sábado, 31 de dezembro de 2005



















não é mesmo um brinquedinho interessante?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005


Mark Waters é o cara...

O campeão:


absurdamente genial

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Visita obrigatória: o interessante resultado da pesquisa feita por Chico Fireman na Liga dos Blogues, Os Melhores Filmes dos Anos 90.

minha lista, com a qual brigo todos os dias:

Vale Abraão - Manoel de Oliveira
Cassino - Martin Scorsese
Gosto de Cereja - Abbas Kiarostami
Os Imperdoáveis - Clint Eastwood
O Buraco - Tsai Ming-Liang
A Outra - Youssef Chahine
Raros Sonhos Flutuantes - Eizo Sugawa
O Rei de NY - Abel Ferrara
O Pagamento Final - Brian de Palma
Fuga de LA - John Carpenter
Cure - Kiyoshi Kurosawa
A Ostra e o Vento - Walter Lima Jr.
A Cor da Mentira - Claude Chabrol
Crash - David Cronenberg
Alemanha Nove Zero - Jean-Luc Godard
História Real - David Lynch
As Bodas de Deus - João Cesar Monteiro
Gremlins 2 - Joe Dante
Conto de Outono - Eric Rohmer
Rosetta - Luc e Jean-Pierre Dardenne

mais ou menos em ordem. Nem sei se gosto mais do terceiro lugar do que do décimo nono, por exemplo. Foi o que saiu no dia, sem pensar muito para não enlouquecer (o que aconteceu depois...)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Casa de Cêra pode ser óbvio e previsível. Jaume Collet-Serra, o diretor, recorre a inúmeros clichês e nem sempre trabalha bem com eles: personagens imbecis, os menos imbecis são os que terminam com vida; curiosidade besta de vários deles, o que motiva atos absurdos e nem sempre necessários para o desenrolar da trama; planificação dos sentimentos, ora depreciativos, ora compreensivos, sem possibilidades de meio tom. Mas o filme possui uma gama de leituras interessantes: a paralisia da sociedade americana (uma cidade ignorada, seus habitantes e visitantes transformados em bonecos de cêra), a vingança dos rednecks contra os urbanos barulhentos, a transferência de culpa, a personalidade conflituosa dos gêmeos siameses como metáfora do impasse do americano médio frente à posição dos EUA no mundo (eles são obrigados a se separar, mas continuam se completando - criam um mundo onde o que é forasteiro não é bem-vindo, até se tornar domesticado pela cêra)...Mas o que fica realmente na cabeça é toda aquela cêra derretendo, como se quisesse dizer que o espetáculo não tem mais vez na sociedade americana. Ou que a criação está sufocada, e o processo que leva à verdadeira arte não a torna imortal. Viagens de uma noite com sono, após a descoberta do filme.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Doppelganger (2003), de Kiyoshi Kurosawa, tem uma boa dose de Brian De Palma, seja pelo belo uso do split-screen, com associações sucessivamente mais bizarras entre os quadros, seja pelo tema do duplo, tratado à maneira de Síndrome de Caim, até certo ponto, quando tudo se transforma e o fantasma de Godard novamente se faz presente. A lembrança de Godard vem principalmente pelo tipo de humor praticado por Kurosawa, com nonsense e boa dose de inconsequência. Mas vem também pelos travellings que insistem em acompanhar lateralmente os personagens, por detrás de matos e árvores, revelando paisagens bucólicas. Notamos ainda um certo atraso nos contraplanos, mas nada tão radical quanto o Godard dos anos 60. Doppelganger é inferior à obra-prima Cure, e menos feliz na confusão de gêneros que Charisma. Ainda assim, mais uma prova do imenso talento do diretor.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Filmes de novembro. Lembrando que meu esquema de cotações mudou para seguir o da Revista Paisà. Olhem aí do lado para não se confundirem.

Revisões em itálico e com um tracinho antes do nome do filme:

O Senhor das Armas - Andrew Niccol (Bristol 3) *
O Signo do Caos - Rogério Sganzerla (Arteplex 4) * * * * *
-Marcas da Violência - David Cronenberg (Bristol 1) * * * * *
-Marcas da Violência - David Cronenberg (Bristol 1) * * * * *

Tudo Acontece em Elizabethtown - Cameron Crowe (Bristol 5) * *
A Noiva Cadáver - Tim Burton e Mike Johnson (Arteplex 6) * * * *
The Legend of Zu - Tsui Hark (VHS) * * * * *
-Amar Foi Minha Ruína - John M. Stahl (Telecine Cult) * * * * *
-Party - Manoel de Oliveira (DVD) * * * *
-A Mosca - David Cronenberg (DVD) * * * *

O Lobisomem - George Waggner (DVD) * * * *
La Captive - Chantal Akerman (VHS) * * * *
-Palavras ao Vento - Douglas Sirk (DVD) * * * * *
Finais Felizes - Don Roos (Arteplex 2) * *
Os Irmãos Grimm - Terry Gilliam (Gemini 2) * * *
Cão de Briga - Louis Leterrier (Gemini 1) * *
Lila Diz - Ziad Doueiri (Gemini 1) *
O Cara - Les Mayfield (Gemini 2) *
Oliver Twist - Roman Polanski (Bristol 6) * * *
Flores Partidas - Jim Jarmusch (Arteplex 3) *
Harry Potter e o Cãlice de Fogo - Mike Newell (Arteplex1) * * *
Oliver Twist - David Lean (VHS) * * * *
Soy Cuba - Mikhail Kalatozov (VHS) * * * *
Brothers - Susanne Bier (E.Unibanco2) * *
Instantes de Audiência - Raymond Depardon (Cinemateca) * * *
1974-Um Presidente em Campanha - Depardon (Cinemateca) * * *
Perfis Camponeses: A Aproximação - Depardon (Cinemateca) * * * *
Soy Cuba, o Mamute Siberiano - Vicente Ferraz (R.Cultural1) * * *

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

A Revista Paisà saiu da gráfica hoje. Amanhã já começa a distribuição. No entanto, por problemas alheios a nossa vontade, quem estiver fora de São Paulo só deve recebê-la na semana que vem. Um emprevisto no correio e a greve na Receita Federal (que atrasou nossa parte burocrática) são os fatores que nos obrigam a pedir desculpas pelo atraso. Estamos fazendo o possível para que todos recebam rapidamente, inclusive porque precisamos saber se gostaram ou não, no que podemos melhorar, enfim... opiniões sinceras, sem medo de desagradar.

Em breve vocês receberão um email formal de desculpas pelo atraso no envio.

sábado, 26 de novembro de 2005

Comentários rápidos:

- O Cara tem momentos engraçados, mas no todo dá a forte impressão de que Eugene Levy não aguenta um papel principal. Ele brilha mesmo é nos pequenos papéis, como o do pai de American Pie.

- Flores Partidas talvez seja o pior filme de Jim Jarmusch, mas eu preciso rever Mistery Train e Noite Sobre a Terra para confirmar. É o vazio dissimulado para parecer profundo. Trilha decalcada de Ghost Dog e atuação de Bill Murray decepcionante. Jeffrey Wright aparece pouco, mas salva o filme do tédio constante.

- Lila Diz até que envolve na primeira metade, mais pela beleza da atriz e pelo flerte que se inicia entre ela e o protagonista. Depois o filme cai na cilada de criar situações fortes, mas que não fazem o menor sentido.

- O novo Harry Potter (Harry Potter e o Cálice de Fogo) deve deixar crianças menores de dez anos com traumas para o resto da vida. Um bom filme, na mesma medida que o anterior.

- Oliver Twist de Polanski é digno. Fica a milhas de distância da versão de David Lean, mas suas ruas cheias de lama conferem uma autenticidade peculiar ao filme. Somos transportados para aqueles dias de prostitutas e pequenos larápios lotando as ruelas londrinas. Para quem treme de ouvir falar o nome de Lean, vale a pena conhecer sua versão, que não tem o epílogo (que é o forte na versão de Polanski), mas tem também um final muito bonito.

domingo, 13 de novembro de 2005

Um desafio cruel e injusto: Top Manoel de Oliveira (hoje)

1) Vale Abraão
2) Amor de Perdição
3) O Dia do Desespero
4) Francisca
5) O Quinto Império
6) Porto de Minha infância
7) Um Filme Falado
8) Espelho Mágico
9) O Convento
10) A Divina Comédia
11) O Princípio da Incerteza
12) Viagem ao Princípio do Mundo
13) Benilde
14) O Sapato de Cetim
15) Palavra e Utopia
16) Non, ou a Vã Glória de Mandar
17) Inquietude
18) A Carta
19) Party
20) Vou pra Casa

Não vi (entre os que passaram na Mostra) Os Canibais e O Passado e o Presente. Não revi um monte que eu queria rever, inclusive os que já conhecia faz tempo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Duas pérolas na Folha de ontem (quinta dia 10):

"Saudado como 'o melhor canal de filmes', a HBO quase obriga a gente a se perguntar o que os publicitários entendem por 'melhor'...

...(sobre À Procura da Felicidade, na TV5) Malle, até em sânscrito, faz mais sentido do que quase tudo mais.

Grande Inácio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Filmes vistos no período regular da mostra. Cada vez mais me convenço de que foram duas mostras na verdade. Uma maravilhosa, com Manoel de Oliveira, e de lambuja Sjostrom. Outra, das piores dos últimos anos, com os filmes novos, e a ausência de Café Lumiere, Three Times, Last Days, Meu Deus Meu Deus e outros...

Marcas da Violência - David Cronenberg (Arteplex1) * * * *
Hi-Bi, Dias de Fogo - Banmei Takahashi (Arteplex 5) *
O Fim e o Princípio - Eduardo Coutinho (Arteplex 6) * * *
Cinema Aspirinas & Urubus - Marcelo Gomes (Arteplex 6) * * *
Crime Delicado - Beto Brant (Arteplex 5) * * *
Amor de Perdição - Manoel de Oliveira (Cinemateca) * * * *
Factotum - Bent Hamer (E.Unibanco1) *
A Marca do Terrir - Ivan Cardoso (E.Unibanco1) *
Pai e Filho - Victor Sjostrom (Cinesesc) * * *
Marcas da Violência - David Cronenberg (E.Unibanco1) * * * *
Espelho Mágico - Manoel de Oliveira (Bombril) * * * *
Trilogia: O Vale dos Lamentos - Theo Angelopoulos (Cinesesc) * *
O Jardineiro Cruel - Victor Sjöström (Cinesesc) * *
Predadores do Mar - Victor Sjöström (Cinesesc) * * *
Fogo a Bordo - Victor Sjöström (Cinesesc) * * *
Good Night and Good Luck - George Clooney (Bombril) * *
Achados e Perdidos - José Joffily (Bombril) *
O Sapato de Cetim - Manoel de Oliveira (Vitrine 2) * * *
A Divina Comédia - Manoel de Oliveira (Vitrine 1) * * * *
A Caixa - Manoel de Oliveira (Morumbi 3) * *
O Princípio da Incerteza - Manoel de Oliveira (Cinemateca) * * * *
Francisca - Manoel de Oliveira (Cinemateca) * * * *
Cine-Fragmentos - Alain Cavalier (Cinemateca) * * *
Vento e Areia - Victor Seastrom (Cinemateca) * * * *
El Viento - Eduardo Mignogna (Arteplex 2) *
Caché - Michael Haneke (Arteplex 1) * * *
Humilhação - Masahiro Kobayashi (Arteplex1) *
O Desconhecido - Malgosia Szumowska (Arteplex1) *
A Carruagem Fantasma - Victor Sjöström (Cinesesc) * * * *
O Mundo - Jia Zhang-Ke (E.Unibanco1) * * * *
Tickets - Olmi, Kiarostami, Loach (Arteplex1) * *
The Scarlet Letter - Victor Sjöström (Cinemateca) * * *
O Último Miterrand - Robert Guédiguian (R.Cultural 2) * *
O Dia do Desespero - Manoel de Oliveira (Vitrine 2) * * * *
Acto da Primavera - Manoel de Oliveira (Cinesesc) * *
Moolaade - Ousmane Sembene (Arteplex2) *
Ritual de Amor - Victor Sjöström (Cinesesc) * * *
Batalla em el Cielo - Carlos Reygadas (Bombril) *
Reis e Rainha - Arnaud Desplechin (Arteplex 1) * * * *
Seleção Manoel de Oliveira 2 (Cinemateca) * * *
Seleção Manoel de Oliveira 1 (Cinemateca) * * *
Benilde, a Virgem Mãe - Manoel de Oliveira (Cinesesc) * * * *
Em Memória de Meu Pai - Christopher Jaymes (Arteplex2) *
Em Direção ao Sul - Laurent Cantet (Arteplex 1) * *

depois posto os da repescagem (incluindo muita revisão de Manoel de Oliveira).

