quinta-feira, 3 de abril de 2008


Eu realmente ando com pouca paciência para esses filmes "independentes" americanos. Todos parecem obedecer a certas regras que implicam na necessidade de se mostrar os humanos como eles são: cruéis, sensíveis ao extremo, frágeis, doentes. Também existe uma necessidade patológica de criar abstrações, imagens desconexadas da narrativa, mas que funcionam como parábolas de uma disfunção. A Família Savage, de Tamara Jenkins, não faz nenhuma questão de burlar essas regras. Já começa com uma abstração, uma imagem ridícula, bem a gosto dos imitadores de Wes Anderson. Depois vai aos poucos apresentando os protagonistas. Linney é hipocondríaca, cheia de traumas e bloqueios, a mulher problema. Hoffman é o homem de bom senso que mal consegue conter seus sentimentos. Um vulcão de fragilidade prestes a se desmanchar sob a menor hesitação. Um homem que é quase sempre cruel e sem jeito para falar o que pensa, por mais sensato que seja. Gosto do filme só quando esqueço que tem alguém atrás de uma câmera, e me deleito apenas com o trabalho desses dois atores fantásticos. Mas o filme é esquemático de um jeito que beira o asqueroso.