terça-feira, 8 de abril de 2008

Revendo Falsa Loura. Carlão Reichenbach deixa sua paixão pelo cinema italiano bem clara. E não estou dizendo da cena da varanda, inspirada em Zurlini (ele disse que é em A Garota com a Valise, mas eu acho que é em Verão Violento). Todo o filme é equilibrado pelos excessos de alegria e tristeza. A um sucede o outro, às vezes de forma brutal. Damos muitas risadas - karaokê, dj do clube, Madame Bruschetta (é assim que se escreve?). Mas é impossível não torcermos por Silmara (Rosanne Mulholland), ficarmos tristes com ela. O filme nos deixa com esse gosto amargo, como nas comédias italianas (exemplo máximo: Aquele que Sabe Viver).

Silmara não é prostituta. Não tem vocação para isso. Ela tem é muito amor para dar, mas não consegue receber na mesma medida. Não recebe quase nada, aliás. A única pessoa com quem ela tem uma relação mais justa é o pai, que faz de tudo para dar de volta o que recebe dela. Mesmo na hora do abandono. O filme tem seus momentos baixos, e eles não se harmonizam tão bem quanto em Garotas do ABC. Mas toda a seqüência na fazenda com o Maurício Mattar está entre os melhores momentos já filmados pelo diretor.