Mel Gibson quis dar mais autenticidade a seus nativos em Apocalypto, fazendo os atores falar na língua arcaica dos maias. No entanto, esqueceu a autenticidade na hora de se abrir à narrativa, e fez com que seus personagens agissem como norte americanos vivendo aventuras em florestas perigosas, nos dias de hoje. Eles brincam uns com os outros como se fossem colegiais de suburbio dos EUA. Até a maneira de lidar com necessidades básicas como alimentação, sexo e sono é a mesma de um americano médio. A sensação de que tudo é fake, e além de fake, de um profundo mau gosto estético, é irritante. Apocalypto se assemelha a uma aventura feita para a TV, com diretores dirigindo o tempo todo no piloto automático. Só assim se explica a profusão de planos e contraplanos grosseiros, e demovimentos de câmera grandiloqüentes e inúteis. Paixão de Cristo, com todos os seus problemas, se parecia com um filme, algo que Apocalypto não consegue ser.
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