quinta-feira, 17 de julho de 2008

Trechos de uma entrevista sensacional com Alain Resnais (foto) e Alain Robbe-Grillet, feitas por André Labarthe e Jacques Rivette, e publicadas na Cahiers du Cinema 123, de outubro de 1961. Tradução de Monique Rutler, para um catálogo de 1992 da Cinemateca Portuguesa:

RESNAIS: Quando vejo um filme, o jogo dos sentimentos interessa-me mais do que os personagens. Penso que se pode chegar a um cinema sem personagens psicologicamente definidas, em que o jogo dos sentimentos circularia do mesmo modo que num quadro contemporâneo o jogo das formas consegue ser mais forte do que a anedota.

ROBBE-GRILLET: ... as pessoas admitem perfeitamente encontrar na vida real um monte de elementos reais irracionais ou ambíguos e essas mesmas pessoas se queixam de as encontrar também nas obras de arte, nos romances ou nos filmes, que deveriam obviamente apresentar algo mais tranquilizador do que o mundo real. Como se a obra de arte fosse feita para explicar o mundo, para tranquilizar o homem em relação ao mundo.