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Os poucos filmes vistos em outubro antes do começo da Mostra SP:
(revisões em negrito)

Vida de Menina - Helena Solberg (E.Unibanco2) * *
O Terceiro Olho - Roland Suso Richter (DVD) *
Spider - David Cronenberg (DVD) * *
Virgem de 40 Anos - Judd Apatow (Bristol 5) * *
Amor para Sempre - Roger Michell (Top Cine 2) *
Nouvelle Vague - Jean-Luc Godard (Top Cine 1) * * *

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Novidade:

Lançarei uma revista impressa sobre cinema em Novembro. Chama-se Revista Paisà, em homenagem ao filme do Rosselini. Tenho como sócio um grande amigo desde a época de Faculdade, Alexandre Carvalho dos Santos, que co-editará a revista comigo.

Quem quiser receber 3 edições gratuitas da revista, incluindo a número zero de novembro, entre no site www.revistapaisa.com.br e preencha o cadastro.

A revista terá textos de amigos da Contracampo, Cine Imperfeito, Cinequanon e outros amigos que estão se entusiasmando com a idéia.

No início será bimestral, mas a idéia é torná-la mensal depois de um tempo. Torçam por mim, pois estou empenhando dinheiro do meu bolso nesse projeto. Terei que viver com pão e água por um bom tempo. Tudo pelo gostinho de tornar realidade um sonho de menino, quando eu falava pra minha mãe que quando crescesse seria jornaleiro, pra lidar com muitas revistas. Sonho logo burilado e devidamente redimensionado.

P.S. revi Nouvelle Vague hoje, em cinema. Onde Godard quer chegar? Não me importa. Morte e renascimento. Frases de efeito disputadas entre os personagens. Tinha mais coisas pra dizer, mas a caminhada sob chuva de volta pra casa me deixou ainda mais perdido. Todo Godard deve ser revisto sempre. Todo...sempre.

sábado, 8 de outubro de 2005

Filmes vistos no Festival do Rio:

Espelho Mágico - Manoel de Oliveira (Botafogo 1) * * * *
Três Extremos - Fruit Cahn, Chan-Wook Park, Takashi Miike (Palácio 1) *
Last Days - Gus Van Sant (Odeon) * * *
Dias no Campo - Raul Ruiz (Botafogo 1) *
O Amor Inocente de Carmen - Keisuke Kinoshita (MAM) *
Serenity - Joss Whedon (Botafogo 1) * *
Election - Johnnie To (Ipanema 2) * * *
The Wayward Cloud - Tsai Ming-Liang (São Luiz 3) * *
Beijos e Tiros - Shane Black (Paissandu) *
Café Lumière - Hou Hsiao-Hsien (Botafogo 1) * * * *
Carreiras - Domingos de Oliveira (Odeon) *
Saratan - Ernest Abdyshaparov (Unibanco 2) * *
Flor do Equinócio - Yasujiro Ozu (Botafogo 3) * * * *
Cidade Baixa - Sérgio Machado (Ipanema 1) * * *
O Mundo - Jia Zhang-Ke (Unibanco 1) * * * *
A Morte do Sr. Lazarescu - Cristi Puiu (Unibanco 2) *
Odete Alucinada - João Pedro Rodrigues (Unibanco 2) *
Meu Deus Meu Deus, Por Que me Abandonastes? - Shenji Aoyama (São Luiz 3) * * * *
A Última Transa do Presidente - Im Sang-Soo (Botafogo 1) * *
O Bigode - Emmanuel Carrère (Botafogo 1) * *
Inocência - Lucile Hadzihalilovic (Ipanema 2) * *
Seven Swords - Tsui Hark (São Luiz 3) *
Green Chair - Park Chul Soo (Botafogo 1) *
Cinema Aspirinas & Urubus - Marcelo Gomes (Ipanema 1) * * *
A Espada Oculta - Yoji Yamada (Ipanema 2) * * *
O Samurai do Entardecer - Yoji Yamada (Paissandu) * *
Meu Deus Meu Deus, Por Que me Abandonastes? - Shenji Aoyama (Botafogo 1) * * * *
Manderlay - Lars Von Trier (Botafogo 1) 0
Ele é Um Pai - Yasujiro Ozu (MAM) * * * *
George Michael: Uma Outra Versão - Southan Morris (Palácio 1) * *
Os Artistas do Teatro Queimado - Rithy Pahn (CCJF) * * *
Um Trato em Canção Japonesa Pornô - Nagisa Oshima (MAM) * * * *
O Gosto do Arroz no Chá Verde - Yasujiro Ozu (Botafogo 1) * * * *
Senhor Vingança - Chan-Wook Park (Unibanco 2) * *
L'Enfant - Jean e Luc Dardenne (São Luiz 3) * * *
Três Bêbados Ressussitados - Nagisa Oshima (MAM) * * *
Lady Vengeance - Chan-Wook Park (Unibanco 2) 0
O Jardineiro Fiel - Fernando Meirelles (Paissandu) *
Mistérios da Carne - Gregg Araki (Paissandu) *
Kiss Me - Antonio da Cunha Teles (São Luiz 3) 0
2046 - Wong Kar-Wai (Botafogo 1) * *

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Homenagem ao Filipe Furtado:

O Mundo, visto numa sessão EXTRA, no Espaço Unibanco 1 (baita telona) está empatado com Espelho Mágico, como o melhor filme do festival.

Nada como um dia após o outro.

sábado, 24 de setembro de 2005

Seguinte...como não posso mais ver filmes antes do Festival do Rio, adianto a relação dos filmes vistos em setembro. Ao final do Festival, posto um balanço com os filmes, cotações e um pequeno comentário. Mas prometo tentar postar algo durante o festival. Curiosidades, ou impressões mais espontâneas e diretas dos filmes que eu vir.
como sempre, revisões em negrito.

A Outra Face da Raiva - Mike Binder (DVD) *
As Leis da Atração - Peter Howitt (DVD) *
A Ilha - Michael Bay (Mt. Sta Cruz 6) 0
Amor em Jogo - Peter & Bobby Farrely (Bristol 1) * * *
Penetras Bons de Bico - David Dobkin (Bristol 5) * * *
Coisa de Mulher - Eliana Fonseca (Arteplex 7) 0
Harmada - Maurice Capovilla (Arteplex 8 ) * *
Penetras Bons de Bico - David Dobkin (Bristol 1) * * *
The Killing of a Chinese Bookie - John Cassavetes (DVD) * * * *
The Black Test Car - Yasuzo Masumura (CCSP) * *
A Bela do Palco - Richard Eyre (E.Unibanco 1) *
A Woman's Testament - Masumura, Ichikawa, Yoshimura (CCSP) * * *
The Woman Who Touched the Legs - Yasuzo Masumura (CCSP) * * *
Três Vidas e um Destino - John Duigan (DVD) 0
A Identidade Bourne - Doug Liman (DVD) *
Son de Mar - Bigas Luna (DVD) 0
Quatro Irmãos - John Singleton (Mt.Sta Cruz 11) * *
Vôo Noturno - Wes Craven (Bristol 4) * *
Os Gatões - Jay Chandrasekhar (Arteplex 2) * *
Dias de Paraíso - Terrence Malick (DVD) * * *
Eros - Antonioni, Kar-Wai, Soderbergh (R.Cultural 3) * *
Segunda Chance - Dylan Kidd (R.Cultural 3) * *
De Tanto Bater, Meu Coração Parou - Jacques Audiard (R.Cultural 2) * *
Porto - Ingmar Bergman (Sala Cinemateca) *
Satan Never Sleeps - Leo McCarey (DVD) * * *
Nénette et Boni - Claire Denis (VHS) * * *

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

É por isso que uma ida à locadora pode ser um martírio:

"Amor, tem Cantando na Chuva, que tal?"
"O filme é chato, só tem aquela cena que presta"
"Tá, então vamos escolher um mais movimentado"

Não sei como terminou a noite do casal, mas o cara estava com um filme do Dolph Lundgren na mão.

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Não tenho visto muitos filmes. O último foi Satan Never Sleeps, filme do Leo McCarey, tido como fraco, mas curti bastante. É bem tosco tecnicamente falando, com back-projections ridículas e um cenário que se destaca demais como cenário artificial. Mas Holden é Holden, e da paixão de uma camponesa chinesa pelo padre por ele interpretado surgem momentos de pura poesia.

domingo, 11 de setembro de 2005

Três Vidas e um Destino tem um momento curioso. A câmera atravessa um salão de estudo de balé, driblando as bailarinas como um zagueiro tosco (um travelling direto que me lembrou as investidas de Bernardão, o volante) e enquadra, entre os vidros que compõem a janela, o protagonista interpretado por Stuart Townsend. Puro momento fetichista e desnecessário, que no entanto salva o filme de um cálculo excessivo e artisticamente pesado. Tem a mais comum de todas as concessões desses filmes que avançam no tempo: os momentos mortos são praticamente ignorados. Irrita ver uma sucessão de acontecimentos importantes. É como se os personagens não tivessem vida fora desses momentos. Fora outras concessões, como a de ter personagens franceses conversando em inglês, por causa de um inglês que fala fluentemente...francês. E francamente, aquela olhadinha da Charlize Theron para a câmera, buscando a cumplicidade do espectador, bem no momento em que está prestes a ser executada, é repugnante. Lembra a lição de moral dada por John Turturro no final de A Trégua, o lixo de Francesco Rosi, indicador mirando a consciência de cada um de nós na platéia. É a terceira bola preta de John Duigan, de quem só tinha visto Grande Mar Sargasso e Sereias.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

- Mais um Masumura, The Black Test Car, interessante, mas inferior ao Mojo (Cega Obsessão). Em scope, com aqueles enquadramentos típicos da nouvelle vague japonesa (apelidada por aqui de Nuberu Bagu), e que Kobayashi era mestre supremo, mas Imamura também dominava. Parece um piloto pra alguma série dos anos 60, com montagem esperta e trama envolvendo espionagem industrial. Um humor bizarro e inesperado é o que de melhor fica após a projeção.

- Triste dizer, mas Coisa de Mulher é tão ruim quanto estão falando. Evandro Mesquita é responsável por salvar o filme do título de pior brasileiro dos últimos tempos. Título que é dividido entre Cama de Gato e Viva Voz.

- Harmada (Capovilla) é um bom filme, apesar dos inúmeros problemas. Um deles atinge em cheio quem não é muito chegado em teatro, pois o gestual que os atores insistem em passar para o dia-a-dia deles é incorporado por Pereio e os outros atores, fazendo com que as empostações de palco acompanhem os personagens durante a primeira metade do filme. Depois disso, a comparação com João Cesar Monteiro é inevitável, e as elipses são muito bem trabalhadas, fortalecendo a reclusão do personagem e fazendo do ator solitário a personificação de um teatro mambembe e grandioso ao mesmo tempo. Algo que já não parece mais possível, a não ser na mente transgressiva dele.

- E o que dizer de Penetras Bons de Bico? Um timing absurdamente genial pra comédia, com os cortes valorizando cada piada ("I'm Sorry?"), os diálogos sendo máquina voraz de demolição dos clichês. Um belo trabalho de quadro, quase tão bom quanto o dos irmãos Farrelly, valorizando o humor físico (como bem notou o Chiko) de Owen Wilson e Vince Vaughn com Christopher Walken e Will Ferrell se juntando aos mágicos comediantes numa festa aberta da turma, para que todo seu público se divirta.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Agosto:

resolvi abolir o + entre as cotações devido ao alto índice de reprovação.

