terça-feira, 6 de julho de 2004

Monster - Patty Jenkins (2003) 0

Tirado da crítica de Inácio Araújo, na Folha:

"Contudo a louvável preocupação em tornar compreensível o caminho que leva Aileen a se tornar um monstro não impede o filme de ser aborrecido, de se entregar às convenções do filme independente, de se deleitar com a performance de Theron, premiada com o Oscar e dotada desse tipo de exagero que consiste em não só representar bem um papel, como em deixar claro que o faz. Um estilo bem diferente, no mais, do da precisa Christina Ricci."

Tem mais este trecho, da crítica de Cleber Eduardo para a Contracampo:

"Visualmente, impera a pobreza. O único refresco é uma outra fusão de imagens, algo típico de quem arma o plano de forma burocrática e, na hora de montar, lança mão de expedientes para distrair os olhos. Teríamos para enchê-los, ou perturbá-los, o caso de Charlize Theron, premiada com o Oscar. Atriz de evidentes encantos, foi enfeiada para o filme: ganhou uns quilos e perdeu a sobrancelha. Cabe um comentário que, nos levando a sair parcialmente do filme, questiona citérios de avaliações, mas apenas para voltar ao filme. Parece nítido que a transformação física, e nada além dela, foi suficiente para garantir o Oscar. Os eleitores da Academia de Hollywood, afinal, são devotos dessa mutação visual. Bom ator para eles é aquele que, em nome da arte e do profissionalismo (mais do profissionalismo que propriamente da arte), coloca a vaidade no estômago. Basta engordar ou emagrecer, carregar o rosto de maquiagem (ou dispensá-la) para enfeiá-lo, para perder o glamour. Esqueçamos quem é Charlize, sua beleza fora do papel, sua mudança de aparência. Não sobra nada. Na verdade, sobra: gestos caricatos, pose postiça de mulher máscula, falta de verdade. Vemos o esforço da interpretação sem que esse processo seja auto-referencial. É limite mesmo."

Assino embaixo.