One False Move (1991) - Carl Franklin * * * *
Pequena obra-prima que se insinua noir, e tem mesmo elementos do gênero, mas vai em direção oposta. Um brilhante ensaio sobre o desejo como algo norteador de toda a vida. caminhos que se tomam e nos tornam prisioneiros de um destino inglório. Um belo roteiro de Thornton, antes de virar xodó. Só o preconceito racial, quando explicitado, poderia ter um tratamento melhor, mas nada que comprometa a estrutura humanista do filme. Que aliás, fala de tantas coisas, sugere tantos caminhos, que fica difícil não acompanhar o diretor Franklin, mesmo depois do insatisfatório Out of Time (esqueci o nome em português). No começo, parece que a interpretação de Bill Paxton vai incomodar, mas depois terminamos achando-a muito boa, com seu jeitão caipira do Arkansas. E o plano final é um dos mais belos que vi nos últimos anos. Digno do melhor Eastwood. Ainda retomei contato com a música de Pete Haycock, líder de uma banda muito boa dos 60/70 chamada Climax Blues Band. A trilha, na maior parte composta por ele em seu modesto estúdio caseiro, é muito bonita. Acentua o clima de desolação, em contraposição à vida maluca de L.A.. Contraposição, aliás, muito bem explorada no desejo de Paxton de ser um policial de verdade, já que em sua pacata cidade ele nem precisava usar sua arma. Ajudando os tiras da California, ele se sentiria mais útil à sociedade, mais herói americano. Filme de sensações, antes de qualquer coisa.
sábado, 21 de agosto de 2004
Postado por Sérgio Alpendre às 10:42
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