(revisões em negrito)

Sin City - Miller, Rodriguez (Bristol 1) * * *
Moacir-Arte Bruta - Walter Carvalho (Cinesesc) 0
S.O.B. - Blake Edwards (DVD) * * * *
Pequenos Espiões 2 - Robert Rodriguez (DVD) * * *
The Adventures of Sebastian Cole - Tod Williams (DVD) *
Provocação - Tod Williams (Arteplex 3) *
Pequenos Espiões 3 - Robert Rodriguez (DVD) * *
O Gigante de Ferro - Brad Bird (DVD) * * *
O Amigo da Minha Amiga - Éric Rohmer (Top Cine 2) * * * *
Runaway Daughters - Joe Dante (DVD) * *
Meu Problema com as Mulheres - Blake Edwards (DVD) * * *
Tartarugas Podem Voar - Bahman Ghobadi (R.Cultural 3) * *
Vício Maldito - Blake Edwards (DVD) * * *
Tudo para Ficar com Ele - Roger Kumble (DVD) *
O Castelo Animado - Hayao Miyazaki (Arteplex 5) * * *
Trouble Every Day - Claire Denis (Top Cine 2) * * *
Água Negra - Walter Salles (Arteplex 2) *
Superman III - Richard Lester (VHS) *
O Ano do Dragão - Michael Cimino (DVD) * * * *

Nem Tudo é o que Parece - Matthew Vaughn (Arteplex 5) 0
A Menina Santa - Lucrecia Martel (Arteplex 4) * * * *
Home Movies - Brian De Palma (VHS) *
De Repente é Amor - Nigel Cole (Arteplex 7) *
A Sogra - Robert Luketic (Arteplex 1) 0
Um Filme Como os Outros - Godard/Gorin (CCBB) *
British Sounds - Godard/Gorin (CCBB) * * *
Vladimir e Rosa - Godard/Gorin (VHS) * * *
Pravda - Godard/Jean-Henri Roger (CCBB) *
Agora Seremos Felizes - Vincente Minnelli (DVD) * * * *
Tão Distante - Hirokazu Kore-Eda (Top Cine 2) *
2 Filhos de Francisco - Breno Silveira (Bristol 6) * *
Casa Vazia - Kim Ki-Duk (R.Cultural 1) *
Terra de Ninguém - Terrence Malick (DVD) * * *
Backbeat - Iain Softley (DVD) 0
Encontrando Forrester - Gus Van Sant (DVD) *
A Chave Mestra - Iain Softley (Kinoplex 3) *
A Vida Secreta dos Dentistas - Alan Rudolph (DVD) 0
Hackers - Iain Softley (DVD) *
Shakespeare Wallah - James Ivory (DVD) * * *

sábado, 27 de agosto de 2005

Posts acumulados:

- Algum frequentador da Lasermania deixou Badlands do Terrence Malick em primeiro lugar na fileira. Quem será? Como havia prometido uma revisão do filme, mordi a isca. Acabei de rever o filme e devo confessar que gostei muito. Já não chamo mais o Malick de embusteiro, pois era justamente com esse filme que eu encrencava mais. Filme livre, solto e fluente, carregado com maestria de um armador antigo, tipo Adhemir da Guia, ou, em alguns momentos, Rivelino. (hehe...esse comentário futebolístico foi uma homenagem ao Cláudio). Martin Sheen está ótimo. E lembrei que ainda não vi Honeymoon Killers, filme que tenho gravado desde 1997, mais ou menos.

- Casa Vazia é o melhor filme de Kim Ki-Duk. Se continuar progredindo, talvez consiga fazer um bom filme, coisa que ele consegue em poucos momentos aqui. Um desses momentos é o belo final, depois da partida do marido, e antes daqueles dizeres desnecessários. O começo é muito ruim, com algum resquício da vontade do choque pelo choque, presente em seus filmes desde A Ilha, e um tanto ausente do resto de Casa Vazia, e do filme anterior, Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera (filme que está para o cinema como a Enya está para a música - é ruim, mas superior ao Endereço Desconhecido). Há uma interessante elegia da solidão (presente também no filme do tópico acima, aliás), e se Kim Ki-Duk não explora esse tema com tanto sucesso, pelo menos ele demonstra sinceridade em mergulhar no silêncio dos protagonistas, arma de defesa desses seres perdidos porque não encontram um sentido nas suas vidas. O cinema new-age do diretor consegue subir mais um degrau.

- Sobre 2 Filhos de Francisco não tenho muito a dizer além da ótima crítica do Ruy para a Contracampo. Para o Filipe pegar no meu pé, vou traçar, então, um breve paralelo entre com a música. Como a sonoridade dos irmãos Camargo mudou com a ida deles para a capital paulista, deixando de ser autenticamente caipira para ser urbana e híbrida, fazendo enorme sucesso a despeito de desagradar teóricos musicais, pessoas de gosto médio e pessoas do campo pela quase ausência de raíz, ou pela simplicidade de arranjos e letras, também o filme mudou do marrom poeira das estradas de terra para o cinza concreto da urbanidade, voltando à terra para um bobo final saudosista. Mas é um belo filme em muitos pontos, e seus problemas são facilmente encobertos pela paixão envolvida na direção de Breno Silveira. Travellings e elipses não me incomodaram nem um pouco.

- Tão Distante foi a confirmação que tive de que o diretor Hirokazu Kore-Eda é superestimado. Cria planos com um rigor absurdo de enquadramento, mas dá um zoom bizarro e agressivo. O corte vem num tempo estranho, como se ele se esforçasse ao máximo para invalidar todo o rigor de câmera (algo que reparei também na revisão de Depois do Fim). Poderia ser interessante, mas é apenas frustrante.

- A Premiere USA de setembro tem uma matéria muito interessante com os 20 filmes mais superestimados de todos os tempos. Um redator levanta a lebre, outro defende o cânone. Os filmes: 2001, Forrest Gump, E O Vento Levou, Jules et Jim, Beleza Americana e por aí vai. O link: www.premiere.com

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Um Filme Como os Outros (1968) *+
Sons Britânicos (1969) * * *
Vladimir e Rosa (1971) * * *

Os três Godard/Gorin acima tem coisas em comum. Todos são panfletários, engraçados, chatos e contraditórios, em maior ou menor medida. Um Filme Como os Outros é o mais chato, disparado. Três belos planos que se repetem à exaustão, intercalados por imagens captadas em p&b e conversas revolucionárias de todos os tipos. Sons Britânicos incorpora o teor revolucionário em sua forma, e tem um belo travelling de saída. Colagens cheias de sarcasmo dá conta dos ideias maoistas do grupo Dziga Vertov, mas também ri de suas próprias contradições, como acontece também em Vento do Leste, e é fundamental para que o panfleto seja palatável. Vladimir e Rosa é o mais engraçado. Uma autêntica revolução formal, que antecipa algumas tomadas corajosas de Tout Va Bien, como levar o termo "rir de si mesmo" ao limite máximo, muito perto do ridículo. Godard engatinha, é empurrado, Gorin dá broncas, e a equipe é testemunhada pela câmera com despudor e auto-crítica. O mais ridiculamente panfletário, mas também o mais comovente em sua tentativa de entender todos os tiques do grupo. E Juliet Berto está um assombro de tão bela.

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

O mongol aqui esqueceu de colocar La Niña Santa entre os dez melhores da lista abaixo. Sem saber qual filme tirar, peço que incluam o filme de Martel dividindo a terceira posição com O Aviador e Terra dos Mortos. Pra não fazer besteira e tirar um Burton ou um Assayas. Depois eu decido qual sai, porque de dez não passa.

sábado, 13 de agosto de 2005

Parcial MELHORES DO ANO:

filmes que estrearam em circuito em 2005 e que sejam deste século.

Menina de Ouro (Nota 10)
Um Filme Falado (10)
Terra dos Mortos (9,5)
O Aviador (9,5)
Trouble Every Day (9)
Sin City (9)
A Fantástica Fábrica de Chocolate (9)
Clean (9)
Bom Dia Noite (9)
Nossa Música (9)

No dia do desempate de tudo isso aí eu vou ficar maluco

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Talvez Éric Rohmer consiga tanto de suas atrizes porque fala de coisas que geralmente se encontram adormecidas em todas elas, mas que só se externizam no momento da filmagem. Porque é realmente impressionante o que ele consegue extrair de Emmanuelle Chaulet em O Amigo de Minha Amiga, em cartaz no Top Cine. A atriz foi coadjuvante em Chocolat, filme de Claire Denis no ano seguinte (1988) ao filme do Rohmer, mas interpretou poucos papéis, nenhum outro de destaque, em filmes de pouco alcance comercial. A que se deve sua magistral interpretação? Por que motivo ficamos em prantos com suas desventuras amorosas? O filme é o sexto e último de sua série de Contos e Provérbios. O filme anterior da série é a obra-prima O Raio Verde. Se é necessária alguma prova do gênio desse cineasta ainda incompreendido em alguns círculos, ela está no meio da Av. Paulista até o final da semana.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Falar que Sin City é mais quadrinho que cinema é um desvio um tanto viajante. Criar o que está implícito numa seqüência de quadros de HQ não é tão simples assim, e o grande feito de Rodriguez e Miller foi fazer algo bem fiel às histórias originais e ainda ser grande cinema. O movimento sugerido pelos quadrinhos nunca será o mesmo, ainda que tenha a supervisão de seu criador. E desprezar a movimentação dos atores no quadro é desprezar uma das maiores características cinematográficas: a escolha, por vezes intuitiva, dos elementos que aparecerão enquadrados. O limite da tela sendo preenchido. Luz e sombra, ritmo incessante, cadências raras e bem colocadas, um raro experimento bem sucedido na aceleração constante de sucessão de imagens. Marv é um dos grandes personagens de Mickey Rourke, e é o personagem mais interessante do filme. Carla Gugino (já excelente em Olhos de Serpente), prova que nasceu para filmar com Rodriguez (lembrando dos Spy Kids). E a grande sacada foi escalar Elijah Wood como um dos vilões, justamente o mais enigmático deles. É o melhor filme de Robert Rodriguez.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Filmes de Julho (revisões em negrito):

Os Incríveis - Brad Bird (DVD) * * *
Wimbledon - Richard Loncraine (DVD) *
Um Show de Vizinha - Luke Greenfield (DVD) *
A Queda- As Ultimas Horas de Hitler - Oliver Hirschbiegel (Cinearte 1) *
Guerra dos Mundos - Steven Spielberg (Bristol 1) *
A Primeira Vitória - Otto Preminger (DVD) * * * *
Lizard in a Woman's Skin - Lucio Fulci (DVD) * * *
Lilith - Robert Rossen (DVD) * *
Exílios - Tony Gatlif (R.Cultural 2) * *
Inconscientes - Joaquin Oristrell (Top Cine 1) * *
O Amor é Tudo - Irvin Kershner (DVD) * *
Revanche Selvagem - Sidney Pollack (DVD) *
Baby Cart to Hades - Kenji Misumi (DVD) * * *
A Condessa de Hong Kong - Charles Chaplin (DVD) * * * *
Sangue em Sonora - Sidney J. Furie (DVD) * * *
Uma Garota Encantada - Tommy O'Haver (DVD) *
Bande à Part - Jean-Luc Godard (VHS) * * * *
Nós Não Envelheceremos Juntos - Maurice Pialat (VHS) * * *
American Pie - Paul Weitz (DVD) *
O Rato na Lua - Richard Lester (DVD) * *
O Diabo a Quatro - Alice de Andrade (Arteplex 7) *
Corações e Mentes - Peter Davis (Cinesesc) * *
Noite e Neblina - Alain Resnais (DVD) * * * *
Entre Amigas - Claude Chabrol (DVD) * * * *

Quarteto Fantástico - Tim Story (Arteplex 1) *
Kung-Fusão - Stephen Chow (Arteplex 4) *
American Pie 2 - J.B.Rogers (DVD) *
A Fantástica Fábrica de Chocolate - Burton (Arteplex 2) * * *
Caiu do Céu - Danny Boyle (Arteplex 8) *
O Arquivo Confidencial - Sidney J.Furie (DVD) * *
Em Boa Companhia - Paul Weitz (DVD) 0
Terra dos Mortos - George Romero (Arteplex 6) * * * *
Os Aventureiros do Bairro Proibido - John Carpenter (DVD) * *
Superman IV - Sidney J.Furie (DVD) 0
O Homem dos Olhos Frios - Anthony Mann (DVD) * * *
Pequenos Espiões - Robert Rodriguez (E.Unibanco 4) * *
Camelos Também Choram - Byambasuren Davaa & Luigi Falorni (E.Unibanco 1) * * *
Une Vie - Alexandre Astruc (VHS) * * * *
Cuadecuc, Vampir - Pere Portabella (Olido) * *
Terra dos Mortos - George Romero (Arteplex 6) * * * *
Superoutro - Edgard Navarro (VHS) * * *
Faces - John Cassavetes (DVD) * * * * * * * *

quinta-feira, 28 de julho de 2005

O primeiro filme de Pere Portabella que vi foi ontem no Olido (que pra minha surpresa não é tão ruim quanto me falaram, conservando quase tudo da antiga sala 3 do cinema Olido - onde vi Pensamentos Mortais...bleargghhh). Cuadecuc, Vampir é um making of picareta e original do Conde Drácula, de Jesus Franco (que não vi). Incomoda pela falta de conexão entre o som e as imagens, e isso é o mais interessante do filme. Também incrível é ver Herbert Lomm de Van Helsing. Por mais que o filme tenha um desleixo disfarçado de experimentação na maior parte do tempo, há momentos em que se acerta em algo, como quando a câmera de Portabella capta a equipe de filmagem de Franco em ação.

terça-feira, 26 de julho de 2005

Micro-pílulas com cotações:

Terra dos Mortos (Romero) * * * * - Hopper tirando caca de nariz.
Superman IV (Furie) 0 - risível de tão ruim.
Em Boa Companhia (Weitz) 0 - saboroso como uma pedra-pomes, um dos filmes mais insípidos dos últimos tempos.
Tin Star (Mann) * * * - Fonda e Perkins, dupla improvável.
Une Vie (Astruc) * * * * - o melhor de renoir com o melhor de ophuls, inacreditável.
Pequenos Espiões (Rodriguez) * * - danny elfman querendo ser gentle giant.
Camelos Também Choram (dois malucos) * * * - Bresson? não sei. Só sei que é belo.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

- Vendo O Arquivo Confidencial (The Ipcress File, 1965), de Sidney J.Furie , fiquei pensando o quanto o diretor de fotografia Russell Metty teve de participação pra dar um sentido às maluquices de angulações de câmera em The Appaloosa, o filme seguinte do diretor. A trama é melhor que a de Appaloosa, tem grandes atores envolvidos (em especial um Michael Caine inspirado), e um charme típico dos filmes de espionagem dos anos 60, com uma trilha deliciosamente jocosa e um desenrolar seco da história. Mas as maluquices de Furie incomodam mais que no outro filme, fazendo com que o conjunto seja um pouco inferior. Ainda assim, nada desprezível, e melhor que o filme de Ken Russell com o mesmo personagem (Billion Dollar Brain, 1967).

