em absoluto ao uso da primeira pessoa) pode ser muito mais prejudicial que a aceitação das limitações, e a compreensão de que algumas dessas limitações podem ser superadas com o tempo.

* no livro Mestre Mizoguchi - Uma Lição de Cinema, organização de Lúcia Nagib. Navegar Editora.

sábado, 21 de junho de 2008

Mulheres da Noite (Yoru no Onnatachi, 1948) tem diversas menções a doenças venéreas - sífilis em particular - e mostra como era dura a vida no pós-guerra de um Japão em ruínas. Kenji Mizoguchi não poupa o espectador. Joga-o num redemoinho de crueldade, do "cada um por si" que se assemelha ao apocalipse. Desnecessário dizer que se trata de mais uma obra-prima desse realizador que não pode ser deste mundo. Atenção para Kinuyo Tanaka, que seria a Oharu de uma outra obra-prima de Mizoguchi (Oharu - A Vida de uma Cortesã, 1952), e várias outras mulheres de Mizoguchi; e de Mikio Naruse (Nagareru, 1956). Dois dos maiores diretores a abordar os problemas femininos: um mais ligado à dramaturgia familar, aos problemas sociais e comportamentais (Naruse), outro vai na ferida, escancara a condição feminina no Japão de sempre, e quando fala do Japão medieval deixa claro que está sendo atemporal (Mizoguchi), ambos souberam valorizar o talento dessa atriz espetacular chamada Kinuyo Tanaka (nunca é demais repetir o nome dela).

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Melhor filme de M. Night Shyamalan? É muito provável. Li agora muitas coisas interessantes sobre Fim dos Tempos. Tanto de quem gostou, como de quem odiou. Antes de ver, só havia prestado atenção à bela sacada do xará José Oliveira (sim, também sou Oliveira), do Touro Enraivecido (link ao lado): "é um filme que começa nas nuvens, desce para baixo uma hora e meia e volta para os altos." Evitei ler qualquer outra coisa para ir virgem à sala de cinema, deixar-me surpreender por tudo que acontece, pelas artimanhas de Shyamalan, pelas pistas falsas de roteiro (ex: letreiros dizendo onde acontecem as desgraças - a não ser em Paris, ou estou equivocado?).

Mesmo se fosse só cenas de suicídio muito bem filmadas, faria justiça a Elefante, não o do Van Sant, mas o do Allan Clarke, uma obra-prima só com cenas de perseguição e assassinatos subseqüentes. O que dizer das atuações tão contestadas de Zooey Deschanel e Mark Wahlberg? Como deveriam se portar pessoas que enfrentam catástrofes desse tipo? E o que dizer da cara de Deschanel em sua primeira aparição? A dúvida, o tal de Joey, abandonar ou não o marido...

Os momentos que eu mais gosto são: os caras se atirando do prédio em construção; o carro batendo na árvore, o motorista voando, Leguizamo saindo e sentando na rua, apanhando um pedaço de vidro, e o fade ligeiro que se segue assim que ele começa a cortar os pulsos; os suicídios que ouvimos no outro grupo que saiu da estrada; as caras de atônitos que quase todos no filme fazem (má atuação? alguém já passou pelo que eles passam?).

Shyamalan sabe das coisas. Não deixa que um mandamento bobo do que deve ser a atuação de um filme de terror interfira em sua maneira de ver as coisas. É um diretor que olha e ouve com atenção. Mesmo quando me desagrada (Olhos Abertos, Sinais, A Dama na Água) consegue me implantar algumas inquietações. Todos os seus filmes tem seqüências de tirar o chapéu.

Criticaram, também no Touro, a seqüência final em Paris. Mas vejam só. Percebe-se a volta do ciclo. O que Shyamalan decide mostrar? Quais são suas opções - e isso vale para o filme inteiro. Revisão em breve, mas desconfio que todo o cinema dele caminhou para este Fim dos Tempos. Não da maneira que eu li por aí, mas de uma outra maneira, que fazia necessária uma passagem por A Dama na Água, e que este fosse tão insosso quanto o desejável. A morte do crítico teria o libertado de algumas regrinhas aprisionadoras. Estaria, esse diretor tão enigmático quanto talentoso, preparado para seguir o caminho da devassidão cinematográfica? Seria esse caminho semelhante ao de Fim dos Tempos? Ou O Acontecimento (a peça brilhantemente preparada para desgarrar as algemas)? Quantos diretores suscitam tanta discussão e vontade de voltar aos filmes anteriores como Shyamalan?

domingo, 15 de junho de 2008

Caros, perdoem a falta de atualizações. Estou em Ouro Preto, cobrindo o CineOP, e aqui não está sobrando muito tempo. Para compensar, mais um post esquizofrênico.

Para não ficar sem falar de filmes, decepção geral com Os Desafinados. Muitos amigos consideraram o novo trabalho de Walter Lima Jr. um desastre. Não chego a tanto, e até agora só o João, do Filmes Polvo, está ao meu lado numa defesa tímida do filme. Sim, tímida, porque a meia hora final é realmente de doer. Mas tá longe da coisa que começaram a pintar por aqui.

