terça-feira, 8 de maio de 2007


A primeira vez que vi Cartola, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, foi sonado, em Tiradentes, no dia em que havia chegado à cidade. Tive a certeza de que não estava nem com 20% da concentração, o que me fez querer rever o filme quando ele estreasse em circuito. Semana passada, no mesmo dia da última sessão comodoro, revi o filme no Espaço Unibanco, e percebi várias coisas que não havia percebido na primeira vez. Que existem dois filmes, um antes e outro depois da entrada no túnel; que os comentários com imagens de filmes brasileiros obedecem a um crescendo que dá ao filme um ritmo perfeito; que pouco se fala de coisas óbvias e sempre presentes em hagiografias desse tipo (o nariz, o motivo do apelido, a discografia). Quem não conhece a carreira do músico não tem a noção de que ele só gravou quatro discos, e o primeiro foi já com 65 anos. Mas essa ausência de certo didatismo, por incrível que pareça, favorece o clima adotado pelo filme. Revi hoje, na última sessão, para acompanhar o meu irmão, fã de velha guarda e de Noel Rosa, e o filme finalmente bateu. Todas as minhas impressões foram confirmadas, mas apenas hoje eu achei seu andamento perfeito, sua montagem brilhante, e a maneira como as músicas são inseridas fundamentais para que se saia do filme mais leve. Segundo meu irmão, foi uma violação dos sentidos, e devo dizer que concordo com ele. Cada vez mais o filme me parece, senão à altura do gênio do compositor (o que seria impossível), bem digno de levar seu nome.
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Começou hoje a parceria da Paisà com a REA, Revista Espaço Acadêmico. A revista é editada por Antonio Ozaí da Silva, e conta com excelentes textos sobre diversos assuntos.
A página merece visitação constante, e o texto inicial é o que saiu na edição impressa da Paisà #8, de autoria de Juliano Tosi: um ensaio sobre o genial diretor Ozualdo Candeias.