quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Filmes do dia 26/out (todos vistos no Arteplex 2, exceto Diário de Campanha, visto no Arteplex 1):

Esther - Amos Gitai * * *
Primeiro filme de ficção do Gitai. Muito bem filmado, enquadrado e decupado, com travellings geniais (característica de Gitai) como o dos atores no final. Esse último travelling a princípio me pareceu cansativo, depois eu entendi qual era a dele e curti. Poderia ser menos didático nas panorâmicas, como na cena do enformacamento de Haman, quando meninos trajados como nos dias de hoje, portando até relógios, invadem metade do quadro. Ele insiste em dizer que está falando do presente (então 1985) e dá uma panorâmica para os carros passando na rua. Pensando depois, em casa, tendo visto mais um Gitai no dia, acabei reavaliando Esther em luz do que não gostei de Diário de Campanha. Ele faria melhor em Berlin Jerusalem, mas o filme tem força. Três estrelas, mas raspando.

Mate Seus Ídolos - Scott Crary *
Um filme que fala de punk e vanguarda em Nova York só pode ser bom de ver. Mas o tempo ágil e nada democrático das entrevistas, mais a estrutura meio reacionária da coisa deixam uma impressão de que poderia ser bem melhor. Se o diretor não estivesse o tempo todo preocupado em demonstrar sua tese de traição de um movimento, poderia ter feito um filme mais solto e agradável para os ouvidos. Aqueles anos correndo no início foi uma grande bobagem. E Lydia Lunch prova que não regula mesmo muito bem...taí os filmes de Richard Kern pra provar (três deles com trechos exibidos em Mate Seus Ídolos).

O Avental de Lili - Mariano Galperin 0
Bela bobagem que tenta, com humor ralo, dar conta da crise argentina. Que montagem mais titubeante, em dúvida se imprime um rítmo ágil ou explora as desilusões dos presonagens. Total perda de tempo.

Diário de Campanha - Amos Gitai *
Documentário imperdível pela importância histórica, mas que incomoda muito, e de uma maneira meio covarde. Gitai quer fazer um libelo pacifista, mas usa a câmera como arma, principalmente quando expõe soldados israelenses ao ridículo. Lembrou o Michael Moore no episódio Charlton Heston. Quando resolve botar a câmera do lado dos palestinos expulsos, ou dos libaneses, o filme cresce. Mas ele parece mais interessado em perseguir os soldadinhos de chumbo, que nada podem fazer.

20 Dedos - Mania Akbari *
Tudo que Kiarostami e Panahi fizeram pela condição feminina no Irã, faz deste filme um desnecessário, porque mal articulado, panfleto feminista. Tudo estava muito bem até a seqüência do teleférico. Depois a coisa começa a se complicar, pois Akbari parece mais interessada nos berros, ao invés da argumentação incisiva que ela mesma faz, como atriz, em Dez. Alguns bons momentos, num todo irregular demais para ficar a altura de discípula de Kiarostami. Esperemos um segundo filme, já que ela, percebe-se, tem muito a dizer.