Continuo não gostando de Pátio, do Glauber Rocha. Como também não acho Barravento grande coisa, considero que o gênio só apareceu em Deus e o Diabo na Terra do Sol.

Não percam Abry, de Joel Pizzini, quando passar por São Paulo novamente. Belo filme, assim como Diário de Sintra, de Paula Gaitan.

Já recuperado pelo desastre de quarta-feira. Ainda bem que as atribulações dos últimos dias me impediram de pensar como é que um time embalado pode ser tão apático numa final, e jogar achando que dava para segurar um resultado ficando atrás o tempo todo. Lamentável esse meu timão.

Mineiro gosta mesmo de rock progressivo. Os músicos que se ajuntaram pela primeira vez para o pequeno show da abertura fizeram uma espécie de releitura da sonoridade do Ozric Tentacles, a melhor banda do gênero a ter surgido na inglaterra desde 1976.

terça-feira, 10 de junho de 2008

No final do século passado, era muito clara certa ressaca com o cinema iraniano, que acabava prejudicando a apreciação de filmes bem interessantes como Gabbeh, revisto outro dia, e O Voto é Secreto, de Babak Payami, que na época não me agradou. Lembro que uma das cenas que mais me incomodavam era exatamente essa, a do guarda estancado por um sinal vermelho no meio do nada. A cena ainda não me diz muita coisa, mas se insere perfeitamente com o espírito do filme, e mostra a mecanização, que tanto vemos nos atendentes do MacDonalds, vitimizando esse pobre patrulheiro. O começo, com o avião deixando uma caixa cair de pára-quedas num litoral desértico é especialmente forte, assim como o cotidiano dos guardas que se revelam na vigília de um local praticamente desabitado. É o único filme de Payami que eu vi. Infelizmente perdi Silence Between Two Thoughts, que passou na 28ª Mostra SP, em 2004. Talvez a ressaca de filmes iranianos dure até hoje, por isso é bom tomar cuidado para não perdermos jóias no meio do caminho.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Lista dos 20 melhores filmes dos anos 2000, enviada para a Liga dos Blogues Cinematográficos. As posições podem mudar de acordo com o dia, e eu acrescentei mais alguns títulos que poderiam ter entrado tranqüilamente na lista principal, tivesse eu começado a lista minutos antes, ou depois. A correria dos últimos dias me impediu de ser justo com alguns filmes, e de consultar minhas anotações. Foi tudo de lembrança. Mas é sempre injusto assim, penso eu...

1) Marcas da Violência, de David Cronenberg
2) Mal dos Trópicos, de Apichatpong Weerasethakul
3) Elogio ao Amor, de Jean-Luc Godard
4) O Quinto Império, de Manoel de Oliveira
5) Menina de Ouro, de Clint Eastwood
6) Em Busca da Vida, de Jia Zhang-ke
7) Eureka, de Shinji Aoyama
8) O Signo do Caos, de Rogério Sganzerla
9) Amantes Constantes, de Philippe Garrel
10) Dez, de Abbas Kiarostami
11) Femme Fatale, de Brian De Palma
12) Adeus Dragon Inn, de Tsai Ming-liang
13) Anjos Exterminadores, de Jean-Claude Brisseau
14) Vai e Vem, de João Cesar Monteiro
15) A Hora da Religião, de Marco Bellocchio
16) Serras da Desordem, de Andrea Tonacci
17) A Espiã de Paul Verhoeven
18) Maria, de Abel Ferrara
19) A Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase
20) Kill Bill 1, de Quentin Tarantino
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Lado B:
Porto da Minha Infância, de Manoel de Oliveira
Fale com Ela, de Pedro Almodóvar
Meu Deus Meu Deus, Por Que Me Abandonastes?, de Shinji Aoyama
Pulse, de Kiyoshi Kurosawa
Cinco, de Abbas Kiarostami
Que Horas São Aí?, de Tsai Ming-liang
Sobre Meninos e Lobos, de Clint Eastwood
Go Go Tales, de Abel Ferrara
A Flor do Mal, de Claude Chabrol
Terra dos Mortos, de George A. Romero
A Casa do Lago, de Alejandro Agresti
Le Monde Vivant, de Eugène Green
Le Pont des Arts, de Eugène Green
O Mundo, de Jia Zhang-ke
Juventude em Marcha, de Pedro Costa
Elefante, de Gus Van Sant
Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola
Shara, de Naomi Kawase
Lady Chatterley, de Pascale Ferran
Medos Privados em Lugares Públicos, de Alain Resnais
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obs: é óbvio que eu devo ter esquecido de uns dois ou três. A memória é imparcial.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Conheci a Dirigido por... na Bienal do livro de 1996 (se a Bienal acontece sempre em anos ímpares, então foi em 1997). Comprei duas edições do ano (1996), uma delas sumiu. Na mesma tenda, comprei um livro do Quim Casas (um dos críticos da revista) sobre Howard Hawks, que também sumiu antes que eu pudesse terminá-lo. Agora achei um lote no sebo de um amigo, várias edições que vão de 1998 a 2004. Engraçado que acabei chegando à mesma conclusão de doze anos atrás: os críticos espanhóis são muito acima da média de seu cinema. Claro, estou me concentrando na Dirigido, que tem caras realmente bons como Àngel Quintana, Quim Casas, José Enrique Monterde e Tomás Fernández Valentí. Mesmo António José Navarro, que deu bola preta para Inquietude, tem textos estimulantes sobre cinema americano (ele adora Joseph H. Lewis, por exemplo). Por mais que eu encontre diferenças gritantes de afinidades entre mim e todos eles (Àngel Quintana, por exemplo, adorou Amen), não tenho como ignorar que os textos da Dirigido seguem um padrão muito acima da média das revistas de cinema (mesmo se pensarmos na Cahiers dos últimos anos, ou até na Film Comment). São simples, têm uma unidade bem clara de pensamento, e, mesmo quando se esbaldam em referências e citações, seguem um espírito crítico de alguém que escreve por paixão, não só por trabalho ou para alimentar o ego. O destaque é a seção Estudio, que sempre aborda um diretor com um texto enorme, de no mínimo dez páginas, podendo ser até o dobro (às vezes continuando na edição seguinte, e em alguns casos - John Ford, por exemplo - em três edições). Se eu assinar alguma revista de cinema no futuro próximo, será essa revista catalã que tanto tem me agradado ultimamente.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Uma das melhores críticas que li recentemente é esta que colo aqui, encerrando a série de Ctrl C + Ctrl V que iniciei com o trecho do Argento. Àngel Quintana, um dos melhores críticos espanhóis, escreve sobre Inquietude, de Manoel de Oliveira. Saiu na Dirigido por... de outubro de 1998. Pensei em traduzir, mas preferi deixar no original, porque se eu não tive dificuldades com meu espanhol medonho, ninguém terá. Simplicidade é a alma da coisa.

