quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

O Expresso Polar – Robert Zemeckis (2004) *

Não se trata de um mau filme. Mas dá raiva a opção pela pieguice, que estraga o que era belo por si só, sem a necessidade de uma trilha choramingas (e que talvez provoque o inverso ao pretendido) e de soluções reducionistas como a da narração final que diz que o importante é acreditar. Muito piegas. E o filme até tem momentos belos, como a folha sendo acompanhada pela câmera (ou...uma emulação do movimento da câmera, que seja), ou vários trechos do percurso do expresso. Quando chega no Polo Norte, ainda alguns momentos bons de tensão, para depois voltar à breguice desavergonhada. Zemeckis já soube controlar melhor esse pendor sentimentalóide. Pelo menos a onipresença de Tom Hanks (mais ou menos sensível) não incomoda, o que é um trunfo. Há pouco no filme que justifique o fato de ser uma animação: lembro principalmente da geleira, e de alguns momentos em que o trem ameaça descarrilhar. Claro que sairia muito mais caro, e me parece que economia não foi um motivo central no projeto, mas poderíamos ter um belo filme de natal com pessoas. Talvez até o sentimentalismo fosse suavizado. Afinal, o rosto humano ainda é mais apto às sutilezas da emoção do que o mais desenvolvido dos computadores.