sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Los criticos no saben nada de cine de terror. Por ejemplo, la segunda parte de Eyes Wide Shut es un film de terror. Incluso Kubrick se lo dijo a todos sus colaboradores. En cambio, la critica ha destacado de manera insistente que es un film pornográfico, quando no lo es en absoluto. Eso demonstra que los criticos tampoco tienen idea de lo que es cine porno. Yo conozco muy bien cuál es la actitud de los criticos, al menos en Italia... - y entonces Argento se levanta de la mesa donde estamos sentados, se pone de pie imitando exageradamente los gestos de alguien que anda con gran pomposidad, saluda a mucha gente, se sienta en una butaca... y se pone a dormir!!! -. Y así, cuando despiertan, dice lo mala que era la película, se marchan inmediatamente a sus casas a escribir sus crónicas. Por eso son capaces de ensalzar películas como The Blair Witch Project o eXistenZ, que no me gustan nada, especialmente la primera.

Hace poco, la Cinémathèque francesa me dedicó un homenaje en tres cines y publicaron un libro. Honestamente, creo que fue demasiado. Tengo la sensación de que era su particular manera de pedirme perdón por tantos años de maltratos. En realidad, fue un acto de hipocresía. No me importan nada estos tardíos homenajes de las personas que, hace años, me hicieron sufrir mucho, muchísimo, con sus opiniones sobre mí y lo que yo hacia."

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Dario Argento, em, entrevista para Ramón Freixas e Antonio José Navarro, na revista catalã Dirigido por... de janeiro de 2000.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nada criativo: François Truffaut traduzido em estrelinhas.

CURTA: Les Mistons (1957) * * * *
Os Incompreendidos (Les 400 Coups, 1959) * * * * *
Atirem no Pianista (Tirez Sur le Pianiste, 1960) * * * *
Jules et Jim (1962) * * * * *
CURTA: Antoine et Colette (1962) * * * *
Um Só Pecado (La Peau Douce, 1964) * * * *
Fahrenheit 451 (1966) * * * *
A Noiva Estava de Preto (La Mariée Etait en Noir, 1967) * * *
Beijos Proibidos (Baisers Volées, 1968) * * * *
A Sereia do Mississipi (La Sirène du Mississipi, 1969) * *
Domicile Conjugal (1970) * * *
O Garoto Selvagem (L'Enfant Sauvage, 1970) * * * *
Les Deux Anglaises et le Continent (Duas Inglesas e o Amor, 1971)
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Uma Jovem Bela Como Eu (Une Belle Fille Comme Moi, 1972) * * * *
A Noite Americana (La Nuit Americaine, 1973) * * *
A História de Adèle H. (L'Histoire d'Adèle H., 1975) * * * *
Na Idade da Inocência (L'Argent de Poche, 1976) * * * *
O Homem que Amava as Mulheres (L'Homme qui Amait les Femmes, 1977) * * * *
Amor em Fuga (L'Amour en Fuite, 1978) * *
O Quarto Verde (La Chambre Verte, 1978) * * * * *
O Último Metrô (Le Dernier Metro, 1980) * * *
A Mulher do Lado (La Femme du Cotê, 1981) * * * *
De Repente Num Domingo (Vivement Dimanche, 1982) * * * *

sábado, 24 de maio de 2008

Já é lugar comum dizer que nossa percepção de um filme, ou pelo menos como ele "bate" na gente, depende de nosso dia, relacionamento amoroso, preocupações com bobeiras, etc, etc, etc...

A questão é que não conheço filme que sofra mais com essa alternância de humores e épocas que Jules e Jim. E o pior, ou melhor, no caso, é que ele sempre se mantém majestoso.

Vi quatro vezes, em situações muito diferentes da minha vida. Cada vez bateu de um jeito, mas sempre me disse muito sobre minha situação no momento. É impressionante. Melhor do Truffaut? Claro, junto com Duas Inglesas e o Amor e O Quarto Verde.