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El teatro, la literatura y el mito

En una corta escena de Inquietud, el nonagenario Manoel de Oliveira aparece bailando, con envidiable agilidad, un tango en un lujoso casino de Madrid con su mujer Isabel. la escena resulta altamente simbólica, sobre todo si tenemos en cuenta que está situada en el interior de una pelicula cuyo principal objetivo consiste, según el proprio realizador, en "mostrar el deseo latente de los mortales para llegar a conseguir la inmortalidad". Al bailar el tango, Oliveira lanza un guiño perverso a los numerosos espectadores que se maravillan de su perennidad y de los numerosos comentarios que acompañan cada nueva entrega de su filmografia sobre el misterioso don de la eterna juventud, sobre su inaptitud para morir. Sin embargo, el guiño de Oliveira se encuentra instalado en el epicentro de un relato coherente, formado por trez piezas independientes de registros contradictorios de los que emerge una preocupación por el tema de la inmortalidad, pero no en el sentido fisico del término, sino en un sentido espiritual.

Inquietud es una pelicula que nos habla sobre la codiciosa lucha para conseguir la longevidad mediante la fama, sobre la persistencia del deseo más allá de la muerte física de la amada y sobre la supervivencia de los mitos como origen de la sabiduría eterna. Al hablarnos de la conquista espiritual de la inmortalidad, Manoel de Oliveira no sólo nos habla del deseo de vencer la muerte que atormenta la existencia de sus personajes, sino que aprovecha para reflexionar sobre essa inmortalidad que es patrimonio del arte, de ese misterioso don que posee el cine, como eventual medio de expresión artística, para apropriarse de los instantes efímeros de la vida, de trascenderlos y conducirlos hasta ese reino de las sombras desde el que Máximo Gorki saludó el advenimiento del cinematógrafo. No es ninguna paradoja considerar que del interior de las tres historiasfragmentarias que conforman Inquietud surge un deseo de buscar la unidad entre los tres universos representativos que han marcado el cine de Manoel de Oliveira: el teatro, la novela y los mitos.

Vayamos por partes, Inquietud se abre bajo el signo de la farsa de bulevar, de la comedia de enredo de corte ligeramente macabro. La primera parte del triptico se centra en el trabajo de puesta en escena de la pieza de Prista Monteiro titulada Los Inmortales. Convencido de que el cine es un arte impuro y de que la teatralidad es parte esencial de la intertextualidad cinematográfica, Oliveira realza el artificio escénico - la presencia de los decorados - e interpretativo - la afectación de sua actores - para acabar proponiendo una farsa cruel sobre un eminente professor - José Pinto - que al observar cómo la decrepitud le priva de la inmortalidad característica de los genios muertos prematuramente, propone a su hijo que se suicide con una capsula de cianuro. Sólo mediante la muerte su hijo podrá conquistar la inmortalidad de la fama. Los Inmortales conecta fácilmente con el humor negro y la visión cruel de la existencia de los que Oliveira ha hecho gala en algunos de sus mejores trabajos desde Mon Cas y Los Canibales hasta La Caja. Curiosamente, las películas más negras de Oliveira muestran de forma deliberada el artificio, recurren a la teatralidad y buscan una correspondencia plausible con el cine primitivo, es decir, con un cine de la escena en el que la lógica no aparece determinada por el montaje sino por los proprios recursos de la puesta en escena.