- Tim Burton volta à sua melhor forma em A Fantástica Fábrica de Chocolate, filmado como se hoje fosse 1971, o que é diferente de caracterização de época (já que ele parece não dar muita bola pra isso), e tem mais a ver com uma recriação do que se via/ouvia na época. Para se ter uma idéia, as músicas compostas por Danny Elfman, sem deixar de lembrar Oingo Boingo, remetem à música pop dos anos 70. E tem muito mais...

- Não me incomodo muito com previsibilidade em cinema, mesmo porque é sempre muito salutar observar o que de cinema se despreende da forma com que se lida com a previsibilidade (ex: Crime Verdadeiro, obra-prima de Clint Eastwood). Mas Quarteto Fantástico tem muito pouco a oferecer em matéria de mise-en-scène. Sobra um aglomerado de acontecimentos esperados, com um vilão que não tem atrativo algum para além da caricatura, e um ineficiente aproveitamento na fase da descoberta dos poderes, algo que conferia um charme muito grande aos Homem Aranha do Raimi.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

TOP TOP TOP CHABROL:

1) A Cor da Mentira (Coeur du Mensonge, 1999)
2) Nas Garras do Vício (Le Beau Sèrge, 1959)
3) Entre Amigas (Les Bonnes Femmes, 1960)
4) Os Fantasmas do Chapeleiro (Les Fantômes du Chapelier, 1982)
5) La Fleur du Mal (2003)
6) Os Primos (Les Cousins, 1959)
7) O Açougueiro (Le Boucher, 1970)
8) Ciúme (L'Enfer, 1994)
9) Mulheres Diabólicas (La Cérémonie, 1995)
10) Masques (1987)

segunda-feira, 11 de julho de 2005

A Entidade e Superman IV são o suficiente pra deixar qualquer um que ouvir o nome de Sidney J. Furie de cabelo em pé. Um amigo me dizia que The Appaloosa era interessante, mas ele odeia Godard, então eu não levava essa opinião tão a sério. Já que eu queria muito ver A Condessa de Hong Kong (fenomenal), que acaba de chegar na Lasermania, loquei a caixa do Marlon Brando. No mesmo disco, lado B, vem Appaloosa (Sangue em Sonora por aqui). E para minha surpresa o filme é bem mais que interessante.

A proposta de câmera sempre inusitada de Furie pode incomodar em alguns momentos (em especial quando adota o ponto de vista de esporas ou de um cavalo), mas na maior parte do tempo, a proposta é o tipo de enquadramento que Kobayashi e Imamura faziam muito nos anos 60: enviezados, como se fosse a visão subjetiva de alguém que se esconde. Lembrei de O Massacre da Serra Elétrica, o de Tobe Hooper, nas horas de travelling por trás do mato amarelado (ou plantação de alguma coisa - meus conhecimentos agrônomos são abaixo de zero).

Mas Furie constrói muito bem uma atmosfera de insegurança do personagem, que ao contrário do que eu esperava, tem uma interpretação muito boa do Brando. E a cena da queda de braço com os escorpiões é muito boa. Não me incomodo com as cenas de família (se bem que faltou explorar melhor a relação com eles, dando a impressão que o filme deveria ser maior pra dar conta disso). Também não me incomodo com as firulas já mencionadas de câmera, que são bem menos constantes do que eu esperava. É um preço a pagar pelas tentativas de homenagem aos mestres nipônicos.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Alguns filmes:

Exílios (Tony Gatlif, 2004) * *
A cena do transe é fundamental para a adesão ao filme. Dura uns bons minutos, e faz com que mergulhemos no drama da argelina que tenta na marra um reencontro com suas raízes. Os momentos em que se busca a poesia a todo custo, mais frequentes no início do filme, são pura concessão ao público do circuito de arte. Mas quando ele afronta e incomoda esse mesmo público, o filme cresce bastante. Gosto muito de tudo que se passa na Argélia, e de algumas coisas pinçadas durante a viagem.

O Amor é Tudo (Loving, de Irvin Kershner, 1970) * *
Um filme de momentos muito belos, com destaque para o belo início, com os créditos aparecendo durante um desentendimento que não ouvimos entre os amantes. Gosto também de quase todos os momentos em que Eva Marie Saint aparece, ela brilha como a esposa do artista amargurado, que não quer compromisso profissional ou sentimental, mas balança quando vê que a amante está em outra (s). O artista é interpretado por George Segal, e não curto muito a interpretação dele, o que talvez explique o meu entusiasmo apenas moderado, apesar de reconhecer que o filme tem grandes momentos.

Revanche Selvagem (The Scalphunters, de Sidney Pollack, 1968) *
Dos filmes iniciais de Pollack, provavelmente esse é o mais fraco. Inferior ao superestimado Essa Mulher é Proibida, e muito inferior ao Defesa do Castelo e A Noite dos Desesperados. Nunca vi The Slender Thread, seu primeiro filme. Em The Scalphunters, Burt Lancaster está canastrão como nunca (como sempre, diriam alguns). Excelente ator, tende ao exagero quando mal dirigido, como é o caso. Incrivelmente, Pollack, que atua bem, e é bom diretor de atores, às vezes pisa na bola nesse aspecto, como com Sean Penn no recente A Intérprete. Em compensação, Ossie davies está magnífico, e é o único bom motivo pra ver o filme. Lancaster está bem melhor em The Swimmer, filme do mesmo ano. Curiosamente, ele se desentendeu com o diretor Frank Perry e Sidney Pollack dirigiu as poucas cenas que faltavam.

A Primeira Vitória (In Harm's Way, de Otto Preminger, 1964) * * * *
Não consigo abordar satisfatoriamente os filmes de Preminger sem uma atenta revisão. Enquanto ela não vem, restam as impressões: um dos filmes mais eróticos dos anos 60 - isso percebe-se já na primeira seqüência - com muitos diálogos que sugerem sexo. John Wayne redescobre o amor, graças a uma enfermeira (Patricia Neal). Muito maior que o patriotismo, alimentado por sua patente elevada na Marinha americana, é sua intenção de ficar mais perto dela, de adequar suas missões à presença dela. tem muito mais que isso, principalmente na relação que Preminger faz com as pessoas no quadro, uma constante em seus filmes rodados em scope.

Lone Wolf and Cub: Baby Cart to Hades (de Kenji Misumi, 1972) * * *
Trata-se de uma série, similar a do Zatoichi, de um samurai que enfrenta seus inimigos levando seu filho, ainda criança. Desconheço o mangá original da série, assim como desconheço suas outras adaptações para o cinema, algumas delas pelo mesmo Kenji Misumi. Mas queria deixar o registro de que o filme é bom demais para passar despercebido. Tem em DVD área 1. Logo, deve ter no emule e quetais.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Os filmes de Junho. Como sempre, revisões em negrito.

Séance- Kiyoshi Kurosawa (Cinesesc) * * *
Os Impiedosos – Don Siegel (DVD) * * * *
A Garota da Motocicleta – Jack Cardiff (DVD) 0
Cada um Vive como Quer – Bob Rafelson (DVD) * * *
SWIII – A Vingança dos Sith – George Lucas (Arteplex 3) * *
Três é Demais – Wes Anderson (DVD) * * *
Médico e Amante – John Ford (DVD) * * * *
Rififi – Jules Dassin (DVD) * * *
Fim de Agosto, Começo de Setembro – Olivier Assayas (DVD) * * *
9 Canções – Michael Winterbottom (Arteplex 1) *
Clean – Olivier Assayas (Arteplex 5) * * *
Todo Mundo Quase Morto – Edgar Wright (DVD) *
Batman Begins – Christopher Nolan (Arteplex 1) * *
Pee-Wee’s Big Adventures – Tim Burton (DVD) * *
SWIV, Uma Nova Esperança – George Lucas (DVD) * *
Mulher – Octavio Gabus Mendes (Reserva Cultural 3) * * *
Batman – Tim Burton (DVD) *
Batman Returns – Tim Burton (DVD) * *
Following – Christopher Nolan (DVD) 0
Espanglês – James L. Brooks (DVD) * *
Pele de Asno – Jacques Demy (DVD) * * * *
Heathers – Michael Lehmann (DVD) *
O Guia do Mochileiro das Galáxias – Garth Jennings (Arteplex 6) *
Duas Garotas Românticas – Jacques Demy (VHS) * * * *
Sr. & Sra. Smith - Doug Liman (Arteplex 2) *
Lo Strano Vizio della Signora Wardh - Sergio Martino (DVD) * *
Rios Vermelhos - Mathieu Kassovitz (DVD) *
I Fidanzatti - Ermanno Olmi (DVD) * * * *
A Sombra de uma Dúvida - Alfred Hitchcock (DVD) * * * *
SW5, O Império Contra-Ataca - Irvin Kershner (DVD) * *
SW6, O Retorno do Jedi - Richard Marquand (DVD) * *
The Cat's Meow - Peter Bogdanovich (DVD) * * *

quinta-feira, 30 de junho de 2005

Finalmente vi a série Star Wars em sequência, alugando os episódios IV, V e VI. Não entendo como é quase unânime o desprezo pelo Retorno do Jedi, talvez o melhor episódio de toda a série. Até concordo que os Ewoks são meio fofinhos demais, e que o filme ganha contornos infantis com eles, mas em todos os episódios, o que menos interessa é acompanhar os rebeldes, os mocinhos. Os filmes sempre crescem quando os vilões estão em cena. São deles as melhores falas, são com eles que se dá toda a atmosfera necessária para que a saga não ficasse com jeito de aventura exclusivamente para crianças. Nesse ponto, tirando o episódio I, os episódios filmados por último levam vantagem, pois em meio aos chatos jedis e suas filosofias rastaqueras tinha sempre um Palpatine e um Anakin para desequilibrar o conjunto com seus rompantes de humanismo (por vezes doentio, como no caso de Palpatine). Han Solo, na trilogia antiga, era o responsável por esse equilíbrio, mas sua progressiva conversão ao polianismo é compensado em O Retorno de Jedi por uma maior participação dos malvados, e por uma curiosa caracterização do "lar" de Jabba.

Em O Retorno de Jedi, temos também o melhor confronto mocinho/bandido de toda a série, com o duelo entre Luke e Vader sendo travado sob o olhar irônico de Palpatine. É quando a máscara de Vader interpreta. O que ele tem de humano salta aos olhos, e é muito interessante também como pai e filho se comunicam por pensamento. A montagem paralela, a exemplo do A Vingança dos Sith, atrapalha (ainda que um pouco menos), pois queremos ver o duelo e não a batalha com as naves (algo muito bom de se ver só pra quem é fanático por efeitos especiais).

Richard Marquand é um diretor melhor que Lucas e Kershner. Nota-se que os enquadramentos do Retorno... são bem diferentes (e um tanto melhores) dos do resto da série, o que me leva a crer (e eu ainda não pesquisei se procede) que Lucas não se envolveu tanto nas filmagens quanto em Império Contra-ataca. Quando Vader está em cena, há uma preocupação em revelá-lo sempre por detrás de alguma coisa muito escura, como na bela cena das luzes aparecendo e indicando que a porta estaria sendo aberta para sua entrada. Ou no brilhante duelo, quando Vader praticamente predomina no quadro, e percebe-se o seu amor pelo filho desde o primeiro contato entre os sabres. Há uma atenção maior aos elementos que compõem o quadro. Uma mise-en-scène mais elaborada.

Enfim, se todos os episódios, excetuando o desastroso A Ameaça Fantasma (do qual mal se aguenta ver dez minutos) são muito próximos em qualidade, com vários problemas e vários acertos em todos eles, graduações de * * (às vezes, graduações de 7 e 7,5 - complicado, não?), não consigo deixar de pensar que O Retorno de Jedi é o melhor deles. Arrisco um top, sujeito a mudança de opinião:

(entre parênteses a nota, de zero a 10)

1- O Retorno de Jedi (7,5)
2- A Vingança dos Sith (7,5)
3- O Império Contra-Ataca (7)
4- O Ataque dos Clones (7)
5- Uma Nova Esperança (7)
6- A Ameaça Fantasma (4)

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Já está em pré-venda nas casas do ramo a edição dupla da obra-prima de Martin Scorsese, Cassino, prometida para dia 13/07, dessa vez em formato correto de 2.35:1 (da outra vez lançaram por aqui em 1.85:1, conforme informação da capa, pelo menos). Obrigatório para quem quiser entender a progressão de sua carreira, e o ensaio imagético definitivo para um relacionamento amoroso em todas as etapas. E que liberou o diretor para tentar entender melhor o mundo em que vive, geralmente voltando a um passado recente (Vivendo no Limite) ou remoto (Gangues, Aviador, Kundun), e deixando sua vida sentimental em um plano menor, mas que não deve ser subestimado, dentro dos filmes.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

O Guia do Mochileiro das Galáxias está bem longe de ser um mau filme. Mas está em igual distância do memorável. Nesse meio termo espaçoso alguns momentos valem destaque:

- a leveza de tratamento, abrindo caminho para algo que correria o risco de virar uma desritmada sucessão de climaxes.
- os atores, que dão conta do recado e caem perfeitamente em seus papéis
- a arma do ponto de vista, principalmente no último e derradeiro uso dela dentro do filme (algo antológico mesmo.

