segunda-feira, 22 de novembro de 2004

A Morte de um Burocrata (1966)- Tomas G. Alea * * * *
Andaram falando mal do filme por aí. Humpf!!! Comédia de humor negro fenomenal, com um ritmo caótico, mas que sabe dar uma paradinha quando quer. A pista é o papel batido à máquina no início, com os agradecimentos aos autores que são homenageados por Alea. Precisava ver de novo, mas me parece que a ordem de referências é igual a ordem dos agradecidos do papel. Um filme referencial muito antes de Tarantino. Dois sonhos: o primeiro começa Buñuel e vira Bergman, o segundo começa Bergman e vira Buñuel. Realidade dura: o protagonista consegue mirar o canhão para outro lado, mas um de seus algozes volta à mira antiga...esperamos uma nova mudança...que não vem. Cachorrinho com osso na boca, grito-ambulância, homem-vampirizado sob as estátuas L'Âge D'or do início do filme. Contra-plongées e angulares Wellesianos, tudo muito rápido. Filme revolta, filme escárnio, filme bagunça, o cinema que foi e que pode ser. Alea tentaria dar forma às confusões de sua mente na próxima obra-prima (Memórias do Subdesenvolvimento, 1968). Aqui é o rascunho, de um filme-esboço, bobo, chapado, apressado, confuso, indeciso, e muito, muito talentoso.