En una serie de reflexiones sobre su oficio, su obra y su vida, Manoel de Oliveira reconocía una innegable fascinación por los destinos trágicos y melancólicos femeninos: "Las mujeres mueren por el amor de los hombres! A causa del egoísmo masculino. Quieren encontrar lo imposible y acaban cayendo en la indiferencia" (1). La pasión por los destinos trágicos de unas mujeres víctimas de la pasión masculina ha dotado a la filmografia de Oliveira de un innegable halo romántico expressado de forma manifiesta en sus viejos títulos como Amor de Perdição y Francisca. El romanticismo de Oliveira ha acabado adquiriendo una dimensión filosófica, a partir de un deseo de encuentro con el eterno femenino perfectamente expresado en la que es, quizá, la obra cumbre de su carrera, El Valle de Abraham. No es ninguna casualidad que Oliveira se proponga establecer una fusión entre el sentimiento trágico y el eterno femenino em Suzy, un relato de origen novelesco escrito por Antonio Patricio que constituye la segunda pieza de Inquietud. Leonor Silveira, la actriz protagonista de El Valle de Abraham, se convierte en una cocotte que se prostituye con los burgueses de Porto y provoca la pasión de un dandy, que acaba asistiendo a la muerte física de su amada y a la recuperación de la inmortalidad del deseo. Suzy establece una tensión entre lo dicho - la voz literaria - y lo representado - el naturalismo cinematográfico -, pero de forma progresiva el relato se va articulando en torno a la fascinación que lo femenino ejerce en la mirada masculina hasta desembocar en el sentimiento de nostalgia que imprime el recuerdo de la mirada que desea.

Inquietud se cierra con un cuento de carácter mítico escrito por Agustina Bessa Luis, colaboradora habitual del cineasta. El relato originario está centrado en un personaje ancestral, la madre del río - admirablemente interpretado por Irene Papas -, que desde el interior de una gruta prehistórica intenta buscar un equilibrio con la ternura mortal de todos los seres vivos. La Madre del Río cuenta el encuentro de Fisalina, una chica del pueblo a quien se le transmiten los secretos de la magia, representados por unos dedos de oro. Fisalina transgrede la moral del pueblo al estableceruna relación con un chico de la región y acaba condenada en el interior de la gruta. En La Madre del Río, Oliveira consigue una extraña ternura poética mientras busca de qué forma el caos puede llegar a armonizar con los secretos más íntimos de lo natural. La misteriosa poesia que desprenden las imagenes de La Madre del Río conectan con la extraña inquietud que envolvía los tortuosos pasillos de El Convento, donde lo mitico alertaba a los personajes de la presencia de lo extraordinario emergiendo de lo ordinario. Lo mítico también remite a otros grandes momentos de la filmografia de Oliveira, desde los rituales ancestrales que envolvian el universo de Benilde ou a Virgem Mãe hasta los mitos fundacionales de la historia portuguesa condensados en Non ou a Vã Glória de Mandar.

A partir del teatro, la literatura y el mito, Manoel de Oliveira busca la unidad. La pelicula nos traslada del escenario de lo representado al mundo de la representación novelesca y mediante un flash back nos lleva del artificio al esplendor de la belleza natural. Mediante una serie de cuidados malabarismos, Oliveira consigue una armonía estilistica de la que acaba surgiendo una especie de fusión alquímica con los principales movimientos que han marcado los mejores momentos de su cine. Si Inquietud es una obra que inquieta, reconforta y emociona es por la impresionante sensación de sabiduría que desprenden sus imágenes.

(1) Antoine de Baecque y Jacques Barsi, Conversaciones avec Manoel de Oliveira. Paris. Ed. Cahiers du Cinema, 1996. p. 101.

terça-feira, 3 de junho de 2008


Continuando no Ctrl+C - Ctrl+V

O terceiro LP do Black Sabbath com Ronnie James Dio mereceu esta resenha da Rock Brigade na época:

