terça-feira, 29 de janeiro de 2008

















4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007), de Cristian Mungiu
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É o tempo de vida de um feto. Praticamente metade do tempo que ele teria normalmente. A pré-vida. Encerrada, proibida, violentada. O feto sai com sangue, quase com uma cara, metade humano metade embrião. Dois filmes me vieram à mente. Primeiro, Pelle, O Conquistador, filme que servia para que esperássemos algo de Billie August no futuro. A conversa gira em torno de uma gravidez indesejada. Corte para um feto muito mais formado que o do filme de Mungiu, boiando na beira de um rio. Imagem fortíssima, criada por um diretor que meteu os pés pelas mãos nos anos seguintes. Segundo, Os Corvos, filmaço de Dorotta Kedzierzawska. A menina carente implora por carinho para uma mãe relapsa. O filme se encerra com essa visão subjetiva da mãe, incapaz de deixar claro o amor que sente pela filha. Em 4 Meses é Otilia que nos encara diretamente. No lugar de uma lição de moral (como em A Trégua, de Francesco Rosi), um questionamento. Mais: uma boa atriz (Anamaria Marinca, na foto) e um diretor que se rende a concessões apenas o suficiente para que seu filme nos atinja com mais força. Como pano de fundo, a vida gerenciada e limitada pela ditadura de Nicolae Ceausescu (o filme se passa em 1987, dois anos antes de sua execução).