sábado, 16 de abril de 2005

Gostei de Cabra-cega, o novo filme de Toni "Latitude Zero" Venturi. Filme que começa alternando bons e maus momentos, mas que vai deixando os maus momentos serem cada vez mais raros até o final da projeção. Na verdade, não são maus momentos, apenas momentos que destoam do restante. Penso sobretudo na relação de Tiago com Pedro, o anfitrião. Relação de mal entendidos e incoerências, principalmente da parte de Tiago, que devia ser o personagem mais interessante do filme, inclusive por Leonardo Medeiros ser um grande ator. Quem brilha mesmo é Débora Duboc, cuja única cena que não gosto é aquela do trailer (mandar chumbo...mandar chumbo...mandar chumbo), que não é ruim, e talvez tenha cansado pelo exagero da veiculação do trailer (exibido praticamente em todas as sessões no Arteplex). Ah...tem dois clichês que me incomodam: a cena da espiada no banho, batida, que nunca deveria ser levada a sério; e a cena de amor com mãos entrelaçadas (algo digno do cine privée). Todos os momentos em que eles estão juntos, excetuando a cena de amor, conseguem uma empatia imediata. Destaco duas: quando ela chega, e ele escuta o disco de exílio do Caetano ("...I feel a little more blue than that..."); e quando sobem no terraço, e a canção mais famosa do genial Sérgio Sampaio é tocada do início ao primeiro refrão. Belissima utilização para música de beleza inigualável. O final, que pode gerar controvérsia, pelo que tem de lúdico e fantasioso, ou até utópico, me arrebatou também. E a dúvida entre razoável e bom se desfez imediatamente.