Por que não empolga tanto? Talvez pelo fato de ter inúmeras idéias, sendo que apenas algumas delas funcionam. Uma atropela a outra (às vezes uma tira a graça da outra). Garth Jennings é um diretor acadêmico, o que talvez não seria tão indicado para essa adaptação. Mas se caísse nas mãos de um Guy Ritchie da vida poderia ser bem pior.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Momento inconsequente e possível num blogue: Pele de Asno é o melhor musical feito fora dos EUA, a não ser que eu esteja me esquecendo de algum outro. Também é a melhor adaptação de uma fábula infantil para o cinema. E também deve ser a grande comédia romântica do cinema francês. Jacques Demy ainda conseguiu o feito de fazer a melhor experiência com cor que vi em muito tempo. Uma obra-prima mesmo. O que o Estação está esperando pra lançar esse filme no Cinesesc com pompa e circunstância? Michel Legrand é um dos grandes, como Burt Bacharach.

sexta-feira, 17 de junho de 2005

A grande curiosidade de Following (filme de 1998) é que na porta de um dos apartamentos invadidos pelos dois aventureiros tem o símbolo do Batman. Será que Nolan tem dons premonitórios?

Following, o primeiro de Christopher Nolan, foi vendido como novidade, influenciada por Hitchcock e Nicholas Roeg. Não vi graça alguma no pobre artifício de embaralhar todos os acontecimentos, pelo contrário, acho que se fosse linear o filme ganharia força, pois a trama não é de todo má. Com vinte minutos de filme, já estava me perguntando a que horas tal patacoada iria acabar. O filme tem apenas 71 minutos, mas parece que tem muito mais. Chris Nolan continuou pastel de vento em Memento, tornou-se medíocre em Insônia, e um competente artesão em Batman Begins. Vamos ver aonde vai dar essa evolução.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Finalmente fui conhecer o Reserva Cultural (da Imovision), espécie de espaço elitista que aplica a velha e batida lei do "se não for caro, o pessoal pensa que é ruim", pensamento estúpido e muito comum em São Paulo. O problema é que o folhado de peito de peru se desmancha todo antes de ser comido, e o que é ingerido não vale os R$3,20 gastos. Beleza, já sei que comer lá não é uma boa pedida, apesar de que meu masoquismo me impede de ignorar aqueles sanduíches que devem custar o triplo (não tinha plaquinha com o preço), mas parecem não desmanchar no ar. Uma outra vez, quem sabe? Projeção boa, embora em janela errada para Mulher, filme de 1931 de Octávio Gabus Mendes (pai do Cassiano?). Passou em 1:1,66 (o certo seria 1:1,33, modificado como o próprio letreiro de abertura diz para 1:1,37). A tela da sala 3 me pareceu um tanto pequena, mais ou menos como a do DirecTV 2, mas pode ser que a sala 1, que exibia Clean, tenha uma tela maior. O espaço é interessante, lembrando um pouco o Espaço Unibanco da Augusta, e o do Rio também, só que mais labiríntico. Na sala 2, o horroroso Conversações com Mamãe, que todos pareceram gostar na última Mostra. E a Rain continua ameaçando, com publicidade intensiva esse novo espaço que se diz mais propenso ao cinema de arte. É mais uma sala, e espero que vingue (já tendo quase certeza que irá vingar). Mas poderia ser menos afrescalhada nos comes, não é? O filme Mulher? Muito bom, com um erotismo próprio dos anos 30 e contraplanos muito interessantes.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Batman Begins é o melhor filme de Christopher Nolan. Também é o melhor de todos os Batmans, que me perdoem os fãs das crias de Burton. Tenho de dizer que não gosto muito dos dois que Burton dirigiu, então dá pra relativizar o meu entusiasmo com esse novo (um duas estrelas convicto). Lia muito os gibis do Batman nos meus anos de faculdade, conhecia bem as histórias, o personagem. Agora tudo é meio nebuloso na minha memória. O que me parece, sobretudo, é que Nolan fez o Batman mais fiel ao que foi criado por Bob Kane. Mas não é por isso que o filme é bom. Uma conjunção de fatores o fazem: desde a melhor interpretação do outrora insuportável Christian Bale, até a presença luminosa de Katie Holmes. Mas também porque Nolan tenha abandonado a vontade de ser "autor", na pior acepção do termo, servindo ao filme como um competente artesão (foi também co-roteirista). O vilão é o mais sombrio da série, o que talvez justifique a quase ausência de humor. É de longe o filme menos humorado da série. Na época do primeiro Batman, achei que o humor que surgia, principalmente pelo talento de Jack Nicholson, lutava contra o que Tim Burton queria: uma caracterização lúgubre envolvendo um personagem carregado de sentimento de morte. Nesse novo, a ênfase nesse aspecto nem é tão forte, mas é fortalecida pelos ideias do sinistro vilão, o que confere uma unidade surpreendente ao filme. Descontados alguns momentos didáticos, outros de um academicismo berrante, um divertido filme se impõe.

Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), de Edgar Wright, caminha na corda bamba até um terço do filme. Há qualquer coisa de interesse na maneira como o diretor pretende criticar a sociedade inglesa, e especificamente a londrina, mostrando todos como zumbis desde o começo do filme. Nas primeiras cenas pós-crédito o protagonista Shaun se depara com coisas estranhas a seu redor, no que seria uma interessante maneira de apresentar o terror sem abrir mão de uma construção de personagem que justifique a crítica social. Conforme os zumbis (os mortos-vivos mesmo, não os zumbis da sociedade) vão se multiplicando, Shaun passa a não perceber mais que o ambiente que o cerca definitivamente está muito estranho. O filme também vai perdendo o interesse, talvez porque esse personagem não seja bem construído, abandonando de vez a possibilidade crítica para se concentrar em cansativas brincadeiras com o cinema do gênero e com a música pop. Apenas o "kill the queen", referindo-se à música do queen que toca na jukebox, mas entendido como um "matar a rainha da inglaterra", garante boas risadas. O final também tem seu charme, com os zumbis sendo domesticados como mascotes (referência óbvia ao Dia dos Mortos de Romero), mas não redime o filme de ser apenas uma inconsequência raramente divertida.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Como faz tempo que eu não posto um Top, aí vai: Top 10 John Ford (ou...a coisa mais calhorda que alguém pode fazer). Obviamente o décimo é obra-prima, assim como muitos que ficaram de fora.

1- Rastros de Ódio (1956)
2- Caravana de Bravos (1950)
3- O Homem Que Matou o Fascínora (1962)
4- Audazes e Malditos (1960)
5- Depois do Vendaval (1952)
6- No Tempo das Diligências (1939)
7- As Vinhas da Ira (1940)
8- Sete Mulheres (1966)
9- Médico e Amante (1931)
10- Legião Invencível (1949)

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Rififi é um filme estranho. Tem uma cara de Jean-Pierre Melville, um quê de Clouzot, mas Jules Dassin parece mais interessado em alguma renovação de linguagem, o que sinceramente não sei se ele consegue. Aliás, não sei bem o quanto gosto do filme, mas sei que em alguns momentos ele fica meio chato de se ver. Há um longo momento sem diálogos (que deve durar mais de vinte minutos) na hora do assalto. O final é bonito, quase, mas apenas quase descambando para o patético à lá Salário do Medo. Mas o restante do filme não conseguiu me deixar plenamente concentrado, o que talvez seja minha culpa, talvez seja culpa da frieza do filme.

Visto no mesmo dia, um pouco antes, Médico e Amante (Arrowsmith, 1931) é um dos mais belos filmes dos anos 30. E mostra que John Ford estava muito longe mesmo do classissismo, aproximando-se mais das vanguardas dos anos 20. A pesquisa formal do filme, incorporando as sombras como formas geométricas de exclusão ou inclusão dos personagens. Nesse sentido a tragada fatal no cigarro contaminado é exemplar. Uma mulher involuntariamente isolada, aprisionada por sentimentos de subordinação e impotência. Um homem, que só não transa com uma mulher pelo sentimento de culpa (ele também é dividido pelas sombras de seu quarto, enquanto percebe a andança da amante em potencial no quarto ao lado). Nunca Ford esteve tão próximo de Bracque e Mondrian quanto nesse filme.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

A Garota da Motocicleta é um filme de culto para cinquentões (ou quase) que gostavam de rock no final dos anos 60, mais precisamente no adorável ano de 1968. Jack Cardiff tinha bela reputação como diretor de fotografia, tendo trabalhado em filmaços como Sob o Signo de Capricórnio, A Condessa Descalça e Sapatinhos Vermelhos. Na direção, derrapa feio com um filme que parece ter vergonha de ser o que é. O final, que provavelmente já existia no livro no qual o roteiro se baseou (e que podia ter sido alterado), é de uma estupidez gritante. Lars Von Trier preza a felicidade de suas personagens perto de Jack Cardiff. Bizarro o costume de disfarçar as cenas de sexo com efeitos bem ridículos de cromatismo duvidoso (Marianne Faithful avermelhada, com cabelos azulados). Até Roger Corman ficou envergonhado de usá-los em The Trip, e usou com muito mais economia. Ela, por sinal, com aquela beleza estranha e cativante, está muito mal dirigida. Que ela é má atriz todos já sabiam, mas custava pedir pra deixar as caras e bocas de lado? Coisa mais ridícula. Pode passar como uma versão feminista de Easy Rider, mas não gosto muito dessas comparações. Auto-descoberta através da exploração dos próprios traumas (Alain Delon sendo o maior deles). Poderia até ser um filme charmoso. Mas Cardiff, de quem também vi o desastroso Estranhas Mutações (desastroso na nota, mas não lembro de coisa alguma do filme), não era o diretor indicado a fazê-lo.

quarta-feira, 1 de junho de 2005

O infalível post dos filmes de Maio (revisões em negrito)

Blue Gardenia - Fritz Lang (DVD) * * *
Pas Sur la Bouche - Alain Resnais (DVD) * *
The Reckoning - Paul McGuigan (DVD) * *
Kinsey - Bill Condon (Arteplex 2) * * *
Mais Uma Vez Amor - Rosane Svartman (Arteplex 5) *
O Posto - Ermanno Olmi (DVD) * * * *
La Cotta - Ermanno Olmi (feito p/TV) (DVD) * * * *
Chove na Montanha - King Hu (Cinesesc DVD) * * *
Paganini - Klaus Kinski (Cinesesc DVD) *
Sexy Beast - Jonathan Glazer (DVD) 0
Sister Sister - Bill Condon (DVD) * * *
Assassinatos por Escrito - Bill Condon (VHS) * * *
Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia - Sam Peckimpah (DVD) * * *
A Família Fuleira - Jerry Lewis (VHS) * * *
Pink Flamingos - John Waters (DVD) 0
Operação Babá - Adam Shankman (Avenida Center 3 - Maringá) *
Husbands - John Cassavetes (VHS) * * * *
Uma Mulher para Dois - John McNaughton (DVD) * *
Casa de Areia - Andrucha Waddington (Arteplex 3) * * *
Refém - Florent Emilio Siri (Arteplex 7) * *
A Woman Under the Influence - John Cassavetes (DVD) * * * *
Corrida em Busca do Amor - Reichenbach (CCBB) *
The Brown Bunny - Vincent Gallo (Top Cine 2) * *
Ep. 1 - A Ameaça Fantasma - George Lucas (DVD) 0
Ladrão de Diamantes - Brett Ratner (DVD) *
Inimigo Meu - Wolfgang Petersen (DVD) * *
A Vida Marinha com Steve Zissou - Wes Anderson (E. Unib.2) * * *
The Sword of Doom - Kihashi Okamoto (DVD) * * *
X Men II - Bryan Singer (DVD) *
Mikey & Nicky - Elaine May (DVD) * * *
Melinda & Melinda - Woody Allen (E.Unibanco 1) *
Quanto Vale ou é por Quilo? - Sérgio Bianchi (e.Unibanco 1) *
Ep. II - O Ataque dos Clones - George Lucas (DVD) * *
Adeus, Amor - George Sidney (DVD) * * * *
O Alucinado - Luis Buñuel (DVD) * * * *
Terra em Transe - Glauber Rocha (Arteplex 7) * * * *
A Dama da Lotação - Neville D'Almeida (TV) *
The Five Obstructions - Jorgen Leth & Lars Von Trier (DVD) *
I Heart Huckabees - David O' Russel (DVD) * *
The Heartbreak Kid - Elaine May (DVD) * *