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A partir de hoje estarei cobrindo o 15° Festival de Cuiabá. E hoje tem Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha. Acompanhem a partir de amanhã em:

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sexta-feira, 23 de maio de 2008


A terra cai em Gosto de Cereja, de Abbas Kiarostami. Pintura abstrata. Engraçado que o cara está decidido a morrer, mas recusa um omelete dizendo: "ovos não me fazem bem". Sua determinação é tão fajuta, que ele age como o Jack Lemmon fazendo rodeios antes de dizer ao boca larga que é homem, e por isso não pode se casar com ele.

quinta-feira, 22 de maio de 2008




Isabelle Huppert observa, enciumada, um jovem que a galanteava dançando com outra mulher. O marido se aproxima, ela disfarça, mas sua mente está em outro lugar. Afastamento e aproximação. O espelho representando, por sua própria localização, o que ela deixou para trás. E, ao contrário de Fassbinder, que gostava de filmar o ator olhando para si mesmo no espelho, refletindo uma parte de seu corpo que ela não pode ver. Madame Bovary, de Claude Chabrol, muito mais para Duas Inglesas e o Amor do que para Les Destinées Sentimentales.


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Nova atualização da Paisà:

www.revistapaisa.com.br

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- O Haloscan deve estar maluco. Recebo comments por email, mas eles não aparecem no blog. Sei lá o que aconteceu. Peço desculpas a quem escreveu comentários. Não é culpa minha.

- Efeito Dominó e Indiana Jones 4 são os últimos filmes vistos. Gostei de ambor. Um trabalha muito bem com o pé de chinelo, o trambiqueiro, o desastrado que só pode se dar bem se tudo conspirar a favor. Deu até vontade de correr atrás de umas bizarricices que o Donaldson andou fazendo. Outro trabalha no território das obviedades: o reconhecimento de um filho, o reencontro com uma mulher do passado, brincadeiras com episódios anteriores, a especialista em sotaques... tem bichinhos fofos, como lembrou o Dennison Ramalho (que não gostou), mas tem aquela explosão maluca no começo, e uma geladeira voadora que errou de filme - ela deve ter desistido de Twister.

- Tava revendo Madame Bovary, um dos poucos filmes que não gosto de Claude Chabrol, e... olha... tava achando bem bom. Precisa piorar muito para não ser uma revisão conciliadora entre mim e o filme. Ele não está nem aí com essa reconciliação, claro. Mas eu estou comemorando, talvez antecipadamente, como o Flamengo. Ai...

domingo, 18 de maio de 2008

Era para ser com Pasolini, mas o post do Junior no Cinema com Cana fez com que Manoel de Oliveira venha na frente, com toda sua imponência:

Douro, Fauna Fluvial (1932) * * *
Aniki Bobó (1942) * * *
Acto da Primavera (1963) * * * *
Benilde, a Virgem Mãe (1975) * * * * *
Amor de Perdição (1978) * * * * *
Francisca (1981) * * * * *
O Sapato de Cetim (1985) * * * * *
Non, ou a Vã Glória de Comandar (1990) * * * *
A Divina Comédia (1991) * * * * *
O Dia do Desespero (1992) * * * * *
Vale Abraão (1993) * * * * * * * * * * * * *
A Caixa (1994) * * *
O Convento (1995) * * * * *
Party (1996) * * * *
Viagem ao Princípio do Mundo (1997) * * * *
Inquietude (1998) * * * *
A Carta (1999) * * * *
Palavra e Utopia (2000) * * * * *
Vou Para Casa (2001) * * * *
Porto da Minha Infância (2001) * * * * *
O Princípio da Incerteza (2002) * * * * *
Um Filme Falado (2003) * * * *
O Quinto Império - Ontem como Hoje (2004) * * * * *
Espelho Mágico (2005) * * * * *
Belle Toujours (2006) * * * * *
Cristóvão Colombo - O Enigma (2007) * * *

curtas:

Hulha Branca (1932) * * *
Portugal Já Faz Automóveis (1938) * * *
Famalicão (1940) * * * * *
O Pintor e a Cidade (1956) * * * * *
O Pão (1959) * * * *
A Caça (1963) * * * *
As Pinturas do Meu Irmão Julio (1965) * * *

episódio de Chacun son Cinema (2007) * * * *

obs: É um festival de estrelas, eu sei, mas o homem merece.

obs 2: Ainda não vi Os Canibais (mas tenho ele aqui para ver assim que possível). Quero desesperadamente arrumar O Meu Caso e O Passado e o Presente.

sábado, 17 de maio de 2008

Sábado Alucinante é o filme mais frágil e irregular entre os que eu vi de Claudio Cunha. Mas é também o mais dúbio. Há uma tristeza por trás daquele desbunde da Disco - o que é óbvio desde a sonoridade do estilo, festeiro em excesso para encobrir neuroses e frustrações (nos EUA, a derrota no Vietnã, no Brasil, o prosseguimento do regime militar). O paradigma perfeito é Sandra Brea, destaque na pista da dança, solitária no apartamento de luxo. Dancing Days, a novela de Gilberto Braga, era mais ousada - tinha até sugestão de consumo de drogas. Mas Sábado Alucinante tem uma face nebulosa bem marcante.

