quinta-feira, 19 de junho de 2008

Melhor filme de M. Night Shyamalan? É muito provável. Li agora muitas coisas interessantes sobre Fim dos Tempos. Tanto de quem gostou, como de quem odiou. Antes de ver, só havia prestado atenção à bela sacada do xará José Oliveira (sim, também sou Oliveira), do Touro Enraivecido (link ao lado): "é um filme que começa nas nuvens, desce para baixo uma hora e meia e volta para os altos." Evitei ler qualquer outra coisa para ir virgem à sala de cinema, deixar-me surpreender por tudo que acontece, pelas artimanhas de Shyamalan, pelas pistas falsas de roteiro (ex: letreiros dizendo onde acontecem as desgraças - a não ser em Paris, ou estou equivocado?).

Mesmo se fosse só cenas de suicídio muito bem filmadas, faria justiça a Elefante, não o do Van Sant, mas o do Allan Clarke, uma obra-prima só com cenas de perseguição e assassinatos subseqüentes. O que dizer das atuações tão contestadas de Zooey Deschanel e Mark Wahlberg? Como deveriam se portar pessoas que enfrentam catástrofes desse tipo? E o que dizer da cara de Deschanel em sua primeira aparição? A dúvida, o tal de Joey, abandonar ou não o marido...

Os momentos que eu mais gosto são: os caras se atirando do prédio em construção; o carro batendo na árvore, o motorista voando, Leguizamo saindo e sentando na rua, apanhando um pedaço de vidro, e o fade ligeiro que se segue assim que ele começa a cortar os pulsos; os suicídios que ouvimos no outro grupo que saiu da estrada; as caras de atônitos que quase todos no filme fazem (má atuação? alguém já passou pelo que eles passam?).

Shyamalan sabe das coisas. Não deixa que um mandamento bobo do que deve ser a atuação de um filme de terror interfira em sua maneira de ver as coisas. É um diretor que olha e ouve com atenção. Mesmo quando me desagrada (Olhos Abertos, Sinais, A Dama na Água) consegue me implantar algumas inquietações. Todos os seus filmes tem seqüências de tirar o chapéu.

Criticaram, também no Touro, a seqüência final em Paris. Mas vejam só. Percebe-se a volta do ciclo. O que Shyamalan decide mostrar? Quais são suas opções - e isso vale para o filme inteiro. Revisão em breve, mas desconfio que todo o cinema dele caminhou para este Fim dos Tempos. Não da maneira que eu li por aí, mas de uma outra maneira, que fazia necessária uma passagem por A Dama na Água, e que este fosse tão insosso quanto o desejável. A morte do crítico teria o libertado de algumas regrinhas aprisionadoras. Estaria, esse diretor tão enigmático quanto talentoso, preparado para seguir o caminho da devassidão cinematográfica? Seria esse caminho semelhante ao de Fim dos Tempos? Ou O Acontecimento (a peça brilhantemente preparada para desgarrar as algemas)? Quantos diretores suscitam tanta discussão e vontade de voltar aos filmes anteriores como Shyamalan?