segunda-feira, 30 de maio de 2005

O novo filme de Sérgio Bianchi, Quanto Vale ou é por Quilo?, tem causado celeuma por aí. Muitos aplaudiram com entusiasmo, mesmo fora de SP (sempre achei que ele fosse odiado por todos fora desta capital empoeirada). Meus amigos na Contracampo, pelo menos os que se manifestaram (e excetuando o Cleber Eduardo), odiaram o filme, achando a pior coisa desde Contra Todos. Sempre vejo algo interessante nos filmes do Bianchi, e esse não foi exceção. Se bem que, diferente de Cronicamente Inviável, em que a proporção era um pouco mais favorável, nesse novo filme para cada plano interessante tinha um ultrajante, às vezes consecutivamente. Achei realmente interessante o momento do carro atolado na favela, com os traficantes ajudando os figurões. A interpretação de Caco Ciocler, e a inteligente composição de seu personagem também é digno de nota. Mas alguns traços sensacionalistas aborrecem muito, principalmente na insistência em mostrar excreções humanas. E até Bianchi aderiu à moda do final esperto e dúbio. O filme está muito longe de ser execrável, mas não chega a ser bom. Em tempos de covardia estética e ideológica, é filme que cutuca, incomoda, não tem medo de errar (e erra demais, mas acerta em algumas coisas também). Pode-se argumentar que Cama de Gato, Contra Todos, 1-99 são todos filmes em que essas características podem ser notadas (o que me parece um desvio no olhar, já que são filmes feitos para se provar que algo- a sociedade, o Brasil - não presta). Mas em Bianchi, que filma bem, ao contrário dos outros, a necessidade do choque passa pelo risco, pela fúria (que me parece genuína) e pelo desespero, coisas muito humanas). É subjetivo, eu sei, mas desistiria de ver filmes se acreditasse que ser subjetivo é algo nocivo em blogues, ou mesmo na crítica.

quarta-feira, 25 de maio de 2005

George Sidney é um especialista em charme na tela. Scaramouche é um dos filmes mais charmosos e deliciosos de se ver. Nunca havia visto Adeus, Amor (Bye Bye Birdie) por ter passado na TVA em fullscreen, sabotando os enquadramentos muito bem pensados, como sempre, do diretor. Mas minha memória tratou de apagar essa informação, e eu só descobri a lacuna olhando a seção de musicais da Lasermania. Incrível como o filme funciona tanto como comédia quanto como musical, mesmo com eventuais ingenuidades e algumas inconsequências (a maior parte delas muito divertidas). Parece um adulto tentando agradar um bebê, mas por incrível que pareça, me senti um bebê, e muito feliz. Os números musicais são fascinantes, alguns deles velhos conhecidos de documentários, em especial o momento mágico dos telefonemas, logo no início do filme: uma excelente utilização do split-screen, além de uma coreografia de câmera digna de Vincente Minelli (e dos Sidneys mais celebrados também). Ann Margrett está bela, ora com um aspecto infantil, ora adolescente, e de vez em quando com uma expressão de mulher madura no rosto. Uma senhora atriz, ainda com 21 anos. De Dick van Dyke eu vou sempre lembrar por Chitty Chitty bang Bang, filme que nem sei mais se presta, mas que foi um dos meus preferidos de infância. Quanto não cantei aquela musiquinha... Bye Bye Birdie (que em alguns momentos me lembrou os musicais, que vieram depois, de Jacques Demy) é tão bom quanto Scaramouche, melhor que Os Três Mosqueteiros e bem melhor que Pal Joey.

sábado, 21 de maio de 2005

Kihashi Okamoto, de quem não conhecia filme algum, é o diretor de The Sword of Doom, belo filme de 1965 lançado em DVD pela Criterion (sem extras). O filme tem Tatsuya Nakadai, ator-fetiche de Kobayashi. Mas essa não é a única ligação entre Okamoto e o diretor de Harakiri. Os enquadramentos enviezados, com o espaço muito bem pensado dentro do quadro, são dignos do mestre. Samurais, golpes mortais, escolas de treinamento, estamos num terreno bem conhecido. Mas Okamoto imprime, especialmente no terço final, um toque fantástico e estranho ao filme. Como se não bastasse, termina o filme de uma maneira abrupta e inconclusiva - e muito lógica, diga-se de passagem. De um scope em p&b de encher os olhos, o filme ameaça ir para vários lados, mas não se decide, o que faz parte do seu charme.

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Ladrão de Diamantes poderia ser bem melhor. A camaradagem existente entre o ladrão e o agente do FBI é muito interessante. Pena que caia no triste hábito das reviravoltas. Algo que é até bem bolado, mas tira a força da aproximação improvável entre caça e caçador. Pierce Brosnan está muito bem, como quase sempre, e Woody Harrelson está bem acima do que costuma ser. Só que os romances são bobocas, principalmente entre Brosnan e Hayek, que está linda, mas fica medrosa e desinteressada de repente, tentando mudar o amado na essência, ao invés de compreendê-lo. Não se trata de um personagem inverossímil, mas de um personagem que não ajuda o filme a decolar. Filme que carece de sensualidade, por incrível que pareça. Um homem passando protetor solar nas costas de outro, por mais que tenha sua função na trama, não encontra paralelo nos casais heterossexuais. Pudico demais pra filme que se insinuava de um cafajestismo salutar.

Brown Bunny é bom, mas não tanto quanto querem seus admiradores. Perde para Buffalo 66, que tem menos gratuidades, ou pelo menos gratuidades mais bem encaixadas na forma do filme. Fico em dúvida quanto à famosa cena da felação. O momento é crucial, e tem tudo a ver com o desespero do protagonista. Mas mostrar seu pênis, me parece algo exibicionista sim. Também não sei se gosto do paralelismo no final. Poesia meio forçada. Com todos os problemas, um filme ainda a se defender. A projeção digital não é das piores, mesmo assim, a entrada devia ser mais barata.

terça-feira, 17 de maio de 2005

Casa de Areia é a prova de que Andrucha Waddington aprendeu a filmar. Se com as críticas feitas a seus filmes anteriores ou com a menor necessidade de se mostrar talentoso não sei. Mas o fato é que o filme tem o melhor trabalho técnico entre todos os filmes da Conspiração. A fotografia, por exemplo, é bela, mas não é invasiva. Não está lá pra mostrar quão brilhante foi o aparato técnico. Tinha que ser daquele jeito. Fernanda Torres tem a melhor atuação em muitos anos. E Andrucha trata o espaço com muito respeito, pensando o quadro como um confronto do homem com a natureza. Capaz de verdadeiras experimentações com as dunas e a claridade do sol batendo na areia. Fora um desfecho que contextualiza muito habilmente todos os possíveis problemas que o filme vinha acumulando. Bela evolução de seu cinema.

segunda-feira, 16 de maio de 2005

Mesmo tendo uma cena que considero equivocada e desnecessária, na revisão Husbands se revelou também uma obra-prima. Cassavetes, Ben Gazarra e Peter Falk: três retratos do homem de trinta e poucos anos. Só pra deixar o registro.

sábado, 14 de maio de 2005

Defesa apaixonada e patética do cinema de um certo autor (ou: eu preferia colocar fotos, mas...)

Les Mistons (1957) * * *
Os Incompreendidos (1959) * * * *
Atirem no Pianista (1960) * * *
Jules et Jim (1961) * * * *
Antoine et Colette (1962) * * *
Um Só Pecado (1964) *
Fahrenheit 451 (1966) * * *
A Noiva Estava de Preto (1967) * *
Beijos Roubados (1968) * * * *
A Sereia do Mississipi (1969) *
Domicilio Conjugal (1970) * *
O Garoto Selvagem (1970) * * *
Duas Inglesas e o Amor (1971) * * * *
Uma Jovem Bela Como Eu (1972) * * *
Noite Americana (1973) * * *
A História de Adèle H. (1975) * * * *
Na Idade da Inocência (1976) * * *
O Homem Que Amava as Mulheres (1977) * * *
O Amor em Fuga (1978) *
O Quarto Verde (1978) * * * *
O Último Metrô (1980) * *
A Mulher do Lado (1981) * * *
De Repente Num Domingo (1983) * * *

Prometo um post menos picareta na segunda-feira.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Desculpem a falta de atualizações. Foi um período de ajustes emocionais e profissionais. As coisas devem entrar nos eixos nesta semana.

Sexy Beast, de Jonathan Glazer, até que envolve razoavelmente no começo. Até que entra o personagem de Ben Kingsley, chato pra diabo, e que torna quase insuportável a experiência de assistir ao filme até o fim. É proposital, eu sei, feito para incomodar a platéia mesmo, pra justificar o momento de seu assassinato. E eu cheguei a pensar que ele não iria mostrar a cena, que iria só insinuar. Mas todo o assassinato é mostrado em flashback, numa catarse desnecessária. Que evolução deste para Reencarnação.

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Abril (revisões em negrito):

Jogo Subterrâneo - Roberto Gervitz (Arteplex 2) *
Um Tira da Pesada III - John Landis (DVD) * * *
O Mensageiro Trapalhão - Jerry Lewis (DVD) * * * *
Nossa, Que Loucura - Peter Yates (DVD) *
Quase Dois Irmãos - Lucia Murat (E.Unibanco 2) *
O Rio Sagrado - Jean Renoir (DVD) * * * *
Krull - Peter Yates (DVD) * *
The Stupids - John Landis (DVD) * * *
Os Irmãos Cara-de-Pau - John Landis (DVD) * * *
A Vida é um Milagre - Emir Kusturica (Arteplex 4) * *
Faces - John Cassavetes (DVD) * * * *
Violação de Privacidade - Omar Naïm (Arteplex 2) 0
Assalto à 13a DP - Jean-François Richet (Arteplex 6) *
Diário de um Vício - Marco Ferreri (VHS) * * *
Schramm - Jörg Buttgereit (Cinesesc DVD) *
Vozes Profundas - Lucio Fulci (Cinesesc DVD) * * *
O Clã das Adagas Voadoras - Zhang Yimou (Arteplex 1) *
A Hora da Religião - Marco Bellocchio (VHS) * * * *
Cabra-Cega - Toni Venturi (Arteplex 9) * *
Be Cool - F.Gary Gray (Arteplex 1) * * *
Tout Va Bien - Jean-Luc Godard/Gorin (DVD) * * *
Letter to Jane - Jean-Luc Godard/Gorin (DVD) * * *
O Sétimo Dia - Carlos Saura (Arteplex 7) *
Inocente Mordida - John Landis (DVD) * *
Bom Dia, Noite - Marco Bellocchio (Cinesesc) * * *
Plataforma - Jia Zhang-Ke (Cinesesc) * * *
Dragões da Violência - Samuel Fuller (VHS) * * *
Liliom - Fritz Lang (VHS) * * *
Fúria - Fritz Lang (VHS) * * * *
Vive-se Uma Só Vez - Fritz Lang (VHS) * * *

Intervenção Divina - Elia Suleiman (Cinesesc) * * *
Ninguém Pode Saber - Hirokazu Kore-Eda (Arteplex 4) * *
Blues Brothers 2000 - John Landis (DVD) *
Três Amigos - John Landis (DVD) * *
A Intérprete - Sidney Pollack (Arteplex 1) 0
O Testamento do Dr. Mabuse - Fritz Lang (DVD) * * * *
Os Espiões Entraram Numa Fria - John Landis (VHS) * *
Nunca Fui Beijada - Raja Gosnell (DVD) * *
O Vôo do Fênix - John Moore (DVD) *
Trash - Paul Morrissey (DVD) *
As Lutas Ideológicas na Itália - Godard/Gorin (VHS) *
Relentless - William Lustig (DVD) *

sábado, 30 de abril de 2005

Carlão Reichenbach fala muito bem do cinema de William Lustig. Tenho Uncle Sam gravado, mas nunca pude ver. Vi Relentless, filme que, nos momentos mais intimistas de vida em família, diálogos entre pai, mãe e filho, rende algo interessante. Como policial é corriqueiro, quando não constrangedor. Aqueles flashbacks mostrando o pai torturando o filho serial killer são muito ruins e primários. Robert Loggia totalmente desperdiçado como o parceiro mais velho. Tem um diálogo muito bom, em que o pai/policial pergunta pro filho algo como: "que tipo de garota você quer como esposa?", ao que o filho, menino na fase da misoginia inconsciente, retruca que não gosta de garotas. O pai então pergunta: "tudo bem, que tipo de rapaz você quer ter como marido, então?". Inesperado, e raro momento maluco em um filme comportado demais. Meg Foster, a mãe, e também atriz de Eles Vivem, é assustadora, com aqueles olhos transparentes. Não dá pra escalá-la fora do contexto em que Carpenter a colocou.

sexta-feira, 29 de abril de 2005

Dá pra ver O Vôo da Fênix como uma experiência com cores, puxando para variações entre o vermelho e o amarelo. Transformou o sépia do original numa palheta incandescente, infernal. Nesse ponto ele é bem interessante, nas cenas onde ele explora a imensidão do deserto, as dunas, criando abstrações visuais que são muito mais eficazes do que o trabalho com os atores. Nem é o caso de miscasting, pois John Moore não tem muita noção de como encenar sem fugir do lugar comum das frases feitas. O que a princípio era interessante, ver Giovanni Ribisi no papel do engenheiro de aviões de brinquedo, logo cai no déjà-vu das atitudes inconsequentes, como na histeria exagerada, algo que não cabia naquele personagem que até então estava sendo construído como um exemplo da introversão (um nerd que quer ser cool, ou algo do gênero).