Mas o problema com Sábado Alucinante é sua irregularidade. Existem momentos muito interessantes, como os meninos invadindo a discoteque e descobrindo aquele mundo delirante, ou a sedução do escritor coroa pela Baby, que dança muito engraçado, ou Maurício do Valle e a aceitação de uma descoberta, "Esta é a era que já era, a era dos super-heróis" (lembrando o último suspiro da banda Lee Jackson). Mas existem também algumas bobeiras, como nos filmes seguintes de Cunha: o comportamento da turma de moderninhos, o tratamento dispensado pelos clientes da discoteque para o garçon idoso, a alternância entre os muitos adultérios. Os filmes seguintes de Cunha também são cheios de gorduras, mas elas não me incomodam tanto.

Os filmes vistos de Claudio Cunha:

Snuff - Vítimas do Prazer (1977) * * * *
Amada Amante (1978) * * * *
Sábado Alucinante (1979) * * *
Gosto do Pecado (1980) * * *
Profissão: Mulher (1982) * * *
Oh, Rebuceteio! (1984) * * *

Na época da faculdade, queria fazer um filme. Fui lá, gravei com uma câmera de Super VHS, e quando fui editar, achei uma merda e desisti da aventura.

Se eu não tivesse desistido, teria um filme ao menos melhor que Bodas de Papel... sério. A melhor definição que eu encontro no momento é uma pela qual já fui criticado aqui no blog (num dos equívocos de querer que aqui se escreva só crítica de cinema - oh, pretensão):

"a câmera está sempre no lugar errado"

Basta assistir ao troço. E, convenhamos, existem bordões, ou derivados deles, bem piores circulando por aí.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Agora sim. Um post realmente esquizofrênico.

--- Speed Racer é mesmo bacana, o primeiro filme em que os irmãos Wachowski realmente acertam a mão (e eu não acho um horror os dois primeiros Matrix, só o terceiro). Mas confesso que o filme só me pegou mesmo quando chega o Gran Prix. Até então eu estava me enchendo daquelas cortinas puxadas por algum personagem, das piadinhas do Gorducho, e até das caretas do Zequinha. No Gran Prix a coisa pega, em grande parte por causa da superação do personagem e da abstração de algumas cenas de ação - e depois da vitória, quando ele olha os flashes das máquinas fotográficas espocando, fica muito bonito. A última participação do Zequinha, o chimpanzé de estimação, é a melhor. E John Goodman, campeão de luta greco-romana, claro.

--- Entrevista exclusiva na Rádio Bandeirantes. Enquanto Milton Neves se provovia como sempre, Muricy Ramalho ficava falando, bem baixinho, mas curiosamente bem mais audível do que o apresentador fanfarrão: (algo assim) "você entende de apresentar, fazer seu show, de bola você não sabe nada. Sabe nada de bola... não entende... não sabe nada de tática, nada de bola." E tem gente que não acha o técnico do São Paulo um cara legal.

--- Diálogo entre um grande amigo e a namorada dele: "amor, conhece o Wander Taffo?". "Não, conheço o Van der Graaf."

--- As performances recentes de Cabañas me deixam mais animado para perseguir o meu estrelato no Campeonato de Futsal inter revistas de cinema de 2009. Me aguardem...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Um post quase esquizofrênico

- A Trilogia das Cores é realmente o ponto mais baixo da filmografia de Krzysztof Kieslowski. O melhor filme, Blanc, é justamente o que mais limita especulações analíticas, por ser o mais direto, econômico, com menos ligações com os outros filmes, o mais dramatúrgico e livre dos perfumes franceses. O pior é disparado Rouge, e é justamente o que mais dá corda para todos os tipos de elocubrações críticas, das mais estruturalistas às mais poéticas. É o que ilustra o post, né. Fazer o quê se o que Irene Jacob tem de má atriz também tem de beleza?

- Homem de Ferro é legalzinho. 90% da responsabilidade é de Robert Downey Jr. Ele faz um herói cafajeste, cínico, e pouco me importa se é fiel ao Tony Stark dos quadrinhos ou não. Jon Favreau fez um bom trabalho deixando espaço para esse ator magnífico brilhar na tela, com direito a uma última cena que garante uma terceira estrela ao filme.