Ronnie James Dio encarou o demônio de frente, galopou no cavalo da morte e dançou na propriedade do sobrenatural. A amarga gota de fel que é nódoa nos corações humanos e o desespero pelo poder da força que arrasta todos às profundezas do inferno, foram por ele galhardamente cantadas, num Heavy Metal que Satanás não ensinaria nas escolas do inferno. A guitarra de Iommi ronca feio para o lado dos espíritos. Estremece túmulos. Os ventos soprados pelas cordas de Geezer assobiam gelado nas cumieiras da mente! Vinnie o convidado macabro cumpre o seguimento do ritual, possuído que foi pelo Black Sabbath. O Sabbath resistiu e persistiu no caminho do pau-pesado que transcende a própria música. Pois na sua essência a estupidez do pesado é o repúdio encolerizado da própria condição “Filho da Puta”, pecaminosa e mortal em que vive o homem. Na capa, um shock de nuvens carregadas de megatons anunciam fenômenos dantescos sobre o mar. O azul foi ao negro num abraço macabro, e o positivo foi ao negativo como que por encanto, precipitando na estampa perplexa do horizonte confuso, a descrição geométrica de um relâmpago serpenteador. Desceu na rota dos elétrons como um raio sobre o oceano, que o acolheu em seu peito com tanta valentia e determinação, quão resoluto e furioso ele desceu. A natureza enxotou de seu reino as pernícies humanas que vagueiam nas entranhas de suas cores místicas e em seus fenômenos íntimos. Sob a intolerância das forças naturais, elas deixam-se sair pelas portas do oceano, alcançando a praia, onde vagueiam as almas penadas a procura de um lar seguro e promissor. E encontram a mente humana, onde engendram, conquistam e dominam...

Espetacular, é o mínimo que eu posso dizer. Em outra resenha, um "crítico" da revista colocou a seguinte oração comentando um disco da banda japonesa Loudness:

O que esse japonês faz no palco é o que era de se esperar de um jovem nascido num país que tem a triste memória de ter levado duas bombinhas na orelha.

Barbante, como diria um aposentado locutor esportivo.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Los criticos no saben nada de cine de terror. Por ejemplo, la segunda parte de Eyes Wide Shut es un film de terror. Incluso Kubrick se lo dijo a todos sus colaboradores. En cambio, la critica ha destacado de manera insistente que es un film pornográfico, quando no lo es en absoluto. Eso demonstra que los criticos tampoco tienen idea de lo que es cine porno. Yo conozco muy bien cuál es la actitud de los criticos, al menos en Italia... - y entonces Argento se levanta de la mesa donde estamos sentados, se pone de pie imitando exageradamente los gestos de alguien que anda con gran pomposidad, saluda a mucha gente, se sienta en una butaca... y se pone a dormir!!! -. Y así, cuando despiertan, dice lo mala que era la película, se marchan inmediatamente a sus casas a escribir sus crónicas. Por eso son capaces de ensalzar películas como The Blair Witch Project o eXistenZ, que no me gustan nada, especialmente la primera.

Hace poco, la Cinémathèque francesa me dedicó un homenaje en tres cines y publicaron un libro. Honestamente, creo que fue demasiado. Tengo la sensación de que era su particular manera de pedirme perdón por tantos años de maltratos. En realidad, fue un acto de hipocresía. No me importan nada estos tardíos homenajes de las personas que, hace años, me hicieron sufrir mucho, muchísimo, con sus opiniones sobre mí y lo que yo hacia."

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Dario Argento, em, entrevista para Ramón Freixas e Antonio José Navarro, na revista catalã Dirigido por... de janeiro de 2000.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nada criativo: François Truffaut traduzido em estrelinhas.

CURTA: Les Mistons (1957) * * * *
Os Incompreendidos (Les 400 Coups, 1959) * * * * *
Atirem no Pianista (Tirez Sur le Pianiste, 1960) * * * *
Jules et Jim (1962) * * * * *
CURTA: Antoine et Colette (1962) * * * *
Um Só Pecado (La Peau Douce, 1964) * * * *
Fahrenheit 451 (1966) * * * *
A Noiva Estava de Preto (La Mariée Etait en Noir, 1967) * * *
Beijos Proibidos (Baisers Volées, 1968) * * * *
A Sereia do Mississipi (La Sirène du Mississipi, 1969) * *
Domicile Conjugal (1970) * * *
O Garoto Selvagem (L'Enfant Sauvage, 1970) * * * *
Les Deux Anglaises et le Continent (Duas Inglesas e o Amor, 1971)
* * * * *
Uma Jovem Bela Como Eu (Une Belle Fille Comme Moi, 1972) * * * *
A Noite Americana (La Nuit Americaine, 1973) * * *
A História de Adèle H. (L'Histoire d'Adèle H., 1975) * * * *
Na Idade da Inocência (L'Argent de Poche, 1976) * * * *
O Homem que Amava as Mulheres (L'Homme qui Amait les Femmes, 1977) * * * *
Amor em Fuga (L'Amour en Fuite, 1978) * *
O Quarto Verde (La Chambre Verte, 1978) * * * * *
O Último Metrô (Le Dernier Metro, 1980) * * *
A Mulher do Lado (La Femme du Cotê, 1981) * * * *
De Repente Num Domingo (Vivement Dimanche, 1982) * * * *

sábado, 24 de maio de 2008

Já é lugar comum dizer que nossa percepção de um filme, ou pelo menos como ele "bate" na gente, depende de nosso dia, relacionamento amoroso, preocupações com bobeiras, etc, etc, etc...

A questão é que não conheço filme que sofra mais com essa alternância de humores e épocas que Jules e Jim. E o pior, ou melhor, no caso, é que ele sempre se mantém majestoso.

