O Sol é para Todos (1962) - Robert Mulligan * *
Um Mulligan digno, mas limitado como sempre. Espera-se muito das premissas que o filme desenvolve modestamente. Esse tom adocicado e suave, embora por vezes seco (como na seqüência do julgamento) é explicado pelo ponto de vista adotado, o de uma menina de seis anos. O que explica também o tom austero do tribunal. Com a adoção desse ponto de vista, Mulligan tinha um grande trunfo nas mãos, que não soube explorar plenamente. Falta fantasia ao filme, algo presente no imaginário de qualquer criança. O personagem Boo Radley, o jovem com deficiência mental, contribui para um clima de mistério juvenil, mas Mulligan pouco aproveita dele além da batida dicotomia aparência feia/coração mole. Seria o toque mágico que faltava, mas o filme limita-se a descrevê-lo como um jovem raivoso de dois metros de altura. Mesmo a caixinha de presentes dados por ele às crianças é mal aproveitada (apesar de abrir o filme). Os bons momentos do filme acontecem por conta do elenco infantil, primoroso, e da visão do pai como um grande herói em todos os assuntos. Além da brilhante performance de Gregory peck, claro.
quinta-feira, 1 de abril de 2004
Postado por Sérgio Alpendre às 11:35
|