- Irina Palm é o tipo de produto comercial europeu que devia ser ignorado. Mas em vez de trazer um trilhão de coisas melhores disponíveis trazem essa bomba, cujá única curiosidade é ver como Marianne Faithfull está digna num filme indigno dela. Perdi qualquer curiosidade de ver O Tango de Rachevski, do mesmo diretor Sam Garbarski. mas como sou um limpa-vidros incurável, nunca se sabe.

- Banquete do Amor é com a deusa Selma Blair (de Hellboy). Mas ela sai da trama em vinte minutos, depois de algumas poucas cenas memoráveis. Bah. Era o melhor motivo para recomendar o filme. Dirigido pelo mediano Robert Benton, de Kramer vs Kramer e O Indomável, ainda assim é acima da média do que está em circuito. Uma média bem baixa, diga-se de passagem.

- Sábado foi dia de ver o documentário que Paulo Beto fez sobre a mítica loja de música Nuvem Nove. Sim, a loja se foi, talvez para sempre, talvez não. Não tenho condições de ver o filme com olhos críticos, até porque participo do filme, mas me pareceu muito bem editado e pensado, com uma espinha dorsal definida pelas declarações emocionadas do grande amigo José Carlos Damiani. Sim, também fiquei com lágrimas nos olhos. Era inevitável. Disse loja de música porque era reduzir muito falar em mercadorias. Bem, talvez falar em música também seja reduzir, pois o que se encontrava lá era muito mais que isso. Aprendi muito freqüentando, trabalhando, ou simplesmente me inspirando na Nuvem Nove. Era, sim, um estado de espírito.







domingo, 11 de maio de 2008

Gabrielle, de Patrice Chéreau, tem certamente seus penduricalhos inúteis, com frases estampadas na tela para remeter à obra original, de Joseph Conrad. Mas é melhor que os dois últimos do diretor, Intimidade (2001) e Seu Irmão (2003). Especialmente bom quando encena toda a burguesia, os olhares de desaprovação ou espanto, do que quando fica no casal. Isabelle Huppert está bem como a esposa que tem um caso com outro homem, e Pascal Greggory está excelente como o marido traído e atormentado, mas Chéreau quase se perde em cortes que buscam reforçar o sentimento de ruptura, mas nem sempre conseguem, muitas vezes se limitando a causar um ruído de transmissão que vai na contramão do filme. Ruídos são interessantes, mas não devem ser usados sem um pensamento, uma idéia maior que permite uma colisão com o todo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Revisão de Gabbeh, onze anos e meio depois. Quando vi o filme na Mostra SP de 1996, lembro que comentei com uma amiga que tinha adorado que ele era oco, chato e oportunista - obviamente eu estava pensando no sucesso que os filmes iranianos faziam no ocidente, e em especial na Mostra do Cakoff. Nesta semana passei o filme inteiro martelando: pô, mas isso tem tudo a ver com A Cor da Romã, do Paradjanov. E curti a experiência sensorial do filme. Depois descobri que o diretor Makhmalbaf pai assumiu a influência de Paradjanov, e que a referência está até na Trivia do imdb. E eu que pensava estar sendo original. Mas uma coisa é certa, e me faz estranhar ainda mais o fato de não ter gostado na época. Tem umas duas ou três imagens que remetem a Avetik, de Don Askarian, discípulo e ex-assistente de direção de... vejam só... Paradjanov. O que é mais grave, pois Avetik passou na Mostra SP de 1994, e em 1996 eu nem reparei a semelhança. A revisão de A Maçã, filme de Makhmalbaf filha (Samira tinha 18 anos quando o dirigiu), também foi favorável, ainda que sobrem algumas gordurinhas, e uma vontade de ser poético além da conta. Mohsen não fez nada de bom depois de Gabbeh (Um Instante de Inocência, filmado antes, foi lançado também em 1996). Samira fez O Quadro Negro, que é bem interessante, e o soporífero Às Cinco da Tarde, que, no entanto, é melhor que qualquer trabalho do pai nos últimos anos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Site da Paisà completamente reformulado. Com novo visual, vários novos textos, um renascimento.

