quarta-feira, 23 de junho de 2004

Violent City (1970) Sergio Sollima * * *
Meu primeiro Sollima, e isso me envergonha. Lembro que o Inácio Araújo vivia recomendando seus filmes na coluna dele, mas nunca pude conferir. Violent City (Città Violenta no original) proporciona uma experiência inusitada. Pouco se entende a trama do filme, que envolve um matador profissional (Charles Bronson) e traições de sua amada (Jill Ireland) e de antigos amigos. Os diálogos beiram a indigência e pouco importam para o bom desenrolar do filme. É a encenação de Sollima que importa. A primeira seqüência de ação é uma perseguição motorizada que é um primor, um dos melhores momentos de cinema físico. Ao final da perseguição, muito se espera do filme, e isso acaba sendo um problema, pois tirando uma ou outra cena, como a da aranha na cela da prisão ou a lembrança de que Jill Ireland entrou naquele carro, o resto é morno demais. Quando a frustração ameaça derrubar o filme, surge mais uma seqüência de tirar o chapéu: o assassinato do amigo e da amada no elevador panorâmico, culminando com a entrega de Bronson à morte redentora. Por esses dois momentos, suficientes para considerar Sollima um gênio, o filme eleva-se a uma categoria que o distingue de um mero exercício de ação.