sábado, 17 de maio de 2008

Sábado Alucinante é o filme mais frágil e irregular entre os que eu vi de Claudio Cunha. Mas é também o mais dúbio. Há uma tristeza por trás daquele desbunde da Disco - o que é óbvio desde a sonoridade do estilo, festeiro em excesso para encobrir neuroses e frustrações (nos EUA, a derrota no Vietnã, no Brasil, o prosseguimento do regime militar). O paradigma perfeito é Sandra Brea, destaque na pista da dança, solitária no apartamento de luxo. Dancing Days, a novela de Gilberto Braga, era mais ousada - tinha até sugestão de consumo de drogas. Mas Sábado Alucinante tem uma face nebulosa bem marcante.

Mas o problema com Sábado Alucinante é sua irregularidade. Existem momentos muito interessantes, como os meninos invadindo a discoteque e descobrindo aquele mundo delirante, ou a sedução do escritor coroa pela Baby, que dança muito engraçado, ou Maurício do Valle e a aceitação de uma descoberta, "Esta é a era que já era, a era dos super-heróis" (lembrando o último suspiro da banda Lee Jackson). Mas existem também algumas bobeiras, como nos filmes seguintes de Cunha: o comportamento da turma de moderninhos, o tratamento dispensado pelos clientes da discoteque para o garçon idoso, a alternância entre os muitos adultérios. Os filmes seguintes de Cunha também são cheios de gorduras, mas elas não me incomodam tanto.

Os filmes vistos de Claudio Cunha:

Snuff - Vítimas do Prazer (1977) * * * *
Amada Amante (1978) * * * *
Sábado Alucinante (1979) * * *
Gosto do Pecado (1980) * * *
Profissão: Mulher (1982) * * *
Oh, Rebuceteio! (1984) * * *