sexta-feira, 6 de junho de 2008

Conheci a Dirigido por... na Bienal do livro de 1996 (se a Bienal acontece sempre em anos ímpares, então foi em 1997). Comprei duas edições do ano (1996), uma delas sumiu. Na mesma tenda, comprei um livro do Quim Casas (um dos críticos da revista) sobre Howard Hawks, que também sumiu antes que eu pudesse terminá-lo. Agora achei um lote no sebo de um amigo, várias edições que vão de 1998 a 2004. Engraçado que acabei chegando à mesma conclusão de doze anos atrás: os críticos espanhóis são muito acima da média de seu cinema. Claro, estou me concentrando na Dirigido, que tem caras realmente bons como Àngel Quintana, Quim Casas, José Enrique Monterde e Tomás Fernández Valentí. Mesmo António José Navarro, que deu bola preta para Inquietude, tem textos estimulantes sobre cinema americano (ele adora Joseph H. Lewis, por exemplo). Por mais que eu encontre diferenças gritantes de afinidades entre mim e todos eles (Àngel Quintana, por exemplo, adorou Amen), não tenho como ignorar que os textos da Dirigido seguem um padrão muito acima da média das revistas de cinema (mesmo se pensarmos na Cahiers dos últimos anos, ou até na Film Comment). São simples, têm uma unidade bem clara de pensamento, e, mesmo quando se esbaldam em referências e citações, seguem um espírito crítico de alguém que escreve por paixão, não só por trabalho ou para alimentar o ego. O destaque é a seção Estudio, que sempre aborda um diretor com um texto enorme, de no mínimo dez páginas, podendo ser até o dobro (às vezes continuando na edição seguinte, e em alguns casos - John Ford, por exemplo - em três edições). Se eu assinar alguma revista de cinema no futuro próximo, será essa revista catalã que tanto tem me agradado ultimamente.