Vi quatro vezes, em situações muito diferentes da minha vida. Cada vez bateu de um jeito, mas sempre me disse muito sobre minha situação no momento. É impressionante. Melhor do Truffaut? Claro, junto com Duas Inglesas e o Amor e O Quarto Verde.

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A partir de hoje estarei cobrindo o 15° Festival de Cuiabá. E hoje tem Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha. Acompanhem a partir de amanhã em:

www.revistapaisa.com.br

sexta-feira, 23 de maio de 2008


A terra cai em Gosto de Cereja, de Abbas Kiarostami. Pintura abstrata. Engraçado que o cara está decidido a morrer, mas recusa um omelete dizendo: "ovos não me fazem bem". Sua determinação é tão fajuta, que ele age como o Jack Lemmon fazendo rodeios antes de dizer ao boca larga que é homem, e por isso não pode se casar com ele.

quinta-feira, 22 de maio de 2008




Isabelle Huppert observa, enciumada, um jovem que a galanteava dançando com outra mulher. O marido se aproxima, ela disfarça, mas sua mente está em outro lugar. Afastamento e aproximação. O espelho representando, por sua própria localização, o que ela deixou para trás. E, ao contrário de Fassbinder, que gostava de filmar o ator olhando para si mesmo no espelho, refletindo uma parte de seu corpo que ela não pode ver. Madame Bovary, de Claude Chabrol, muito mais para Duas Inglesas e o Amor do que para Les Destinées Sentimentales.


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Nova atualização da Paisà:

www.revistapaisa.com.br

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- O Haloscan deve estar maluco. Recebo comments por email, mas eles não aparecem no blog. Sei lá o que aconteceu. Peço desculpas a quem escreveu comentários. Não é culpa minha.

- Efeito Dominó e Indiana Jones 4 são os últimos filmes vistos. Gostei de ambor. Um trabalha muito bem com o pé de chinelo, o trambiqueiro, o desastrado que só pode se dar bem se tudo conspirar a favor. Deu até vontade de correr atrás de umas bizarricices que o Donaldson andou fazendo. Outro trabalha no território das obviedades: o reconhecimento de um filho, o reencontro com uma mulher do passado, brincadeiras com episódios anteriores, a especialista em sotaques... tem bichinhos fofos, como lembrou o Dennison Ramalho (que não gostou), mas tem aquela explosão maluca no começo, e uma geladeira voadora que errou de filme - ela deve ter desistido de Twister.

- Tava revendo Madame Bovary, um dos poucos filmes que não gosto de Claude Chabrol, e... olha... tava achando bem bom. Precisa piorar muito para não ser uma revisão conciliadora entre mim e o filme. Ele não está nem aí com essa reconciliação, claro. Mas eu estou comemorando, talvez antecipadamente, como o Flamengo. Ai...

domingo, 18 de maio de 2008

Era para ser com Pasolini, mas o post do Junior no Cinema com Cana fez com que Manoel de Oliveira venha na frente, com toda sua imponência:

Douro, Fauna Fluvial (1932) * * *
Aniki Bobó (1942) * * *
Acto da Primavera (1963) * * * *
Benilde, a Virgem Mãe (1975) * * * * *
Amor de Perdição (1978) * * * * *
Francisca (1981) * * * * *
O Sapato de Cetim (1985) * * * * *
Non, ou a Vã Glória de Comandar (1990) * * * *
A Divina Comédia (1991) * * * * *
O Dia do Desespero (1992) * * * * *
Vale Abraão (1993) * * * * * * * * * * * * *
A Caixa (1994) * * *
O Convento (1995) * * * * *
Party (1996) * * * *
Viagem ao Princípio do Mundo (1997) * * * *
Inquietude (1998) * * * *
A Carta (1999) * * * *
Palavra e Utopia (2000) * * * * *
Vou Para Casa (2001) * * * *
Porto da Minha Infância (2001) * * * * *
O Princípio da Incerteza (2002) * * * * *
Um Filme Falado (2003) * * * *
O Quinto Império - Ontem como Hoje (2004) * * * * *
Espelho Mágico (2005) * * * * *
Belle Toujours (2006) * * * * *
Cristóvão Colombo - O Enigma (2007) * * *

curtas:

Hulha Branca (1932) * * *
Portugal Já Faz Automóveis (1938) * * *
Famalicão (1940) * * * * *
O Pintor e a Cidade (1956) * * * * *
O Pão (1959) * * * *
A Caça (1963) * * * *
As Pinturas do Meu Irmão Julio (1965) * * *

episódio de Chacun son Cinema (2007) * * * *

obs: É um festival de estrelas, eu sei, mas o homem merece.

obs 2: Ainda não vi Os Canibais (mas tenho ele aqui para ver assim que possível). Quero desesperadamente arrumar O Meu Caso e O Passado e o Presente.

sábado, 17 de maio de 2008

Sábado Alucinante é o filme mais frágil e irregular entre os que eu vi de Claudio Cunha. Mas é também o mais dúbio. Há uma tristeza por trás daquele desbunde da Disco - o que é óbvio desde a sonoridade do estilo, festeiro em excesso para encobrir neuroses e frustrações (nos EUA, a derrota no Vietnã, no Brasil, o prosseguimento do regime militar). O paradigma perfeito é Sandra Brea, destaque na pista da dança, solitária no apartamento de luxo. Dancing Days, a novela de Gilberto Braga, era mais ousada - tinha até sugestão de consumo de drogas. Mas Sábado Alucinante tem uma face nebulosa bem marcante.

