terça-feira, 14 de junho de 2005

Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), de Edgar Wright, caminha na corda bamba até um terço do filme. Há qualquer coisa de interesse na maneira como o diretor pretende criticar a sociedade inglesa, e especificamente a londrina, mostrando todos como zumbis desde o começo do filme. Nas primeiras cenas pós-crédito o protagonista Shaun se depara com coisas estranhas a seu redor, no que seria uma interessante maneira de apresentar o terror sem abrir mão de uma construção de personagem que justifique a crítica social. Conforme os zumbis (os mortos-vivos mesmo, não os zumbis da sociedade) vão se multiplicando, Shaun passa a não perceber mais que o ambiente que o cerca definitivamente está muito estranho. O filme também vai perdendo o interesse, talvez porque esse personagem não seja bem construído, abandonando de vez a possibilidade crítica para se concentrar em cansativas brincadeiras com o cinema do gênero e com a música pop. Apenas o "kill the queen", referindo-se à música do queen que toca na jukebox, mas entendido como um "matar a rainha da inglaterra", garante boas risadas. O final também tem seu charme, com os zumbis sendo domesticados como mascotes (referência óbvia ao Dia dos Mortos de Romero), mas não redime o filme de ser apenas uma inconsequência raramente divertida.