sábado, 17 de março de 2007



















É uma pena que a cópia esteja capenga. Le Départ, de Jerzy Skolimowski, está longe de ser um filme perfeito. É um filme quebrado, que ora se alonga desnecessariamente, ora tem seu ritmo quebrado em um ponto problemático (e nisso ele é muito mais radical que os primeiros de Godard) - não que isso seja um problema, mas no caso de Le Départ, parece nos afastar de algo que ele pretendia. Mas nas passagens em que Skolimowski declara seu amor a Catherine Duport (que surpreendentemente, aparece pouco, mas de maneira decisiva), por meio de Jean Pierre Léaud, geralmente estamos muito próximos da obra-prima. A seqüência em que o carro separado ao meio gira, com cada um deles de um lado, é de um primor absurdo. Uma cena que fica na memória por muito tempo, e diz muito sobre sonhos, ilusões, esperanças, mas também sobre falta de interação, imaturidade, irresponsabilidade. Ao final, Léaud consegue finalmente se transformar em um homem, deixa de ser moleque. Se é que um homem deixa de ser moleque algum dia. Acho que nunca, a não ser que seu lado humano tenha sido tragado por corporações e gravatas.