Revisões servem pra nos fazer de bestas, principalmente quando descobrimos que aquele filme que nós sempre achamos genial não passa de um truque barato pra nos deixar impressionados. Caí muitas vezes nesses truques, e acho normal que isso aconteça. Mas o que mais gosto (ok, quem não gosta?) é rever um filme que eu já achava bom, mas que cresce na revisão a ponto de me levar às lágrimas. Foi assim com Josey Wales, o Fora da Lei, retrato impressionista dos resultados da Guerra da Secessão, com uma foto primorosa, em verdes e marrons, com filtro azulado na construção do mito Josey Wales, o que ocupa os créditos. Uma verdadeira obra-prima, um libelo pacifista com Clint Eastwood em estado de graça, e um rítmo perfeito. Talvez seja o mais pictórico de seus filmes, com referências (propositais ou não, não sei) à pintura de Pissarro, mestre impressionista. Um scope muito bem trabalhado, com atenção especial às formas (dunas de areia, margens de rios, e as árvores se confundindo e formando uma pasta bege-esverdeada de matar Karel Reisz de inveja (quem viu A Mulher do Tenente Francês sabe do que estou falando). Filme obrigatório pra quem quiser entender cinema, e suas possibilidades.
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