terça-feira, 29 de março de 2005

Reencarnação, de Jonathan Glazer, é de fato um bom filme, apesar de cair na segunda metade. Danny Huston está sempre com aquele sorriso zombeteiro, mas faz o personagem mais frágil, pois não tem a menor noção de como lidar com o problema da noiva. O tal close em Nicole Kidman, durante o concerto, é mesmo excelente, mas gosto muito do plano anterior, com a câmera seguindo Nicole até o elevador e passando para Danny Huston. Um belo e discreto movimento nos situa no desespero de ambos (e na diferença com que ambos lidam com esse desespero - ele disfarçando, ela perto do choque), ponto alto do filme. Gosto de quando ele procura evitar o campo-contracampo, menos por achar isso nobre do que por simpatizar com as tentativas. Um belo exemplo é quando o menino invade o aniversário da mãe de Nicole, quando a câmera fica só nos que reagem àquela presença sinistra. O final no mar é muito belo também, retomando um andamento estranho que o filme havia perdido na segunda parte. Só não sei o que achar da personagem da Anne Heche. Gosto dela no começo, com uma câmera lenta muito bem utilizada, e seguindo-a pelo saguão do prédio. E a seqüência em que ela aterroriza o menino é boa no papel (ou seja, a idéia é boa), mas não foi tão bem realizada. Em todo caso, descoberta de Sexy Beast se torna necessária.