Revisão de Gabbeh, onze anos e meio depois. Quando vi o filme na Mostra SP de 1996, lembro que comentei com uma amiga que tinha adorado que ele era oco, chato e oportunista - obviamente eu estava pensando no sucesso que os filmes iranianos faziam no ocidente, e em especial na Mostra do Cakoff. Nesta semana passei o filme inteiro martelando: pô, mas isso tem tudo a ver com A Cor da Romã, do Paradjanov. E curti a experiência sensorial do filme. Depois descobri que o diretor Makhmalbaf pai assumiu a influência de Paradjanov, e que a referência está até na Trivia do imdb. E eu que pensava estar sendo original. Mas uma coisa é certa, e me faz estranhar ainda mais o fato de não ter gostado na época. Tem umas duas ou três imagens que remetem a Avetik, de Don Askarian, discípulo e ex-assistente de direção de... vejam só... Paradjanov. O que é mais grave, pois Avetik passou na Mostra SP de 1994, e em 1996 eu nem reparei a semelhança. A revisão de A Maçã, filme de Makhmalbaf filha (Samira tinha 18 anos quando o dirigiu), também foi favorável, ainda que sobrem algumas gordurinhas, e uma vontade de ser poético além da conta. Mohsen não fez nada de bom depois de Gabbeh (Um Instante de Inocência, filmado antes, foi lançado também em 1996). Samira fez O Quadro Negro, que é bem interessante, e o soporífero Às Cinco da Tarde, que, no entanto, é melhor que qualquer trabalho do pai nos últimos anos.
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