Filmes que valem (ou não) um comentário:
Donnie Darko
Caí feito um patinho na picaretagem do estreante Richard Kelly. Filme com diversos momentos muito bons, principalmente pela capacidade do diretor de criar abstrações, como a do clipe logo no começo, e algumas coisas mal trabalhadas também, no romance com a esquisitinha e nas cenas do colégio. Nem sei se Jake é um bom ator, me parece que depende muito do papel e do diretor, mas neste filme ele convence, e muito. O clima de suspense criado em cima de Harvey, ops...Frank, o amigo imaginário é eficiente e o filme peca um pouco pela crença inflexível no destino. É meio como se todo o filme girasse em falso, pois é construído sobre uma hipótese descabida. Mas me engana que eu gosto. Fora que na trilha tem uma excelente versão para "Mad World", excelente canção do primeiro e genial disco dos Tears For Fears. Kelly é um diretor a se acompanhar.
Sexta-Feira Muito Louca
Mais um nome a ser seguido é o do diretor Mark Waters, cujo Meninas Malvadas pode ser tudo, menos desinteressante. Seu cinema sonha com a compreensão, com a aceitação de uma pessoa totalelmente diferente de você, e a partir dessa aceitação, com a mudança de si mesmo pela capacidade de aprender com as diferenças. Meninas Malvadas é mais bem acabado, mas aqui já se ficava clara essa preocupação humanista, antes de qualquer intenção de provocar o riso. Que vem, menos pelas gags do que por uma identificação meio envergonhada do absurdo que é nossa mente.
Olga
Disse no blog do Peerre que não ia mais escrever sobre o filme, pois o texto dele tá muito bom, assim como o do Werneck para a Contracampo, mas de uma maneira diferente. Pena que Monjardim, quando tem uma idéia razoável (copiar Scorsese e Fassbinder), o faz mal e porcamente. Alguém lembra de seus jogos com reflexos, que ficam até bonitos, mas são estragados por um corte hediondo; ou com a banalização do close, algo que não é exclusivo da TV, mas deve ser usado com parcimônia, ou ter uma proposta construída para isso (Cabo do Medo, de onde ele tirou os efeitos com o foco – além de Vivendo no Limite, no caso do efeito das bolas coloridas).
Eu, Robô
Um bom filme, principalmente da metade pro fim. Com um plano final de assustar, como há muito não se fazia. Sonny é especialmente fotogênico, e isso é um mérito evidente. Piscadelas a parte.
A Mocidade de Lincoln
Grande filme. Não é excessivamente reverente como eu havia percebido na primeira vez em que o vi. Filme que valoriza o contraplano de uma maneira absurda, que devia servir de lição para os Monjardins da vida.
quarta-feira, 25 de agosto de 2004
Postado por Sérgio Alpendre às 16:43
|