segunda-feira, 7 de abril de 2008

Terminou o É Tudo Verdade. E eu não consegui, mais uma vez, ver metade dos filmes que queria. Um pouco pelo formato da programação. Desanima ver as filas do Cinesesc, ou mesmo imaginar que elas estarão lá. Desanima a projeção de alguns filmes, e a maneira como os clássicos são programados. Acompanhar Além dos Trilhos, por exemplo, seria um castigo para minha coluna, e eu não quero ficar com dor nas costas pelo resto da minha vida. A Dor e a Piedade eu perdi por não conseguir chegar a tempo. Paciência. Ambos serão vistos nos dvix que tenho aqui, assim que der tempo.

O último filme que vi no festival foi Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, numa sessão muito concorrida na sexta-feira à noite. É outro filme triste, a exemplo do que passou antes na mesma sala, Waldick, Sempre no meu Coração. Triste porque vemos uma estrela em decomposição, um ostracismo (palavra muito falada no documentário) forçado, a intolerância e os extremismos que se originaram daqueles tempos sinistros (governo Médici).

Uma coisa bacana foi ter ido atrás do tal contador que teria sido surrado a mando de Simonal, supostamente por ter desviado dinheiro - que Simonal torrava sem a maior noção, diziam os mais próximos. Nessa hora a coisa pega, e a figura do ídolo quase sai bem chamuscada. O filme é feliz ao dosar essas acusações com a persona do astro, explorada por ele à exaustão, com boa dose de ingenuidade e arrogância. Legal também foi emendar os depoimentos sobre a cantoria no maracanãzinho (20, 30, 40, 50 mil vozes, diz, respectivamente, cada um dos entrevistados).

Sempre achei que as acusações de delação eram falaciosas, e o documentário me fez ter quase certeza de sua inocência. Uma coisa é certa: souberam usá-lo como e quando queriam, para descartá-lo quando ele pretendeu criar uma outra persona, mais séria e crítica. Não convinha ter um sucesso de público tão questionador assim. Sobre a declaração de Miéle, de que Simonal foi o grande cantor do País - pensei na hora: não, não foi. Esse foi Tim Maia. Simonal era muito bom, principalmente nos anos 70, depois de ter sido acusado (e o documentário falha ao não mostrar que ele continuou gravando discos, os melhores de sua carreira), mas não entraria numa lista dos dez melhores.