Ontem foi o meu primeiro dia no 1º Festival de Paulínia de Cinema, e a primeira sessão foi Iluminados, longa de Cristina Leal que sugere um exercício para seis diretores de fotografia tarimbados - Edgar Moura, Pedro Farkas, Fernando Duarte, Dib Lufti, Walter Carvalho e Mário Carneiro, e é interessante ver como cada um se saiu na prova. Existe algo de programático no longa, e que impede qualquer surpresa, a não ser a que os fotógrafos mesmo impõe ao exercício. É muito mais interessante de se ver do que importante para a reflexão sobre a linguagem cinematográfica, e se isso não é um defeito a priori, anula um pouco as possibilidades de se ver esses craques em ação.
Depois veio a estréia de Selton Mello em longas-metragens, com Feliz Natal, que conta com Paulo Guarnieri - pai de Francisco, redator da Paisà - que estava afastado do cinema há 8 anos. É decepcionante na linha quase acadêmica que tem se popularizado depois que os Dardenne ganharam Cannes com Rosetta: câmera colada nos atores, desfocadas estratégicas - e às vezes bem bonitas - e uma necessidade patológica de se criar poesia e explicar as motivações dos personagens. Por exemplo, entendemos o espanto de todos ao saberem que o personagem de Leonardo Medeiros abriu um ferro velho quando um flashback desastroso nos explica o que já tinha sido bem sugerido perto do final do filme. Medeiros, por sinal, devia ser proibido de usar camisa de flanela no cinema, pois essa imagem de marginal simpático já está desgastada demais. O filme é tão mais decepcionante por ter influência confessa de Cassavetes, e por Selton Mello ter bom gosto cinematográfico (citou Bressane, Sganzerla, Candeias e Tonacci). O problema é que bom gosto não basta para fazer um bom filme. Curiosamente, a platéia aplaudiu calorosamente e em cena aberta dois dos momentos mais problemáticos de Feliz Natal: a piada óbvia com os fumantes e o clipe catártico com a música crescendo. É o típico caso de filme em que os bons planos - que acontecem especialmente na primeira metade, estão sufocados por idéias mal buriladas (excesso de idéias quase sempre é prejudicial nesses casos).
sábado, 12 de julho de 2008
Postado por Sérgio Alpendre às 11:35
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