http://www.revistapaisa.com.br/

(alguns ajustes ainda devem ser feitos)

terça-feira, 6 de maio de 2008


Os dois melhores momentos de um filme cheio de grandes momentos. Em Cidadão Klein (Mr. Klein, 1976), de Joseph Losey, Alain Delon é o escroque que se torna obcecado por um duplo, um judeu homônimo. Na foto de cima ele se olha no espelho depois de saber que o duplo estava querendo falar com ele e tinha acabado de desistir da espera. Ele se confronta com a própria imagem no espelho, após o mensageiro (à esquerda do quadro) ter dito que o duplo era muito parecido com ele. Fora de foco está Michel Lonsdale como o advogado de Klein.
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Como a história se passa em Paris, em 1942, auge da Ocupação Nazista e do colaboracionismo, ele tem sua vida investigada por um suposto traço judaico em sua família. Enquanto o advogado vai atrás das certidões que comprovam que não há nada de judeu na família de Klein, o próprio se deixa envolver entre os deportados (foto de baixo) porque está cego pela obsessão.
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Obra-prima máxima de Joseph Losey.

domingo, 4 de maio de 2008




Nem acredito que agora tenho esse monumento em casa.

sábado, 3 de maio de 2008

Eu realmente não entendo como cada filme de Woody Allen é submetido a um escrutínio implacável, um bombardeamento intolerante que não é feito quando o filme é de um diretor estreante, ou de quem esperamos menos. Eu mesmo posso ter sido vítima dessa mania, com Match Point e Melinda e Melinda, e talvez ela seja em certos aspectos justa, pois de um diretor que já fez Manhattan e Zelig esperamos sempre algo mais. Mas sinto que há um exagero. Como sempre, entrei na sala armado de uma couraça crítica, pronto para ver onde e como Allen teria falhado desta vez - os filmes dele, mesmo os de que gosto bastante, geralmente têm alguns pontos falhos, detalhes ou seqüências que me desagradam de alguma maneira. Mas não vi nada no novo filme que justificasse a recepção negativa de alguns críticos. O Sonho de Cassandra é certamente o melhor dele desde O Escorpião de Jade. O mais bem construído, o de narrativa mais amarrada, o que tem o final mais classudo. Allen finalmente está usando bem a influência de Claude Chabrol (o dos anos 80, sobretudo), e talvez essa ida à Inglaterra tenha servido para que ele encontrasse esse outro modelo cinematográfico, já que Bergman e Fellini já não estavam servindo mais - o primeiro expurgado com o belíssimo A Outra, o segundo esgotado desde o fracassado Celebridade -, e os modelos literários de sempre (Dostoievsky, Tolstoi, Yeats, Cummings) já não se bastavam. Colin Farrell está perfeito no papel, pois, como o personagem, ele tem sempre aquela cara de "ih, fiz besteira", que vem bem a calhar. Há também uma economia no registro dos acontecimentos, com elipses muito bem feitas, que Allen já vinha realizando com resultados irregulares há algum tempo, e que aqui é aplicada com muito jeito. O legal é que a cada filme realizado por ele na Inglaterra fica claro como ele está se sentindo em casa. O Sonho de Cassandra é melhor que Scoop, que é melhor que Match Point. Mas a comparação mais justa é com Crimes e Pecados mesmo, e é favorável ao novo filme.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Cleópatra, de Júlio Bressane, que estava programado para estrear amanhã, teve sua data remarcada para 23/05. O Nevoeiro (the Mist), de Frank Darabont, que estava previsto para abril, foi transferido para 20/06. Dia 09/05 tem Speed Racer, dos irmãos Wachowsky e O Amor não tem Regras, de George Clooney. Mas Luz Silenciosa, de Carlos Reygadas, foi para dia 16. É a dança das estréias cinematográficas.

Aqui vão algumas outras estréias interessantes das próximas semanas. Claro, se não forem adiadas.

16/05
Bodas de Papel, de André Sturm
O Dragão da maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha
Nossa Vida Não Cabe Num Opala, de Reinaldo Pinheiro
Efeito Dominó, de Roger Donaldson (sim, eu gosto de Sem Saída)
O Tempo e o Lugar, de Eduardo Escorel

22/05
Controle, de Anton Corbjin
Joy Divison, de Grant Lee
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de Spielberg

30/05
Um Crime Americano, de Tommy O'Haver
Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, de Sidney Lumet

06/06
O Retorno, de Rodolfo Nanni

13/06
Cinturão Vermelho, de David Mamet
O Fim dos Tempos, de M.Night Shyamalan
O Incrível Hulk, de Louis Leterrier
Olho de Boi, de Hermanno Penna

20/06
Agente 86, de Peter Segal

27/06
Wall-E, de Andrew Stanton

Fora Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro, e Onde Andará Dulce Veiga?, de Guilherme de Almeida Prado, que não têm data definida.