Mas o problema com Sábado Alucinante é sua irregularidade. Existem momentos muito interessantes, como os meninos invadindo a discoteque e descobrindo aquele mundo delirante, ou a sedução do escritor coroa pela Baby, que dança muito engraçado, ou Maurício do Valle e a aceitação de uma descoberta, "Esta é a era que já era, a era dos super-heróis" (lembrando o último suspiro da banda Lee Jackson). Mas existem também algumas bobeiras, como nos filmes seguintes de Cunha: o comportamento da turma de moderninhos, o tratamento dispensado pelos clientes da discoteque para o garçon idoso, a alternância entre os muitos adultérios. Os filmes seguintes de Cunha também são cheios de gorduras, mas elas não me incomodam tanto.

Os filmes vistos de Claudio Cunha:

Snuff - Vítimas do Prazer (1977) * * * *
Amada Amante (1978) * * * *
Sábado Alucinante (1979) * * *
Gosto do Pecado (1980) * * *
Profissão: Mulher (1982) * * *
Oh, Rebuceteio! (1984) * * *

Na época da faculdade, queria fazer um filme. Fui lá, gravei com uma câmera de Super VHS, e quando fui editar, achei uma merda e desisti da aventura.

Se eu não tivesse desistido, teria um filme ao menos melhor que Bodas de Papel... sério. A melhor definição que eu encontro no momento é uma pela qual já fui criticado aqui no blog (num dos equívocos de querer que aqui se escreva só crítica de cinema - oh, pretensão):

"a câmera está sempre no lugar errado"

Basta assistir ao troço. E, convenhamos, existem bordões, ou derivados deles, bem piores circulando por aí.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Agora sim. Um post realmente esquizofrênico.

--- Speed Racer é mesmo bacana, o primeiro filme em que os irmãos Wachowski realmente acertam a mão (e eu não acho um horror os dois primeiros Matrix, só o terceiro). Mas confesso que o filme só me pegou mesmo quando chega o Gran Prix. Até então eu estava me enchendo daquelas cortinas puxadas por algum personagem, das piadinhas do Gorducho, e até das caretas do Zequinha. No Gran Prix a coisa pega, em grande parte por causa da superação do personagem e da abstração de algumas cenas de ação - e depois da vitória, quando ele olha os flashes das máquinas fotográficas espocando, fica muito bonito. A última participação do Zequinha, o chimpanzé de estimação, é a melhor. E John Goodman, campeão de luta greco-romana, claro.

--- Entrevista exclusiva na Rádio Bandeirantes. Enquanto Milton Neves se provovia como sempre, Muricy Ramalho ficava falando, bem baixinho, mas curiosamente bem mais audível do que o apresentador fanfarrão: (algo assim) "você entende de apresentar, fazer seu show, de bola você não sabe nada. Sabe nada de bola... não entende... não sabe nada de tática, nada de bola." E tem gente que não acha o técnico do São Paulo um cara legal.

--- Diálogo entre um grande amigo e a namorada dele: "amor, conhece o Wander Taffo?". "Não, conheço o Van der Graaf."

--- As performances recentes de Cabañas me deixam mais animado para perseguir o meu estrelato no Campeonato de Futsal inter revistas de cinema de 2009. Me aguardem...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Um post quase esquizofrênico

- A Trilogia das Cores é realmente o ponto mais baixo da filmografia de Krzysztof Kieslowski. O melhor filme, Blanc, é justamente o que mais limita especulações analíticas, por ser o mais direto, econômico, com menos ligações com os outros filmes, o mais dramatúrgico e livre dos perfumes franceses. O pior é disparado Rouge, e é justamente o que mais dá corda para todos os tipos de elocubrações críticas, das mais estruturalistas às mais poéticas. É o que ilustra o post, né. Fazer o quê se o que Irene Jacob tem de má atriz também tem de beleza?

- Homem de Ferro é legalzinho. 90% da responsabilidade é de Robert Downey Jr. Ele faz um herói cafajeste, cínico, e pouco me importa se é fiel ao Tony Stark dos quadrinhos ou não. Jon Favreau fez um bom trabalho deixando espaço para esse ator magnífico brilhar na tela, com direito a uma última cena que garante uma terceira estrela ao filme.

- Irina Palm é o tipo de produto comercial europeu que devia ser ignorado. Mas em vez de trazer um trilhão de coisas melhores disponíveis trazem essa bomba, cujá única curiosidade é ver como Marianne Faithfull está digna num filme indigno dela. Perdi qualquer curiosidade de ver O Tango de Rachevski, do mesmo diretor Sam Garbarski. mas como sou um limpa-vidros incurável, nunca se sabe.

