segunda-feira, 12 de abril de 2004

Bom...não tenho visto filmes. O último foi Duplex (com crítica na Contracampo), belo exercício no humor negro de Danny DeVito. Mas queria registrar a espinafrada, trucidada, esmigalhada que Robert Altman levou do Bruno Andrade.
Acho que Altman é geralmente incompreendido, tido como arrogante, observador de cima, etc.etc. Mas seus filmes não pretendem zombar dos personagens, mas sim observá-los. E ainda que ele use alguns deles para desforrar traumas pessoais, notadamente em Short Cuts (mas nem acho isso o demérito do filme), mas também em Cerimônia de Casamento, há sempre algo de rico em sua observação, que faz com que seu cinema não perca em interesse. Uma observação aguda da vida burguesa, muito influenciada por Luis Buñuel. Não o admiro como cineasta, mas acompanho sua carreira com boa vontade, pois gosto da sátira, e de como ela não tem compromisso com os personagens, se são humanos ou não. Altman deve ser sempre visto sob o ângulo satírico. Isso dito, gosto de:
Brewster McCloud
Mash (ainda que com muitas reservas)
Jogos e Trapaças (um dos poucos que fogem da veia satírica, e que por isso mesmo exibem personagens mais humanos)
Renegados Até a Última Rajada (seu melhor filme)
Cerimônia de Casamento
O Jogador
Dr. T e as Mulheres

Ficam no incômodo patamar luscofusquiano (ou meiaboquiano):

Três Mulheres
Quinteto
Um Casal Perfeito
Popeye
Vincent and Theo
Short Cuts
A Fortuna de Cookie
Gosford park

E na fogueira do lixo cinematográfico:

No Assombroso mundo da Lua
O.C. and Stiggs
Prét-à-Porter

Os outros eu não vi, lamento.