terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Uma pequena lista inusitada: filmes que eu tenho medo de rever.

O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e o Amante (1990), de Peter Greenaway

A plasticidade exibicionista da coisa toda não me assusta. Nem os flertes com a pintura flamenca, muito menos o clima de fim de século que impregna o filme (pelo que eu lembro, claro). Nem mesmo a pagação de pau para Godard, Kubrick e Pasolini (o que causa a ira de muita gente - como ele ousa?). Tenho mais receio de encontrar algo que me passou despercebido na última vez que o vi (mais ou menos em 1993, na minha segunda revisão do filme). Aliás, ainda não entendo o porquê das pessoas xingarem todo o cinema do Greenaway por causa dos equívocos dantescos dos últimos anos (quase todos os filmes que ele fez desde O Bebê Santo de Macon). A Última Tempestade, A Barriga do Arquiteto e Afogando em Números merecem revisões atentas de quem não gosta. Apesar de também constarem entre os filmes que eu tenho medo de rever.

O Ilusionista (1986), de Jos Stelling

Principalmente porque não gosto de nada que ele fez depois, e acho que O Homem da Linha é um filme que tem apenas momentos bons, sendo bem irregular no conjunto. O que mais me preocupa é encontrar aquele climão de filme de arte para inglês ver, bem característico de certo cinema europeu dos anos 80. Medo de encontrar algo de O Holandês Voador, ou de Nem Trens Nem Aviões.

Bagdad Café (1987), de Percy Adlon

O diretor já explica o medo. Mas eu juro que na época que vi o filme (em VHS, mais ou menos por volta de 1990) encontrei muitas coisas interessantes, e um humor estranhíssimo que justificava o interesse. No arquivo de cotações, ele continua com três estrelas, como era na época - o que é muito acima da média do diretor.

Um Homem Meio Esquisito (1988), de Patrice Leconte

Eu me apaixonei por este filme quando o descobri na época em que fora lançado em VHS, pelo selo Belas Artes, da distribuidora da Abril (que confusão, não?). Estaria aceitando perfumaria? Rendido ao pior do circuito "de arte"? Ou o filme realmente é a obra-prima do Leconte, ou ao menos seu filme mais bem sucedido? Tem Sandrine Bonnaire, o que torna uma possível revisão um pouco menos arriscada.

Eu Sou o Senhor do Castelo (1988), de Régis Wargnier

Como podem perceber, os filmes que vi no começo da cinefilia (1989-1990) me dão mais receio do que os vistos em qualquer outra época. Apesar de eu me alimentar de informação e cultura em doses cavalares na época, não confio muito no senso estético que eu tinha. Aliás, para mim a apreciação de um filme tem o prazo de validade que varia entre dois e cinco anos. Depois disso, só dá para amitir algum juízo de valor que seja confiável com nova revisão. No caso deste filme de Wargnier, lembro bem que a fotografia me impressionou (como geralmente impressiona quem está iniciando na cinefilia), assim como a música de Prokofiev (Romeu e Julieta) e sua utilização no decorrer da narrativa. Jean Rochefort é um senhor ator, e também me impressionou. O receio é de que a fotografia seja sufocante demais, ou que a narrativa tenha algumas chantagens baratas.

... a continuar