- Banquete do Amor é com a deusa Selma Blair (de Hellboy). Mas ela sai da trama em vinte minutos, depois de algumas poucas cenas memoráveis. Bah. Era o melhor motivo para recomendar o filme. Dirigido pelo mediano Robert Benton, de Kramer vs Kramer e O Indomável, ainda assim é acima da média do que está em circuito. Uma média bem baixa, diga-se de passagem.

- Sábado foi dia de ver o documentário que Paulo Beto fez sobre a mítica loja de música Nuvem Nove. Sim, a loja se foi, talvez para sempre, talvez não. Não tenho condições de ver o filme com olhos críticos, até porque participo do filme, mas me pareceu muito bem editado e pensado, com uma espinha dorsal definida pelas declarações emocionadas do grande amigo José Carlos Damiani. Sim, também fiquei com lágrimas nos olhos. Era inevitável. Disse loja de música porque era reduzir muito falar em mercadorias. Bem, talvez falar em música também seja reduzir, pois o que se encontrava lá era muito mais que isso. Aprendi muito freqüentando, trabalhando, ou simplesmente me inspirando na Nuvem Nove. Era, sim, um estado de espírito.







domingo, 11 de maio de 2008

Gabrielle, de Patrice Chéreau, tem certamente seus penduricalhos inúteis, com frases estampadas na tela para remeter à obra original, de Joseph Conrad. Mas é melhor que os dois últimos do diretor, Intimidade (2001) e Seu Irmão (2003). Especialmente bom quando encena toda a burguesia, os olhares de desaprovação ou espanto, do que quando fica no casal. Isabelle Huppert está bem como a esposa que tem um caso com outro homem, e Pascal Greggory está excelente como o marido traído e atormentado, mas Chéreau quase se perde em cortes que buscam reforçar o sentimento de ruptura, mas nem sempre conseguem, muitas vezes se limitando a causar um ruído de transmissão que vai na contramão do filme. Ruídos são interessantes, mas não devem ser usados sem um pensamento, uma idéia maior que permite uma colisão com o todo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Revisão de Gabbeh, onze anos e meio depois. Quando vi o filme na Mostra SP de 1996, lembro que comentei com uma amiga que tinha adorado que ele era oco, chato e oportunista - obviamente eu estava pensando no sucesso que os filmes iranianos faziam no ocidente, e em especial na Mostra do Cakoff. Nesta semana passei o filme inteiro martelando: pô, mas isso tem tudo a ver com A Cor da Romã, do Paradjanov. E curti a experiência sensorial do filme. Depois descobri que o diretor Makhmalbaf pai assumiu a influência de Paradjanov, e que a referência está até na Trivia do imdb. E eu que pensava estar sendo original. Mas uma coisa é certa, e me faz estranhar ainda mais o fato de não ter gostado na época. Tem umas duas ou três imagens que remetem a Avetik, de Don Askarian, discípulo e ex-assistente de direção de... vejam só... Paradjanov. O que é mais grave, pois Avetik passou na Mostra SP de 1994, e em 1996 eu nem reparei a semelhança. A revisão de A Maçã, filme de Makhmalbaf filha (Samira tinha 18 anos quando o dirigiu), também foi favorável, ainda que sobrem algumas gordurinhas, e uma vontade de ser poético além da conta. Mohsen não fez nada de bom depois de Gabbeh (Um Instante de Inocência, filmado antes, foi lançado também em 1996). Samira fez O Quadro Negro, que é bem interessante, e o soporífero Às Cinco da Tarde, que, no entanto, é melhor que qualquer trabalho do pai nos últimos anos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Site da Paisà completamente reformulado. Com novo visual, vários novos textos, um renascimento.

http://www.revistapaisa.com.br/

(alguns ajustes ainda devem ser feitos)

terça-feira, 6 de maio de 2008


Os dois melhores momentos de um filme cheio de grandes momentos. Em Cidadão Klein (Mr. Klein, 1976), de Joseph Losey, Alain Delon é o escroque que se torna obcecado por um duplo, um judeu homônimo. Na foto de cima ele se olha no espelho depois de saber que o duplo estava querendo falar com ele e tinha acabado de desistir da espera. Ele se confronta com a própria imagem no espelho, após o mensageiro (à esquerda do quadro) ter dito que o duplo era muito parecido com ele. Fora de foco está Michel Lonsdale como o advogado de Klein.
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Como a história se passa em Paris, em 1942, auge da Ocupação Nazista e do colaboracionismo, ele tem sua vida investigada por um suposto traço judaico em sua família. Enquanto o advogado vai atrás das certidões que comprovam que não há nada de judeu na família de Klein, o próprio se deixa envolver entre os deportados (foto de baixo) porque está cego pela obsessão.
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Obra-prima máxima de Joseph Losey.

domingo, 4 de maio de 2008




Nem acredito que agora tenho esse monumento em casa.