sábado, 17 de abril de 2004

Os Intocáveis (1987) - Brian DePalma * * * *
Visto em 1987, Os Intocáveis me pareceu um filme redondinho sobre gangsters e Chicago durante a Lei Seca. Eliott Ness me pareceu um herói americano, fiel ao do seriado, incorruptível e inteligente. Revisto nesses dias, percebe-se que o filme resume-se a uma palavra: Ironia. DePalma faz dele um otário, mas durante o filme ele vai aprendendo a ser esperto, malandro o suficiente para prender Al Capone. À seu bom mocismo ingênuo (e De Palma usa muito bem o Kostner nesse papel) ele incorporaria a astúcia e inteligência de Malone (Sean Connery), a energia de Stone (Andy Garcia) e a meticulosidade de Wallace (Charles Martin Smith). Mas a ironia maior vem com o tratamento dado ao fil,me, sempre beirando o cômico, com um tratamento curioso dado à imprensa e aos capangas de Al Capone. Até um assassino vestido de terno branco existe no filme. Mesmo a trilha de Morricone é usada para ironizar o "fazer um filme de época". Com 20 minutos de filme, entra o tema dos Intocáveis, com uma bateria bem anos 80 marcando a linha melódica. É como se o filme lembrasse o tempo todo que é produto dos 80s. Sem contar que De Palma usa seu talento para ludibriar, desta vez, os personagens, como na cena em que Connery dispara na boca de um morto para fazer outro falar. Tudo é caricato, propositadamente. É Chicago, diz Ness. O sentimentalismo do final, não chega a atrapalhar, pois prepara o terreno para a piada final de Ness, transformado em malandro: "eu tomaria um trago", responde ao reporter/espectador. Um filme muito mais safado do que parece.