terça-feira, 8 de junho de 2004

Gremlins (1984) Joe Dante * * *
Dante só peca em um aspecto, menor, mas suficiente para deixar um pequeno senão ao filme: seus personagens, devido à necessidade de dar prosseguimento ao carrossel de emoções, comentem verdadeiros absurdos de burrice. Como não sou REF, isso não atrapalha muito, mas Dante saberia evitar essa armadilha em pelo menos dois de seus filmes: Gremlins II e Pequenos Guerreiros, possivelmente suas melhores obras. Uma seqüência é paradigmática de seu talento: a mãe chorando na frente de um aparelho de TV que exibe A Felicidade Não Se Compra, enquanto descasca cebolas. O que eu não lembrava, já que não revia o filme há mais de dez anos, é que os Gremlins já eram usados como um comentário sobre o consumismo Yankee. Os yuppies dominavam o mercado financeiro (há uma bela piada sobre isso no início do filme) e Dante aproveita-se para questionar a voracidade de suas intenções frente ao sempre crescente problema social, ameaçando, mas apenas ameaçando, entrar num terreno muito perigoso da demagogia. Dante é inteligente para fugir disso, e tempera o filme com boas sacadas sobre a xenofobia norte-americana (como na cena em que Dick Miller reclama de um filme estrangeiro que passa na TV) e sobre o conservadorismo de sua sociedade.