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Meia hora andando, a maior parte na subida, pra descobrir que Um Filme Falado, a penúltima obra-prima de Manoel de Oliveira, está em exibição digital, pelo menos no Espaço Unibanco. Desisti. Preferi ficar com a memória de quando foi exibido na Mostra de 2003, em película. Guilherme disse que no Arteplex também, e que a projeção é tosca. É caso de Procon, já que eles cobram o mesmo preço por algo que veio pra baratear. E de protestos em cima dos distribuidores. Vi Quase Dois Irmãos, Machuca e O Sétimo Dia em digital. Queria dar um prêmio a quem me convencesse de que é a melhor maneira de se ver um filme. Será que existe alguém que ache melhor o digital na hora de exibir o filme? Será que estou ficando maluco?

sábado, 23 de abril de 2005

Estou muito longe de ser um expert no cinema da Santíssima Trindade italiana formada por Mario Bava, Lucio Fulci e Dario Argento. De Argento conheço um pouco mais, mesmo assim, nunca revi os filmes que conheço, então não posso dizer que entendo perfeitamente seu cinema. A descoberta de Vozes Profundas, de Lucio Fulci, na última sessão dupla do Comodoro, me fez pensar na similaridade de intenções entre esse filme e o último Argento que vi (O Jogador de Cartas). Ambos me pareceram filmes que brincam com a própria carreira (algo que Fulci já tinha feito em Cat in the Brain), além de levar ao limite do risível os clichês do gênero. Um tipo de afronta à platéia preconceituosa que lhes negava prestígio, ou mesmo legitimidade. Entre os filmes citados, Vozes Profundas me agradou mais, talvez por ter algumas das melhores seqüências que vi no cinema de Fulci (as de sonho, por exemplo). E por conseguir realizar essa intenção paródica com mais ambigüidade.

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Um top 5 Landis, já que eu revi um monte desde o ano passado.

1) Um Lobisomem Americano em Londres
2) Clube dos Cafajestes
3) Into the Night
4) Um Príncipe em NY
5) Os Irmãos Cara de Pau

sábado, 16 de abril de 2005

Gostei de Cabra-cega, o novo filme de Toni "Latitude Zero" Venturi. Filme que começa alternando bons e maus momentos, mas que vai deixando os maus momentos serem cada vez mais raros até o final da projeção. Na verdade, não são maus momentos, apenas momentos que destoam do restante. Penso sobretudo na relação de Tiago com Pedro, o anfitrião. Relação de mal entendidos e incoerências, principalmente da parte de Tiago, que devia ser o personagem mais interessante do filme, inclusive por Leonardo Medeiros ser um grande ator. Quem brilha mesmo é Débora Duboc, cuja única cena que não gosto é aquela do trailer (mandar chumbo...mandar chumbo...mandar chumbo), que não é ruim, e talvez tenha cansado pelo exagero da veiculação do trailer (exibido praticamente em todas as sessões no Arteplex). Ah...tem dois clichês que me incomodam: a cena da espiada no banho, batida, que nunca deveria ser levada a sério; e a cena de amor com mãos entrelaçadas (algo digno do cine privée). Todos os momentos em que eles estão juntos, excetuando a cena de amor, conseguem uma empatia imediata. Destaco duas: quando ela chega, e ele escuta o disco de exílio do Caetano ("...I feel a little more blue than that..."); e quando sobem no terraço, e a canção mais famosa do genial Sérgio Sampaio é tocada do início ao primeiro refrão. Belissima utilização para música de beleza inigualável. O final, que pode gerar controvérsia, pelo que tem de lúdico e fantasioso, ou até utópico, me arrebatou também. E a dúvida entre razoável e bom se desfez imediatamente.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Entrando na onda dos blogs amigos - os meus 25 de hoje:

em ordem cronológica:

Aurora (Murnau, 27)
Terra (Dovjenko, 30)
O Testamento do Dr. Mabuse (Lang, 33)
L'Atalante (Vigo, 34)
Paraíso Infernal (Hawks, 39)
A Sombra de uma Dúvida (Hitchcock, 43)
Crepúsculo dos Deuses (Wilder, 50)
O Rio Sagrado (Renoir, 50)
Noites de Circo (Bergman, 53)
O Intendente Sansho (Mizoguchi, 54)
Rastros de Ódio (Ford, 56)
A Marca da Maldade (Welles, 58)
O Ano Passado em Marienbad (Resnais, 61)
Dois Destinos (Zurlini, 62)
O Anjo Exterminador (Buñuel, 62)
O Leopardo (Visconti, 63)
Oito e Meio (Fellini, 63)
Bunny Lake is Missing (Preminger, 65)
Pierrot le Fou (Godard, 65)
Faces (Cassavetes, 68)
Josey Wales (Eastwood, 76)
Roleta Chinesa (Fassbinder, 76)
O Rio dos Vagalumes (Sugawa, 88)
Vale Abraão (Oliveira, 93)
Cassino (Scorsese, 95)

não quero nem pensar nas ausências pra não ficar triste.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Duas buxadas de bode e uma maravilha:

Violação de Privacidade pode ser qualquer coisa, menos a alegoria autoral que o título original fazia crer (The Final Cut). O filme perde-se nas atitudes pueris dos personagens, nos planos óbvios que não conseguem criar o menor suspense (penso nos dois planos de Robin Williams percebendo que tem gente em sua casa), na cara de mãe arrependida de Williams, na trama mongolóide, nos flertes sci-fi equivocados (ah...a velha mania de botar madeira e botões rústicos em máquinas de última geração). Até um plano que poderia ser belo, é tomado pelo ridículo (Robin Williams editando, em pé, enquanto as imagens que ele vê são projetadas por toda a tela). A perseguição no cemitério é um belo exemplo de falta de noção de espaço do diretor, Omar Naïm. Esperava muito de mais essa tentativa de reflexão sobre criação e manipulação de uma memória.

Assalto ao 13° DP é um remake desnecessário do filme do Carpenter. Jean-François Richet até tem certo domínio de quadro e tempo, mas tudo o que acrescentou ao original desandou. As explicações freudianas vinculadas ao personagem de Ethan Hawke são muito pobres, e servem apenas para provar o esquematismo de um filme onde tudo é causa e efeito. A fuga dos dois ladrões é uma das besteiras de um roteiro cheio de situações colocadas sem muito pensamento. Tipo: "ah...vamos criar um conflito e mostrar que isso prejudica o grupo acuado"..."ah...vamos dificultar ainda mais para os nossos heróis...vamos fazer com que sobrevivam a explosões e armas poderosíssimas"..."vamos amplificar a clausura". Bobagem esquecível.

E o que dizer de Faces? O que dizer das pessoas que habitam o mundo de Cassavetes? Como não chorar com Seymour Cassel? Como não se apaixonar por Lynn Carlin? Existe muito mais respeito pela vida e pelo que é humano na seqüência da reanimação de Carlin do que na vida inteira de João Paulo 2°. "Cry, honey...that's life...tears are happiness". Há uma capacidade notável de captar olhares, anseios (como na presença de Cassel entre as quatro amigas, ou na chegada do marido em crise à casa da amante Gena Rowlands). A câmera sempre tateando, às vezes bem próxima dos atores, às vezes chegando, aparentemente sem querer, a um plano de incrível beleza plástica. Mas nota-se o quanto o filme é bem pensado, e o talento maior de Cassavetes é esse: colocar-nos bem no cerne dos mais belos dramas humanos, como se estivéssemos ali, o que exige muita preparação e ensaio, além de precisão e sensibilidade no corte. Há, acima de tudo, uma grande melancolia permeando tudo, como uma compreensão de que é muito difícil viver, mas que vale a pena. E que a tristeza existe como forma de vida, que o choro é essencial. (Cassel, no filme: "As pessoas não têm tempo para serem vulneráveis umas às outras"). Vulnerabilidade é o que se encontra em qualquer pessoa nos filmes de Cassavetes. Por isso são tão interessantes esses amigos, burgueses ou não. Afinal, quem quer ter uma fortaleza como amigo? Bem...cinco dias se passaram, e eu ainda estou pasmo, sem saber o que dizer. Só sei que Faces é um dos 10 filmes que mais gosto atualmente.

quinta-feira, 7 de abril de 2005

A Vida é um Milagre segue fielmente a vontade de Kusturica de reunir a Yugoslávia. Para isso, ele continua mostrando que croatas e sérvios têm aquela loucura desmedida e cigana, o que sempre lhe conferiu o apelido equivocado de Fellini dos balcãs. Sua loucura não é auto-centrada como a do mestre italiano, mas existe como algo intrinseco à alma cigana. O filme flui e absorve toda essa loucura, e não se desenvolve a partir dela, como em Fellini, mas dentro dela. Cansa, é fato, principalmente quando toma parte do filme. A medida em que o romance entre a croata e o sérvio se desenvolve, o filme ganha uma beleza incomum. O incrível é que Kusturica continua sem medo de errar. No meio de uma seqüência devastadora de boa, tem sempre uma ou outra pequena gordura. Um corte demorado, um plano a mais, ou uma situação mal resolvida na comicidade. Bem melhor que Gata Branca, mas ainda distante dos dias de Vida Cigana e Underground.

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Se tem uma coisa que incomoda em cinema, não sempre, mas frequentemente, é o excesso de narração. No entanto, vários filmes utilizam muito bem o off, sem querer dar à imagem uma força que originalmente ela não tem. É o caso de Cassino, claro, mas também de Crepúsculo dos Deuses, A Condessa Descalça, vários outros que minha memória insiste em sabotar no momento, e, O Rio Sagrado, de Jean Renoir. Tirando toda a narração, teremos outro filme, sem dúvida. Mas não um filme pior, pois as imagens continuariam ali, encantando nossos olhos. Scorsese diz, nos extras do excelente DVD da Criterion, que O Rio Sagrado, ao lado de Red Shoes (Sapatinhos Vermelhos) são os mais belos filmes no uso das cores. Bem, ele esqueceu de vários Minelli e vários Sirk. Esqueceu muitos outros. Mas que o colorido do filme é de deixar boquiaberto, não resta dúvidas. Bege e verde predominam, com um vermelho aqui e ali pra tumultuar os corações. Mas as imagens são belas também por causa do que está por trás delas. A beleza aparente se torna menor diante do intenso drama humano que elas mostram. De resto, um primeiro amor retratado com tal delicadeza é algo a se rever de tempos em tempos. E a cena do primeiro beijo em outra pessoa é de antologia. Assim como as cartas caindo quando o bebê nasce. Deveria estar em qualquer programa escolar.

terça-feira, 5 de abril de 2005

Continuando com o hábito de defender o esquecido Peter Yates, resolvi ver o DVD de Nossa, Que Loucura (For Pete's Sake, 1974). O filme é até engraçado em alguns momentos, mas, não sei dizer exatamente como, deixa a desejar. E não é culpa da Barbra Streisand. Uma tentativa de prosseguir no caminho de Essa Pequena é uma Parada, do Bogdanovich. Só que é um filme bem menos maluco e bem menos engraçado. Yates vinha de Os Amigos de Eddie Coyle, um baita filme, mas resolver tentar a comédia maluca e se deu mal. O que me incomoda é que eu não consigo escrever sobre o que não me agrada no filme. Essa incapacidade crítica me deixa mais insatisfeito ainda. Como se o filme fosse um enorme bolo sem recheio, ou um enorme saco plástico cheio de ar.

Em compensação, Krull, devidamente revisto após pelo menos 15 anos permanece uma agradável aventura. Filme brega e desavergonhado de sê-lo, com espadas duelando com raios laser. Uma espécie de "aventura de Simbad" atualizada para a época Star Wars. Filme que diz muito sobre o ano em que foi feito, 1983. Foi o ano do visual new-wave, dos neons, dos cabelos com permanente. É o filme mais abertamente arriscado de Yates, em contraponto ao Fiel Camareiro, o mais "de prestígio", feito por ele no mesmo ano. Ano em que O Retorno de Jedi dividia o circuito com Fanny & Alexander. Várias tomadas parecem existir só pra mostrar o dinheiro gasto na produção: gruas desnecessárias, planos gerais para mostrar os extras, efeitos vindo da forma mais inusitada possível. Apesar de tudo, o filme diverte, e muito. Peter Yates enquadra bem, movimenta muito bem a câmera (mesmo com os exageros citados), e tem plena consciência de que está emulando um tipo de cinema que saiu de moda, fazendo-o parecer com algo que estava em moda. Mas começo a achar que este texto está mais confuso que o filme...

