segunda-feira, 5 de julho de 2004

Brève Traversée (2001) Catherine Breillat * * *
É o melhor filme de Breillat. Melhor ainda que 36 Fillette. Brève Traversée não precisa de afetações, nem de choques inconsequentes. A iniciação sexual de um garoto de 16 anos é filmada pela diretora com ênfase nos olhares. Quem achou que o grande trunfo de Mel Gibson em sua paixão era a atenção e o valor dados aos olhares deveria ver este filme. Uma seqüência exemplifica muito bem o cinema da diretora, quando em seu melhor: no bar, o casal flerta durante uma apresentação de um mágico. Um busca o olhar do outro, e as primeiras carícias acontecem. Mais tarde, um outro grande momento, a primeira noite de amor. Breillat diz na entrevista que acompanha o filme no DVD que queria captar a primeira vez que o rapaz tira a roupa, o momento anterior à sua perda de virgindade, com o corpo trêmulo e a hesitação. Muito bonito. Devo mencionar, com destaque, a brilhante atuação da pouco vista (pelo menos é o que informa o IMDB) Sarah Pratt, que com seu olhar gélido e hipnotizante contribui para muito do sucesso do filme em captar tudo que se propõe. Breillat é uma mulher inteligente. Seria fácil catalogá-la como feminista, mas seria equivocado. Breillat é uma astuta observadora dos costumes masculinos, e sabe o quanto a mulher representa nesse universo.