O Casamento de Romeu e Julieta está bem longe de ser um filme ruim. Bruno Barreto tem pleno controle do que pode funcionar numa chave cômica, como nas interpretações de Berta Zemmel, Luis Gustavo e Marco Ricca, e acerta em cheio nas situações de fanatismo das duas torcidas. Soube colocar na tela o clima de paixão exacerbada que envolve o clássico Corinthians X Palmeiras. Soube, acima de tudo, sair com dignidade da armadilha do se levar a sério, como a cena da igreja, com o lado do noivo desenrolando uma bandeira gigante do Corinthians e o mesmo acontecendo do outro lado, obviamente com uma bandeira do Palmeiras. O que ameaçava cair na pieguice da união entre rivais tomou o inverossímil e delicioso caminho do sarcasmo. Fora alguns trechos realmente engraçados como a obrigação de se cantar o hino do time rival, a necessidade de esconder a felicidade quando o Manchester United fez o gol na final mundial, a inteligência de alguns cortes, que privilegiam o tempo da piada. Tem momentos ruins, como no barraco armado na quadra do prédio, ou nas aparições equivocadas e desnecessárias da personagem de Mel Lisboa. Mas no geral me surpreendeu.
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