Lembrei que não disse nada sobre a Virada Cultural.
Só vi shows (o que é uma pena, pois eu realmente queria ver a Virada das Vampiras).
Começando às 18h com O Terço, banda de um grande disco - Criaturas da Noite (1975) e alguns discos superestimados, dos quais o melhor é Casa Encantada (1976). A banda fez um show meio bizarro, com Sérgio Hinds de braço quebrado sendo substituido por Cláudio Venturini, líder do 14 Bis e irmão de Flávio, que era tecladista das duas bandas. Começou muito bem, com a suite progressiva "1974" (de Criaturas da Noite), e terminou com "Hey Amigo", faixa de abertura do mesmo disco. No miolo, uma ou outra boa canção e um punhado de pieguice, agravada pela péssima qualidade de som.
Em seguida, Terreno Baldio, banda que imitava descaradamente o Gentle Giant. Ao vivo se desfarça um pouco a derivação, e a banda tem o trunfo de contar com um grande guitarrista: Mozart Mello. Pena que não tocaram nada de Além das Lendas Brasileiras, segundo e melhor disco, que se afasta um pouco do progressivo para bandear para uma MPB mineira e graciosa, ainda que com muitas passagens prog. O som continuava muito mal mixado. O espaço aberto da Praça da República atrapalhou o potencial desses dois primeiros shows, e eu troquei de bom grado a versão mula sem cabeça da Casa das Máquinas por um delicioso pastel no Mercado Municipal.
Depois da comilança, hora de encarar as filas do Teatro Municipal e seu programa de reviver clássicos do vinil. Primeiro foi Sá, Rodrix e Guarabira, fazendo um show meio pálido a partir de seu primeiro e excelente LP. De destaque, só "Juruti Butterfly". De ponto negativo, a presença de "Espanhola" no bis. E como ficamos quase lambendo o teto do teatro, não dá para saber se o som horrível que ouvíamos era culpa da acústica do quinto andar ou da mesa de som. Mas suspeito que tenha sido uma falha técnica, já que outros shows vistos do mesmo lugar não sofreram desse problema.
Revivendo seu clássico Snegs, de 1974, entra no palco o Som Nosso de Cada Dia, com muito gás e sonzeira da brava. Manito, o tecladista, está cada vez mais parecido com David Jackson (VdGG), principalmente quando se mete a tocar saxofone. Foi o primeiro som bem equalizado da noite. Maravilha. Destaque para "Snegs", "Bicho do Mato" (tocada também no bis) e "En Dirección de Acquarius".
Encerrando a madrugada, às 6 da matina entram os irmãos Gomes, Didi, Jorginho e o mago Pepeu, um dos maiores guitarristas do mundo, senão o maior. O show foi um arraso. O álbum Geração de Som (1978) ficou ainda melhor, e eu achava que isso seria impossível de acontecer. Pepeu Gomes para presidente.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Postado por Sérgio Alpendre às 03:04
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