terça-feira, 13 de maio de 2008

Um post quase esquizofrênico

- A Trilogia das Cores é realmente o ponto mais baixo da filmografia de Krzysztof Kieslowski. O melhor filme, Blanc, é justamente o que mais limita especulações analíticas, por ser o mais direto, econômico, com menos ligações com os outros filmes, o mais dramatúrgico e livre dos perfumes franceses. O pior é disparado Rouge, e é justamente o que mais dá corda para todos os tipos de elocubrações críticas, das mais estruturalistas às mais poéticas. É o que ilustra o post, né. Fazer o quê se o que Irene Jacob tem de má atriz também tem de beleza?

- Homem de Ferro é legalzinho. 90% da responsabilidade é de Robert Downey Jr. Ele faz um herói cafajeste, cínico, e pouco me importa se é fiel ao Tony Stark dos quadrinhos ou não. Jon Favreau fez um bom trabalho deixando espaço para esse ator magnífico brilhar na tela, com direito a uma última cena que garante uma terceira estrela ao filme.

- Irina Palm é o tipo de produto comercial europeu que devia ser ignorado. Mas em vez de trazer um trilhão de coisas melhores disponíveis trazem essa bomba, cujá única curiosidade é ver como Marianne Faithfull está digna num filme indigno dela. Perdi qualquer curiosidade de ver O Tango de Rachevski, do mesmo diretor Sam Garbarski. mas como sou um limpa-vidros incurável, nunca se sabe.

- Banquete do Amor é com a deusa Selma Blair (de Hellboy). Mas ela sai da trama em vinte minutos, depois de algumas poucas cenas memoráveis. Bah. Era o melhor motivo para recomendar o filme. Dirigido pelo mediano Robert Benton, de Kramer vs Kramer e O Indomável, ainda assim é acima da média do que está em circuito. Uma média bem baixa, diga-se de passagem.

- Sábado foi dia de ver o documentário que Paulo Beto fez sobre a mítica loja de música Nuvem Nove. Sim, a loja se foi, talvez para sempre, talvez não. Não tenho condições de ver o filme com olhos críticos, até porque participo do filme, mas me pareceu muito bem editado e pensado, com uma espinha dorsal definida pelas declarações emocionadas do grande amigo José Carlos Damiani. Sim, também fiquei com lágrimas nos olhos. Era inevitável. Disse loja de música porque era reduzir muito falar em mercadorias. Bem, talvez falar em música também seja reduzir, pois o que se encontrava lá era muito mais que isso. Aprendi muito freqüentando, trabalhando, ou simplesmente me inspirando na Nuvem Nove. Era, sim, um estado de espírito.