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Março (em negrito, as revisões):

Mar Adentro - Alejandro Amenabar (Arteplex 9) *
Machuca - Andrès Wood (Arteplex 4) *
O Diabo Provavelmente - Robert Bresson (VHS) * * * *
Menina de Ouro - Clint Eastwood (Arteplex 2) * * * *
Vive-se Uma Só Vez - Fritz Lang (VHS) * * * *
O Amigo Oculto - John Polson (Arteplex 3) 0
Prova de Amor - David Gordon-Green (DVD) * *
Bunny Lake is Missing - Otto Preminger (DVD) * * * *
Elas me Odeiam, Mas me Querem - Spike Lee (DVD) * * *
O Otário - Jerry Lewis (DVD) * * * *
A Adolescente - Luis Buñuel (Cinesesc DVD) * * *
The Grissom Gang - Robert Aldrich (DVD) * * *
Com a Bola Toda - Rawson Marshall Thurber (DVD) * * *
O Mensageiro Trapalhão - Jerry Lewis (DVD) * * * *
Hora de Voltar - Zach Braff (Arteplex 9) *
Constantine - Francis Lawrence (Arteplex 1) *
Trocando as Bolas - John Landis (DVD) * *
Um Principe em NY - John Landis (DVD) * * *
Little Odessa - James Gray (DVD) * * *
India Song - Marguerite Duras (Cinemateca) * * * *
Assassinato por Encomenda - Michael Ritchie (DVD) *
Garganta Profunda - Gerard Damiano (DVD) *
O Otário - Jerry Lewis (DVD) * * * *
O Fator Humano - Otto Preminger (VHS) * * * *
Dias Incríveis - Todd Phillips (DVD) *
Um Romance Muito Perigoso - John Landis (DVD) * * *
A Infância Nua - Maurice Pialat (VHS) * * * *
Desde que Otar Partiu - Julie Bertucceli (E.Unibanco 2) * *
Confidências Muito Íntimas - Patrice Leconte (DVD) *
Shadows - John Cassavetes (DVD) * * * *
Até os Deuses Erram - Sidney Lumet (VHS) * *
Alice Não Mora Mais Aqui - Martin Scorsese (DVD) * * *
Sérpico - Sidney Lumet (VHS) * *
Reencarnação - Jonathan Glazer (Bristol 1) * *
O Príncipe da Cidade - Sidney Lumet (VHS) * * *
O Casamento de Romeu e Julieta - Bruno Barreto (Arteplex 6) * *
Q & A - Sidney Lumet (DVD) * *
Sombras da Lei - Sidney Lumet (DVD) * * *

Herói - Zhang Yimou (E.Unibanco 1) *
Jantar às Oito - George Cukor (DVD) * * * *
Aria - Roeg, Charles Sturridge, Godard, Ken Russell, Derek Jarman, Altman, Beresford, Franc Roddam, Bill Bryden, Julien Temple (DVD) *

quarta-feira, 30 de março de 2005

O Casamento de Romeu e Julieta está bem longe de ser um filme ruim. Bruno Barreto tem pleno controle do que pode funcionar numa chave cômica, como nas interpretações de Berta Zemmel, Luis Gustavo e Marco Ricca, e acerta em cheio nas situações de fanatismo das duas torcidas. Soube colocar na tela o clima de paixão exacerbada que envolve o clássico Corinthians X Palmeiras. Soube, acima de tudo, sair com dignidade da armadilha do se levar a sério, como a cena da igreja, com o lado do noivo desenrolando uma bandeira gigante do Corinthians e o mesmo acontecendo do outro lado, obviamente com uma bandeira do Palmeiras. O que ameaçava cair na pieguice da união entre rivais tomou o inverossímil e delicioso caminho do sarcasmo. Fora alguns trechos realmente engraçados como a obrigação de se cantar o hino do time rival, a necessidade de esconder a felicidade quando o Manchester United fez o gol na final mundial, a inteligência de alguns cortes, que privilegiam o tempo da piada. Tem momentos ruins, como no barraco armado na quadra do prédio, ou nas aparições equivocadas e desnecessárias da personagem de Mel Lisboa. Mas no geral me surpreendeu.

terça-feira, 29 de março de 2005

Reencarnação, de Jonathan Glazer, é de fato um bom filme, apesar de cair na segunda metade. Danny Huston está sempre com aquele sorriso zombeteiro, mas faz o personagem mais frágil, pois não tem a menor noção de como lidar com o problema da noiva. O tal close em Nicole Kidman, durante o concerto, é mesmo excelente, mas gosto muito do plano anterior, com a câmera seguindo Nicole até o elevador e passando para Danny Huston. Um belo e discreto movimento nos situa no desespero de ambos (e na diferença com que ambos lidam com esse desespero - ele disfarçando, ela perto do choque), ponto alto do filme. Gosto de quando ele procura evitar o campo-contracampo, menos por achar isso nobre do que por simpatizar com as tentativas. Um belo exemplo é quando o menino invade o aniversário da mãe de Nicole, quando a câmera fica só nos que reagem àquela presença sinistra. O final no mar é muito belo também, retomando um andamento estranho que o filme havia perdido na segunda parte. Só não sei o que achar da personagem da Anne Heche. Gosto dela no começo, com uma câmera lenta muito bem utilizada, e seguindo-a pelo saguão do prédio. E a seqüência em que ela aterroriza o menino é boa no papel (ou seja, a idéia é boa), mas não foi tão bem realizada. Em todo caso, descoberta de Sexy Beast se torna necessária.

segunda-feira, 28 de março de 2005

Seção Expectativas (de filmes que ainda não vi, mas devo ver nos próximos dias):

- Reencarnação - alguns na contracampo gostaram, outros não. Pelo trailer, sem ter visto o filme anterior do diretor, espero um filme de mediano a razoável.

- O Casamento de Romeu e Julieta - acho Bossa Nova simpático, e a idéia por trás de Casamento bem interessante. Apesar de notar que pelo trailer deve ter muita patacoada de quem não entende a paixão do futebol, espero um filme bem longe do desprezível.

- Herói - Gosto de Zhang Yimou até Tempos de Viver. Depois o cinema dele desandou, com filmes piegas e mal decupados como Nenhum a Menos e O Caminho para Casa. Não me incomodo com beleza vazia, mas não espero muito se a preocupação for só essa.

- O Chamado 2 - Hideo Nakata é a nova coqueluche. Sou facinho para esse tipo de cinema que quer assustar, mas na hora de pensar se gostei, fica tudo mais complicado. O diretor se disse preocupado em fazer sucesso nos EUA, por isso caprichou nos sustos e deixou de lado a atmosfera. Uma grande pena, mas pode até ser passável.

- O Principe da Cidade - Tenho que rever alguns Lumet para um texto da Contracampo. Tive uma relação de gangorra com esse diretor. Antes, achava um diretor meio sem sal que de vez em quando acertava. Quando descobri esse filme, revi alguns e descobri outros tantos, e comecei a gostar mais, bem mais de Lumet. Agora, a série de revisões começou com Até os Deuses Erram, que caiu um pouco, e Serpico, que continuo achando apenas bom. Revisão em VHS é uma calamidade, mas fazer o quê?

- vários filmes de John Cassavetes - Amigos próximos que adoram, a meu ver de uma maneira que pode ser meio cega, o cinema dele poderiam condicionar minhas impressões, negativamente, como forma de compensação. Mas como esses filmes eu quero muito ver há pelo menos dez anos e nunca consegui, essa vontade, que pode ser também influenciadora, deve falar mais alto. Shadows já se saiu muito bem.

quarta-feira, 23 de março de 2005

Vendo Confidências Muito Íntimas percebo pelo menos um trunfo de Patrice Leconte: a direção de atores. Sandrine Bonnaire é uma das grandes atrizes francesas, então dirigí-la não é tão difícil assim. Mas conter Fabrice Lucchini é uma proeza, e ele está muito bem no filme. Mas Leconte insiste em deixar tudo numa superfície meio jocosa, destinada ao circuito de arte, ao invés de penetrar nas possibilidades de ousadia que o roteiro lhe abria. Ele se mostra muito mais disposto a criar pequenos alívios cômicos como a constrangedora dança de Lucchini no corredor de seu apartamento comercial do que em criar uma atmosfera de suspense, o que ele ameaça fazer até certo ponto. Não soube explorar o olhar de Bonnaire, e isso é uma falha grave. Restam as atuações, com uma direção que se fosse burocrática seria melhor.

retrô Patrice Leconte (com os filmes que vi):

Ma Femme s'Apelle Reviens (1982) * *
Um Homem Muito Esquisito (Monsieur Hire) (1988) * * *
O Marido da Cabeleireira (1989) * *
Tango (1992) * *
O Perfume de Yvonne (1994) *
Os Canastrões (1996) *
Caindo no Ridículo (1996) *
A Viúva de Saint Pierre (1999) 0
A Mulher e o Atirador de Facas (1999) * *
Confidências Muito Intimas (2004) *

segunda-feira, 21 de março de 2005

Pode ter sido sono ou até uma expectativa muito alta (pelo elenco), mas Dias Incríveis não passa do razoável. E por causa da incompetência de Todd Phillips.

Em compensação, O Fator Humano é mesmo uma maravilha. Só de pensar na última cena do último filme do Preminger, dá vontade de chorar.

sexta-feira, 18 de março de 2005

Muitos filmes vistos sem sequer uma linha de comentário. Então, vamos lá.

- India Song é impressionante. Lembra Fassbinder (pelo uso marcadamente artificial dos atores), principalmente Roleta Chinesa; e Marienbad, pelo lado lúdico que invade cada cena. Mas tem um algo a mais quando ela (Duras) se detem nos objetos e na arquitetura dos lugares. Filme pra rever, até porque vi com muito sono e, se consegui evitar alguns cochilos o preço foi a dispersão em alguns momentos. Ainda estou em dúvida se é três ou quatro estrelas, mas vai acabar sendo quatro. E quem não gosta de filme datado deve passar longe.

- Revisão de John Landis pensando em alguma idéia pra um texto mais geral na Contracampo. Resultado: não tive idéia alguma, Trocando as Bolas se tornou o único filme de Landis até agora a cair numa revisão (de nota 8 pra 7,5 - o suficiente pra baixar uma estrela...hehe). E Um Principe em NY subiu um pouco (de nota 8 pra 8,5). Os dois são muito mais dependentes do roteiro do que o habitual do diretor, principalmente Trocando as Bolas, que tem um roteiro bem capenga que ele não sabe disfarçar muito bem.

- Assassinato por Encomenda, de Michael Ritchie, tem belos momentos, mas deixa um sabor de decepção no final. Algumas piadas são muito bobocas, e aquela trilha horrenda irrita muito.

- Hora de Voltar é um apanhado de clichês do cinema independente americano por um diretor que sabe filmar, mas insiste sempre em buscar à forceps uma poesia ingênua, que teve seu lugar nos anos 80. Mais um plano em plongée com o ventilador funcionando lentamente, portanto não ventilando, em destaque. Momento lamentável de um filme medíocre.

- Se a leitura certa para Constantine, como andei lendo por aí, fosse a de um filme sobre a descoberta dos bons sentimentos pela parábola do vício em nicotina que se encerra, seria o pior filme do mundo. Como não é...e eu sei lá o que quer que seja, o filme é apenas fraquinho, com alguns momentos empolgantes, muito mais por conta do tema céu versus inferno do que por qualquer grande sacada de direção.

quinta-feira, 17 de março de 2005

A diferença entre Caminho sem Volta e Little Odessa, numa visão desatenta, é a presença de Mark Whalberg no primeiro, e de Tim Roth no segundo. Não é bem assim, mas os atores de certa forma imprimem um ritmo diferente em cada filme. Little Odessa tem muito mais peso trágico. O que faltou a Caminho sem Volta foi um rigor que transformasse o dilema de Whalberg em algo crível, já que o ator depende muito de como o diretor aproveita sua inexpressividade. Foi assim como F. Gary Gray e com Tim Burton. James Gray não soube aproveitar sua cara de rapper fora dágua. Não é o que acontece em Little Odessa. E por mais que o filme carregue nas cores e filtros (o filme puxa para o sépia, a não ser quando o irmão interpretado por Furlong aparece sozinho, aí o filme adquire cores mais frias), o trabalho de Gray é notável, principalmente por conseguir a atmosfera necessária ao drama familiar que se desenvolve. O que se nota, acima de tudo, é que são filmes de um mesmo diretor, e de que ele tem algo a dizer.