A Vida é um Milagre segue fielmente a vontade de Kusturica de reunir a Yugoslávia. Para isso, ele continua mostrando que croatas e sérvios têm aquela loucura desmedida e cigana, o que sempre lhe conferiu o apelido equivocado de Fellini dos balcãs. Sua loucura não é auto-centrada como a do mestre italiano, mas existe como algo intrinseco à alma cigana. O filme flui e absorve toda essa loucura, e não se desenvolve a partir dela, como em Fellini, mas dentro dela. Cansa, é fato, principalmente quando toma parte do filme. A medida em que o romance entre a croata e o sérvio se desenvolve, o filme ganha uma beleza incomum. O incrível é que Kusturica continua sem medo de errar. No meio de uma seqüência devastadora de boa, tem sempre uma ou outra pequena gordura. Um corte demorado, um plano a mais, ou uma situação mal resolvida na comicidade. Bem melhor que Gata Branca, mas ainda distante dos dias de Vida Cigana e Underground.
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