A Garota da Motocicleta é um filme de culto para cinquentões (ou quase) que gostavam de rock no final dos anos 60, mais precisamente no adorável ano de 1968. Jack Cardiff tinha bela reputação como diretor de fotografia, tendo trabalhado em filmaços como Sob o Signo de Capricórnio, A Condessa Descalça e Sapatinhos Vermelhos. Na direção, derrapa feio com um filme que parece ter vergonha de ser o que é. O final, que provavelmente já existia no livro no qual o roteiro se baseou (e que podia ter sido alterado), é de uma estupidez gritante. Lars Von Trier preza a felicidade de suas personagens perto de Jack Cardiff. Bizarro o costume de disfarçar as cenas de sexo com efeitos bem ridículos de cromatismo duvidoso (Marianne Faithful avermelhada, com cabelos azulados). Até Roger Corman ficou envergonhado de usá-los em The Trip, e usou com muito mais economia. Ela, por sinal, com aquela beleza estranha e cativante, está muito mal dirigida. Que ela é má atriz todos já sabiam, mas custava pedir pra deixar as caras e bocas de lado? Coisa mais ridícula. Pode passar como uma versão feminista de Easy Rider, mas não gosto muito dessas comparações. Auto-descoberta através da exploração dos próprios traumas (Alain Delon sendo o maior deles). Poderia até ser um filme charmoso. Mas Cardiff, de quem também vi o desastroso Estranhas Mutações (desastroso na nota, mas não lembro de coisa alguma do filme), não era o diretor indicado a fazê-lo.
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